Por Ricardo Seelig
O Marco Antônio Mallagoli há muito tempo ultrapassou todo e qualquer limite que um colecionador possa ter. Reunindo material dos Beatles desde a década de 1960, transformou-se não só em um dos maiores colecionadores do Fab Four, como também um dos mais respeitados em todo o mundo. Resumindo: o cara é uma lenda.
À frente do seu fã-clube, o tradicional Revolution, Mallagoli divulga apaixonadamente a obra de Paul McCartney, John Lennon, George Harrison e Ringo Starr. Além disso, viaja o Brasil expondo um pedaço do seu acervo, deixando todos literalmente babando. Para saber mais sobre a coleção do Marco, leia essa entrevista que fiz com ele em junho de 2006 para o Whiplash.
Mas o assunto aqui é outro. Em meados dos anos 80 o Marco desenvolveu para a (infelizmente hoje extinta) revista Somtrês um espetacular guia sobre a obra dos Beatles, direcionado a todos os colecionadores do grupo aqui no Brasil. "Beatles Documento" é um tratato de 64 páginas onde Mallagoli conta inúmeras e curiosas histórias sobre a banda que mudou o rumo da música pop, desde a sua biografia até causos de bastidores, incluindo a versão definitiva sobre o porque de o grupo ter se separado.
Mas o filé de "Beatles Documento" está na dissecação completíssima que Marco aplica nas discografias inglesa, americana e brasileira dos Beatles, listando praticamente todos os itens lançados pela banda até a metade da década de 1980. Vale lembrar que naquele tempo o projeto "Anthology", que rendeu três CDs duplos com sobras de estúdio e gravações raras dos Beatles, não existia nem ao menos no papel, o que torna o trabalho de Mallagoli ainda mais impressionante. Ainda há uma enorme lista de bootlegs, todos, é claro, minimamente detalhados por Marco Mallagoli, resultando em um documento mais do que completo sobre os Beatles.
Tenho a minha cópia da época, quando não passava de um garoto que dava seus primeiros passos no rock e devorava tudo que encontrava sobre música (hábito que mantenho até hoje, diga-se de passagem). Infelizmente a Somtrês saiu de circulação no início dos anos noventa, deixando um vácuo no mercado editorial brasileiro, mas, com sorte e garimpando bastante, é possível encontrar não só esse "Beatles Documento" como várias edições da revista (incluindo seus clássicos super posteres, que decoraram o quarto de muito adolescente daquela década) nos sebos e em sites de compra e venda de material usado, como o Mercado Livre.
Se você achar essa revista, compre na hora, porque ela apresenta uma análise estupenda sobre a obra dos Beatles, escrita por um dos caras que mais entende do assunto em todo o mundo. Leitura mais do que obrigatória.
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