On the Road: Dave Matthews Band - US Tour 2008 - Parte 2



Por Rodrigo Simas
Jornalista
DMBrasil

Acordamos, pegamos o avião para Dallas e fomos direto para o hotel. Era o tempo de descansar umas 2 ou 3 horas e partir para o show no Superpages Center, que era em um bairro um pouco afastado da cidade, em uma área meio estranha – e por pouco quase nos perdemos. Dallas lembra bastante Houston, e parecíamos estar na mesma cidade. Infelizmente não tivemos tempo de conhecer muitas coisas, mas nada nos chamou muita atenção.

Retiramos novamente nossos ingressos e – mesmo antes de abrirem os portões – entramos no anfiteatro com nossos passes. Essa era sempre a melhor hora para ver todas as bancas de merchandise da banda – ainda sem público podíamos ver com calma todas as peças. Não gostei tanto das camisetas esse ano, mas os pôsteres estavam impressionantes. Feitos em quantidades limitadas, cada show tem seu respectivo pôster, assinado pelo artista que fez a ilustração e numerado. Item de colecionador mesmo: logicamente fomos “obrigados” a comprar todos. Sempre acabo gastando uma grana com essas coisas e no último dia alguém da equipe da DMB me pede pra fazer uma lista com tudo que eu quero – esse ano fui com a cabeça para não comprar nada antes e esperar o momento certo para pedir as coisas, mas esses pôsteres tinham que ser comprados ali, na hora.

Entramos no backstage e, como sempre, tentamos ir para o lounge pegar algumas garrafas d’água, mas ele estava fechado, já que mais tarde iria acontecer um “meet & greet” de alguns fãs sorteados. Encontramos novamente Stefan, que veio empolgadíssimo perguntar sobre o Brasil, sobre as melhores praias para surfar e sobre o que poderíamos organizar para fazer por aqui.

Luís Eduardo, que também é amigo pessoal do Carter, estava presente nesse show e nós dois fomos avisados que o baterista iria nos receber em seu ônibus naquela tarde, como prometido. Tínhamos alguns presentes e muitas novidades para contar. Carter, como sempre, foi extremamente receptivo, sempre com um sorriso gigante no rosto, e só saímos do ônibus quando o tour manager veio dizer que já era hora do show.


Eu e a Nathalie (Colas, da equipe DMBrasil) estavámos escalados como fotógrafos para esse show e eu estava ansioso para ver como ficariam as fotos. Foi emocionante ver a DMB entrando no palco do lugar dos fotógrafos e receber acenos de todos quando me viam ali colado no palco. A banda estava realmente empolgada nessa noite. "Halloween" foi uma surpresa (nem estava no set list), "Eh Hee" com Tim empunhando sua guitarra Flying V (é uma das poucas músicas que tem um clipe específico projetado nos telões), "Lover Lay Down" e o final empolgante com "Sledghammer" e "Two Step" valeram cada segundo da apresentação. Depois de dar tchau para todos que esbarramos na saída, fomos para o hotel aliviados e felizes por mais um dia memorável.

Mais uma vez era hora de dormir, acordar e viajar – dessa vez para Los Angeles. Nessa hora a constante troca de hotéis já começa a cansar. LA é uma cidade imensa. Meio decepcionante – pelo menos para mim. Esperava muito mais do que encontrei. Suja, feia e com aparência pobre, nem as famosas praias como Venice e Malibu são tão bonitas como dizem. Tudo bem que é bastante surreal ir em Hollywood e ver tudo aquilo que sempre vemos na TV, mas não dá para mentir e deixar de sentir a decadência da cidade. O trânsito meio caótico também não ajuda – mas nosso hotel era perto do grande Staples Center e chegamos lá para o nosso terceiro show da viagem, esperançosos para mais uma noite inesquecível. E foi mesmo, mas não da melhor maneira possível.


Entramos, e como tinha que resolver alguns assuntos pendentes sobre a turnê brasileira, fui falar com um dos managers da banda, que me avisou que não era um bom dia. Senti o clima pesado, mas não sabia o que estava acontecendo. Sabia que ali era um lugar complicado para falar com a banda: muitos amigos, muitos convidados, imprensa, “tudo junto ao mesmo tempo agora”. Encontrei Daryl, que falou comigo normalmente. Senti apenas Dave Matthews um pouco estranho, com a cara inchada e olhos vermelhos – veio até mim, deu um abraço e saiu para cumprir suas obrigações.

Nos posicionamos em nossos lugares. O estádio, realmente gigantesco (é comparado sempre ao Madison Square Garden), estava lotado (pelo menos parecia) e a energia antes da banda subir no palco era contagiante. Os primeiros acordes de "Bartender" foram arrepiantes e eu nunca tinha visto uma versão tão emocionante. A música acabou, o Staples Center veio abaixo. Dave chegou perto do microfone e disse o que o mundo agora já sabe. LeRoi Moore estava morto. Minha noite havia terminado naquele momento e tudo o que aconteceu até o dia seguinte prefiro guardar para mim, por respeito a banda e ao próprio LeRoi.

Comentários

  1. Simas: texto excelente, como sempre, e emocionante, como poucos. Parabéns.

    ResponderExcluir
  2. Concordo Marcello. Os textos do Simas são muito bons mesmo. E ainda tem muito mais vindo por aí. Abração.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Você pode, e deve, manifestar a sua opinião nos comentários. O debate com os leitores, a troca de ideias entre quem escreve e lê, é que torna o nosso trabalho gratificante e recompensador. Porém, assim como respeitamos opiniões diferentes, é vital que você respeite os pensamentos diferentes dos seus.