The Who with London Symphony Orchestra -Tommy (1972)


Por Gustavo Guideroli
Colecionador

A saída da infância e entrada na adolescência é sempre um período muito complicado na vida das pessoas. Nessa época da minha vida, lá pelos meus 11/12 anos, eu estabeleci duas metas que levaria comigo pelo resto da minha vida:

1° - Encontrar alguma maneira de emagrecer;
2° - Tentar, de todas as maneiras, conhecer e aprender sobre as bandas de rock, metal e subgêneros das quais eu era (e sou) fã.

Se por um lado eu nunca me dediquei como deveria ao primeiro, por outro concentrei todas as minhas forças no segundo.

Como todos neste blog, eu também sempre fui destas pessoas que ficam horas e horas dentro de lojas de discos procurando e conhecendo sobre esse mundo maravilhoso do qual fazemos parte. Foi numa bela tarde de sol, depois de economizar vários dias o dinheiro do lanche, que eu, meu irmão e mais alguns amigos saímos da escola e fomos para a única loja especializada em rock e metal da nossa cidade naquela época.

Ao chegarmos, me deparei com um vinil duplo que vinha em um box com uma bola de pinball na capa. Por dentro, uma bela capa dupla que, ao abrir, se transformava em uma mesa de pinball em alto relevo. E, dentro da capa dupla, o vinil protegido por mais uma capa de papel bem fino e em tom prateado. Era nada mais nada menos do que o álbum “Tommy” do The Who, gravado ao lado da Orquestra Sinfônica de Londres, e ainda por cima importado...

Mesmo sabendo que minhas economias não iriam nem chegar perto do valor do disco, tomei coragem e perguntei para o vendedor:

- Quanto custa este “Tommy” do The Who?

E ele:

- Um real, porque ele esta com um pequeno quebradinho aqui no começo da primeira música.


É claro que eu nem liguei pro tal quebradinho. Comprei o álbum e fui correndo pra casa. Essa foi a primeira vez que escutei o disco inteiro em toda minha vida. E devo dizer que, a partir daí, o Who sempre foi mais do que uma banda para mim. Ouvindo todas as canções, que além da participação do grupo continham artistas convidados e a Orquestra Sinfônica de Londres, percebi quer as composições haviam sido elevadas a um nível extraordinário. Todas as letras do disco sempre me pareceram conter algo mais, como orações no meio das músicas.

Algumas faixas, como “I’m Free” e “Sensation” ficaram com uma cara ainda mais apoteótica com a participação da orquestra. A impressão é que a única coisa que importa no mundo é a história do garoto cego, surdo e mudo que arrasta legiões de pessoas para assistir a seus jogos de pinball.

A participação da Sinfônica de Londres fez com que a obra do The Who ficasse ainda mais messiânica do que a original. Os artistas convidados que interpretam os personagem aqui são outros, diferentes da versão do filme que a maioria das pessoas conhece. Por exemplo: em “Pinball Wizard” quem aparece é um ainda jovem Rod Stewart. Steve Winwood também comparece em várias faixas, e uma participação mais que especial é a de Ringo Starr em “Tommy’s Holiday Camp”.

O álbum foi produzido por Lou Reizner e lançado em 1972. Entre todas as versões de “Tommy” lançadas até hoje (e não são poucas), essa continua sendo a minha preferida. O tal quebradinho não fez diferença alguma para mim!

Não sei se pelo impacto da descoberta ou pelo álbum em si, mas posso dizer que até hoje a sensação de ouvi-lo continua a mesa: maravilhosa!

Participações especiais:

Orquestra Sinfônica de Londres
Narrator: Pete Townshend
Nurse: Sandy Denny
Lover: Graham Bell
Father:Steve Winwood
Mother: Maggie Bell
Hawker: Richie Havens
Acid Queen: Merry Clayton
Tommy: Roger Daltrey
Cousin Kevin: John Entwistle
Uncle Ernie: Ringo Starr
Local Lad: Rod Stewart
Doctor: Richard Harris

Faixas

Lado 1
Overture
Its a Boy
1921
Amazing Journey
Sparks
Eyesight to the Blind
Christmas

Lado 2
Cousin Kevin
The Acid Queen
Underture
Do You Think It’s Alright
Fiddle About
Pinball Wizard

Lado 3
There’s a Doctor I’ve Found
Go to the Mirror Boy
Tommy Can You Her Me?
Smash the Mirror
I’m Free
Miracle Cure
Sensation

Lado 4
Sally Simpson
Welcome
Tommy’s Holiday Camp
We’re Not Gonna Take It


Comentários

  1. Realmente, um real é um presentão por esse material todo. Eu tenho o CD, que vem pelado. Você poderia comprar o CD (que é um só, cabe tudo ali) e teria o melhor de dois mundos: a música sem chiados e os encartes do vinil.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Emilio, tudo bem.
      Procuro esta raridade da versão Tommy adaptado pela Orquastra Sinfônica de Londres.
      Vc poderia me indicar como adquirir?
      Obrigado

      Excluir
  2. É verdade, Emílio. Esse é o caso típico de um item onde a versão em vinil sai ganhando, pela riqueza gráfica do material. Abração.

    ResponderExcluir
  3. "Tommy" é a melhor opera-rock que conheço.Marcou bem aquela época de transição que vivia o rock...

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Você pode, e deve, manifestar a sua opinião nos comentários. O debate com os leitores, a troca de ideias entre quem escreve e lê, é que torna o nosso trabalho gratificante e recompensador. Porém, assim como respeitamos opiniões diferentes, é vital que você respeite os pensamentos diferentes dos seus.