Rafael Carnovale resenha "Black Ice" do AC/DC com exclusividade para a Collector´s


Eu admiro muito o trabalho do Rafael Carnovale. Somos colegas de Whiplash há anos, e nossas opiniões são parecidas sobre vários assuntos. Vai ver esse seja o motivo de sermos, ele e eu, tão odiados pelos frequentadores dos fóruns do Whip, que não cansam de usar a criatividade para criar elogios para nós, mas isso é assunto para outro dia.

O novo disco do AC/DC, "Black Ice", animou os fãs da banda em todo o mundo, e nada melhor do que um cara como o Carnovale, com um senso crítico apurado e dono de um texto repleto de personalidade, para escrever sobre o álbum. E mais: essa resenha é exclusiva aqui da Collector´s. 

Por Rafael Carnovale
Colecionador e Crítico Musical
Whiplash

Nota: 8

O melhor trabalho desde "Back in Black"? Definitivamente não é ...

A melhor coisa desde "For Those About to Rock ... We Salute You"? Não é mesmo ...

Quando muito este CD é superior a "Ballbreaker" e "Stiff Upper Lip".

Então fica a pergunta: o que faz este trabalho novo do AC/DC (o primeiro em oito anos) ser tão legal e tão comemorado pelos fãs?  Vamos responder juntamente com um breve comentário sobre este CD.Primeiramente devemos dizer que este hiato de oito anos fez com que os irmãos Young trouxessem pelo menos quinze músicas para o trabalho, e a maioria bem acima da média. Duvida? Escute a abertura com "Rock and Roll Train": guitarras explodindo com vigor, o vocal de Brian Johnson ecoando com gosto e alegria e uma cozinha competentíssima. 

Logo depois somos brindados com dois petardos focados no blues: "Skies on Fire" e "Big Jack". Este é o AC/DC tentando soar como se estivéssemos em 1978. Mas como já passamos do novo milênio sobra espaço para duas cacetadas: a mágica "Anything Goes" e a ótima "War Machine", candidatas ao seleto grupo de músicas do AC/DC que você deve ouvir antes de morrer (curiosidade: nos anos 90 só "Thunderstruck" e "Hard as a Rock" obtiveram esse privilégio).

O grande problema de "Black Ice" é o excesso de faixas. Apesar de boas, em alguns momentos sua audição soa como se Angus e Malcolm Young estivessem compondo sem pelo menos uma seleção mais apurada. Isto faz com que "Smash ´N Grab", "Wheels", "Decibel" e "Money Made" sejam apenas razoáveis, ocupando espaço desnecessariamente. Mas o AC/DC ainda é aquela banda que faz abrir sorrisos, e a lenta "Rock and Roll Dream" e a rockeira "Rocking All the Way" compensam todo o tempo perdido com uma banda inspirada, que detona nossos ouvidos e faz com que a audição deste trabalho seja altamente prazerosa.

Some a tudo isso a ótima fase do vocalista Brian Johnson, a cozinha simples, mas correta, precisa e certeira de Cliff Williams e Phil Rudd e a produção redondinha de Brendan O´Brien como pontos positivos, e o resultado é um trabalho acima da média, com mais acertos do que erros, e isso em se tratando de uma banda com mais de trinta anos de carreira é algo para se louvar.



Faixas:
1. Rock N Roll Train - 4:22
2. Skies on Fire - 3:34
3. Big Jack - 3:57
4. Anything Goes - 3:22
5. War Machine - 3:10
6. Smash N Grab - 4:06
7. Spoilin' for a Fight - 3:17
8. Wheels - 3:28
9. Decibel - 3:34
10. Stormy May Day - 3:10
11. She Likes Rock N Roll - 3:53
12. Money Made - 4:15
13. Rock N Roll Dream - 4:41
14. Rocking all the Way - 3:22
15. Black Ice - 3:25


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