A Lesson in Thrash - Parte I - Os Discos Essenciais do Thrash Metal


Por Luiz Fernando M. Fustini
Colecionador

Metallica – Kill ´em All (1983)

Confesso que eu tentei tirar dessa lista todas as bandas bastante conhecidas pelo público, mas cheguei a uma simples conclusão: não existe início de conversa sobre Thrash Metal sem citar essa bolachinha aqui. Considerado o marco zero do thrash Metal junto ao “Show No Mercy” do Slayer, também de 1983, o que temos aqui é uma aula de sujeira e velocidade, com nítidas influências de Motörhead e Diamond Head. Este sempre será meu álbum preferido não só do Metallica, mas do estilo como um todo, simplesmente inigualável.

Destaques: "Hit the Lights", "Whiplash", "Phantom Lord", "Metal Militia", "The Four Horsemen", "No Remorse", "Seek and Destroy".

Exodus – Fabulous Disaster (1989)

Após o tremendo clássico “Bonded by Blood” (1985), um dos pilares do estilo, o Exodus trocou de vocalista (saiu o já falecido Paul Baloff – R.I.P. – para a entrada de Steve “Zetro” Souza) e lançou “Pleasures of the Flesh” (1987), que embora seja um puta disco, não foi tão bem recebido assim, tanto pela crítica como pelo público. 

Diante disso, Gary Holt e companhia se ligaram e lançaram em 1989 este que, para muitos fãs (eu incluso), é o melhor álbum do Exodus, com letras políticas e sociais, ao contrário da antiga temática “look how evil we are!” dos discos anteriores. O clipe de “Toxic Waltz” é bem famoso e foi bastante exibido no programa Fúria Metal de Gastão Moreira, da atual “eMoTV”. Ah, aqui temos também um excelente cover para “Overdose” do AC/DC, onde o vocalista Steve Souza mostra o motivo pelo qual é considerado o Bon Scott do thrash!

Destaques: "The Last Act of Defiance", "Toxic Waltz", "Verbal Razors", "Corruption", "Cajun Hell".

Coroner – Punishment for Decadence (1987)

Diretamente da Suíça surgiu este que é considerado um dos power trios mais técnicos da história do estilo. O interessante é saber que os membros do Coroner eram roadies de ninguém menos que os conterrâneos do Celtic Frost – inclusive a primeira demo tape do grupo (“Death Cult” de 1985) conta com Tom G. Warrior no vocal.

Considerado um grupo precursor do chamado death metal, mas muito mais do que isso, o Coroner só evoluiu disco a disco, com letras inteligentíssimas, culminando inclusive em influências industriais à la Ministry no último disco de inéditas, “Grin”, de 1993. Este “Punishment for Decadence” é o segundo do grupo, um dos melhores ao lado de “No More Color” (1989) e “Mental Vortex” (obra-prima, 1991). Aqui temos um cover muito legal de “Purple Haze”, clássico imortal de Mr. Hendrix.

Enfim, um grupo que tinha muito a dizer e uma qualidade criativa indiscutível, mas foi massacrado pelo descaso de sua gravadora, Noise Records, que porcamente divulgou o trabalho dos caras. Uma pena!

Destaques: "Absorbed", "Masked Jackal", "Skeleton on your Shoulder", "Sudden Fall".

Flotsam and Jetsam – No Place for Disgrace (1988)

Conhecida por ser a “ex-banda do Jason Newsted”, esta bolachinha aqui saiu em 1988 (mesmo ano do “...And Justice for All”) pela gravadora Elektra, coincidentemente a mesma do Metallica.

Bem, ouvindo o que temos aqui chegamos a conclusão de que Jason não fez falta alguma, pois o resultado é puro thrash metal, cacetada atrás de cacetada, mas bem mais técnico do que o primeiro álbum (“Doomsday for the Deceiver” de 1986) e com uma produção excelente, nos padrões do “Master of Puppets”. Interessante aqui citar o inusitado cover para “Saturday Night´s Alright (for Fighting)” de Elton John, que ficou do carácolas!

Se você é fã daquele saudoso Metallica dos anos oitenta, então isso aqui se torna uma obrigação.

Destaques: "Dreams of Death", "NE Terror", "Escape from Within", "No Place for Disgrace", "Hard on You", "I Live You Die".

Kreator – Terrible Certainty (1987)

Após duas cacetadas de estúdio (“Endless Pain” de 1985 e “Pleasure to Kill” de 1986) o Kreator de Mille Petrozza decidiu dar uma maneirada na velocidade e produzir um som mais cadenciado, só que se esqueceram de avisar o batera Jürgen "Ventor", que continuou descendo a marreta! Este sempre será meu álbum preferido do Kreator, simplesmente sensacional, riffs e mais riffs de tirar o fôlego!

Destaques: "Blind Faith", "Toxic Trace", "Terrible Certainty", "No Escape", "Storming with Manace".

Destruction – Release from Agony (1988)

Riffs, riffs, riffs e mais riffs! Embora a gravação não seja das melhores, este é o momento mais inspirado do Destruction após “Eternal Devastation” (1986), onde o guitarrista Mike Sifringer simplesmente degola nossos humildes pescoços. Um clássico!

Destaques: "Release from Agony", "Dissatisfied Existence", "Unconscious Ruins", "Sign of Fear", "Our Oppression".

Nuclear Assault – Game Over (1986)

Um dos primeiros grupos a misturar a crueza do hardcore com o heavy metal (ao lado do saudoso S.O.D.). O resultado aqui é divino, porradaria em sua mais pura essência, com letras altamente ácidas e críticas contra tudo e todos. A versão em CD, tanto da Combat quanto da Century Media, vem acompanhada do EP “The Plague”, de 1987. Obrigatório!

Destaques: "Sin", "Cold Steel", "Radiation Sickness", "Betrayal", "After the Holocaust", "Stranded in Hell", "Brain Death".

Anthrax – Among the Living (1987)

Mais um grupo surgido diretamente da terra do Tio Sam, este é um dos maiores expoentes do thrash metal que eu também não consigo deixar de fora da lista. Eu particularmente adoro todos os álbuns do grupo e relutei muito para escolher aquele que entraria na lista. A briga foi cruel, mas não tem como ser diferente, pois “Among the Living” é fodido do início ao fim, e antes de escrever essa resenha eu quase quebrei a casa toda ouvindo a bolachinha. Scott Ian pode ser um cara considerado “mala”, mas toca guitarra base como poucos e sabe produzir como ninguém um verdadeiro festival de riffs e palhetadas! Nice Fuckin´ Life!

Destaques: "Caught in a Mosh", "Among the Living", "I Am the Law", "One World", "Indians", "Efilnikufesin (N.F.L.)".

Artillery – Terror Squad (1987)

Diretamente das terras nórdicas do saudoso Mr. King Diamond (Dinamarca), temos aqui uma das gravações mais espetaculares em se tratando de thrash metal europeu. O timbre das guitarras dos irmãos Michael e Morten Stützer é de malhar os tímpanos, simplesmente “fenomenal” (até fazendo uma analogia com o Timão que está de volta com tudo em 2009).
Se existe outra banda injustiçada no estilo, além do Coroner, esta é o Artillery! Sai zica! 

Confira todos os álbuns dos caras, além do CD/DVD de 2008, chamado “One Foot in the Grave – The Other One in the Trash”. Ah, e cruze os dedos porque tudo indica que vem material novo de estúdio por aí!

Destaques: "The Challenge", "Terror Squad", "At War With Science", "Hunger and Greed", "In the Trash".

Overkill – Feel the Fire (1985)

“Higher! Higher! Feel the fire! She burns at the stake like a witch!” 

Um dos debuts mais fantásticos da história do som pesado, o nosso querido Overkill, surgido em New Jersey, deixou aqui sua marca registrada e mostrou com maestria a que veio. E que maestria! Além de uma clássica e imortal capa, a bolachinha tem pérolas de tirar o fôlego. Tirando a faixa “Sonic Reducer”, que é bônus da versão em CD, sobram nove faixas matadoras, incluindo “Overkill”, que teria continuidade nos álbuns seguintes, mas todas são excelentes, sem exceção.
 
Destaques: "Rotten to the Core", "Hammerhead", "There´s no Tomorrow", "Second Son", "Blood and Iron", "Feel the Fire".

D.R.I. – Thrash Zone (1989)

Dirty Rotten Imbeciles!  Um dos nomes e logotipos mais legais da história do som pesado, o D.R.I. simplesmente batizou todo um estilo com o espetacular álbum “Crossover” de 1987, unindo o punk/hardcore ao metal, quebrando de vez a rixa idiota entre as tribos. Se em “Crossover” o D.R.I. já tinha um pé no metal, em “Four of a Kind” (1988) ele colocou o que faltava e neste “Thrash Zone” avacalhou de vez, produzindo um dos discos mais moshers de todos os tempos. Simplesmente genial, o D.R.I. tem uma carreira invejável e é uma das maiores influências do nosso amigo de fé, irmão e camarada Dave Lombardo (batera do Slayer e ex-Grip Inc.). Como dizia o vocalista Kurt Brecht em “You Say I´m Scum”: “I wanna play my music as loud as I can!” – falou a minha língua!

Destaques: "Beneath the Wheel", "Strategy", "The Trade", "Gun Control", "Abduction", "Thrashard", "Enemy Within".

Forbidden – Twisted into Form (1990)

Conhecida por ser a ex-banda do batera Paul Bostaph, este foi o último disco desse ícone da Bay Area com sua formação original, que passaria por mudanças sonoras e de formação (Bostaph fora para o Slayer gravar “Divine Intervention”, 1994). O conteúdo aqui é espetacular, um dos grupos de thrash mais técnicos que se tem notícia, e cravou para sempre clássicos como “Infinite”, que inclusive tem um clipe bem legal. O vocalista Matt Barlow do Iced Earth declarou certa vez que Russ Anderson (vocalista do Forbidden) teria sido uma de suas grandes influências. Se “Forbidden Evil” (1988 – e antigo nome do grupo) já foi excelente, então esse “Twisted into Form” veio pra arregaçar de vez com o cenário!

Destaques: "Infinite", "Out of Body (Out of Mind)", "Twisted into Form", "Step by Step".

Razor – Violent Restitution (1988) 

Conversando no bar (mais precisamente boteco) com meu amigo Vitão há alguns anos atrás, ouvi a seguinte questão: “Você gosta de Slayer e Sacrifice, por que não procura ouvir o "Violent Restitution" do Razor?”. OK, meu camarada, solicitação atendida após algumas semanas, pois a bolachinha estava dando sopa na Amazon a preço baixo. O único álbum do canadense Razor que saiu pela gravadora SPV/Steamhammer, este “Violent Restitution” é um marco na carreira do grupo pelo fato de seu vocalista original Stace McLaren ter abandonado o barco após as gravações. Acredito piamente que ele tenha ficado atordoado com tanta pancadaria e violência que se ouve aqui, afinal um disco que tem escrito no encarte “This Album is Dedicated to CHARLES BRONSON” não poderia fazer bem aos ouvidos mais frágeis. 

Doses cavalares de Slayer aqui, violência pura sem descanso nenhum! Rola até uma serra elétrica na faixa “Taste the Floor” e um grito ensurdecedor na abertura da cacetada instrumental “The Marshall Arts”. Procure, ouça e se gostar faça como eu, adquira na seqüência os também infernais “Shotgun Justice” (1990) e “Open Hostility” (1991). Só não atire com um calibre 12 cano duplo no vizinho – ah, e prepare o bolso.

Destaques: "The Marshall Arts", "Taste the Floor", "Enforcer", "Violent Restitution", "Hypertension", "Behind Bars".

É isso aí, aguardem que logo, logo surge a parte II. Tem muita coisa legal pela frente, como Voivod, Sadus, Vio-Lence, Sacred Reich, Tankard, Horcas, Toxik, Heathen, Hypnosia, Faith or Fear, Excel, S.O.D., etc. Prometo ser o “Jason” do thrash, rumo ao capítulo XXV!  E.vil N.ever D.ies!!!

Comentários

  1. Tdos os discos citados pelo nosso amigo LUIZ ai são primorosos, lendo cada um deles tive vontade d ouvir o maravilhoso disco TEMPO OF THE DAMNED do SENSACIONAL EXODUS, não tem cmo não destruir o pescoço ouvindo esse disco. Abraço a tdos e parabéns pela matéria.

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  2. Amigo, não esqueça o Suffering Hour do Anacrusis. Este é um disco primoroso!

    Abraços,
    Slanderer

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  3. Ótima matéria! Para mim, o Kill'Em All é um dos discos mais importantes, senão o mais do metal contemporâneo. Aquelas palhetadas cavalgadas de guitarra presentes em todas as músicas da bolachona mudaram a cara da música pesada como conhecemos, isso sem contar que todas as músicas são fenomenais!

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  4. na part 2 quero ver beneath the ramains blz...hahhahah

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  7. Excelentes/ótimos álbuns realmente! apenas não concordo em relação a gravação do "No Place For Disgrace", que pra mim é uma das piores do final dos anos 80 junto com a do "Leave Scars" do Dark Angel, fico até impressionado de como conseguiram tal feito na época...E a Noise Records é foda, lançou alguns dos melhores discos de metal europeu nos anos 80, só filé!
    Também faço algumas resenhas no meu blog que criei junto com minha namorada, depois dê uma conferida e comente se gostar! até mais

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  8. Valeu pelos comentários, rapaziada. Estou indo atrás destes discos indicados pelo Luiz Fernando, aqueles que não conheço.

    Abração.

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  9. Kd o Rust In Peace ou o Peace Sells, brow?? O.o

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  10. Cara com toda certeza essa lista ficou massacrante ,só queria lhe pedir para dar uma olhada no Pathogenic Ocular Dissonence ,este album é uma escola cientifica do thrash metal ,abraço ...

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  11. Desculpe o album Pathogenic ocular dissonence é referenta a banda Tourniquet...

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  12. Eddie, esta é apenas a primeira parte, e, como o especial foi pensado em várias partes, é claro que alguns discos estão faltando, sacou?

    Abração, e valeu pelo comentário.

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  13. Só fui passando o olho na capa dos discos e em seguida me doeu o coração. Onde já se viu fazer uma lista de discos essenciais de Thrash Metal e não colocar Show No mercy ou Reign In Blood - ambos do Slayer ? Cadê o Beneath The Remains do Sepultura ? Dos citados pelo Faustini, os únicos que batem com os meus são: Nuclear Assault – Game Over (1986), Anthrax – Among the Living (1987) e D.R.I. – Thrash Zone (1989). Em relação aos outros citados, eu ficaria com algumas bandas, mas escolheria outro disco de suas discografias. Fico por aqui ao som de Whiplash "Nailed To The Cross" Power And Pain

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  14. Pessoal, lembrem-se: ESTA É APENAS A PARTE I! Vem muito mais por aí e todas as sugestões estão anotadas. Abraço!

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  15. Fustini (me desculpe ter escrito seu sobre-nome errado anteriormente), podem vir mais 10 listas, vou ter essa primeira como sendo a do primeiro escalão do Thrash Metal - na sua opinião, e as outras um degrau abaixo, sucessivamente. Já estou aguardando a segunda... Abraço!

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  16. excelente so se esqueceu de citar Sodom com o poderoso Agent Orange, Dorsal Antes do Fim, Agent Steel, Tankard Assassin.

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  17. Ótima lista, mas concordo com um camarada que comentou aí em cima - o "Beneath The Remains" tem que entrar na parte 2... e o Suicidal Tendencies? Abraço!

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  18. Na parte dois, é blasfemia deixar de fora o Rust in Peace, Raining Blood, e o Agent Orange do Sodom.

    O tankard é foda tbm!

    Hail

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  19. Cadê a parte dois? Já estou esperando há mais de um ano.. rsrsrs

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  20. Cadê a parte II?
    Conheci o blog em 2012 e fiquei bem feliz por comprovar que ainda existe blogs de conteudo, mas é bem triste saber que uma materia dessa ficou esquecida no tempo. Pois como o prometido ela teria varias partes e estamos em 2013 e ela não passou da primeira parte publicada em 2009. Espero que em breve ou pelo menos ainda esse ano eu consiga ver as outras partes.

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