Minha Coleção: Michel Camporeze Téer


Michel, ao contrário da maioria dos colecionadores que já entrevistei, a sua coleção é focada em uma banda brasileira. Que diferenças existem, na sua opinião, entre colecionar material de um grupo nacional e de um estrangeiro?

Acredito que a principal diferença seja realmente a distância. Tenho amigos que são colecionadores de bandas gringas e que para que eles possam adquirir CDs e itens raros precisam importar esses materiais. Outra questão é que muitas delas nunca pisaram no Brasil, o que é muito triste. Nesse ponto me considero um cara de sorte, pois o Dr Sin é uma banda brasileira e posso assisti-los ao vivo com freqüência.

O que o atraiu tanto no trabalho do Dr Sin a ponto de você decidir iniciar e manter uma coleção do grupo?

Sem dúvida nenhuma, o ponto que mais me chamou atenção na banda foi a qualidade musical. Ao ouvir o Dr Sin me identifiquei com as letras das músicas, e a instrumentação da banda consegue unir virtuosismo, criatividade e bom gosto.

Quantos discos você tem?

No geral eu nunca contei item por item de tudo o que tenho, mas devo ter uns 200 LPs e aproximadamente uns 230 CDs aproximadamente. É muita coisa para quem mora em um apartamento.


Quantos do Dr Sin?

Em quase nove anos de fã-clube e contato com pessoas do Brasil e exterior, somei um número grande de itens, desde os mais comuns até os mais raros. Entre CDs, singles, demos, versões de lançamentos, DVDs, participações em outros projetos e outras gravações, são 153 itens. Tenho também aqueles que algumas pessoas não consideram como coleção, como posters, notas, curiosidades, flyers de shows, credenciais, ingressos, entrevistas e fotos inéditas.

Existem outras bandas que você possua um número razoável de itens?

Tenho sim, acho que todo colecionador acaba tendo “coleções secundárias”. Não deixam de ser coleções, mas sem aquele fanatismo todo ... Sou assim com algumas bandas que gosto muito, como Golpe de Estado, Mr Big e Velvet Revolver. Tenho todos os discos originais e alguns bootlegs também.

Além dos CDs, que outros formatos de mídia você tem na sua coleção?

Na minha coleção do Dr Sin eu tenho de tudo um pouco. LPs, CDs, DVDs, Fitas K7s, fotos inéditas, posters, bonés, munhequeira, camisetas, bottons, palhetas do Edu e do Andria e também baquetas do Ivan.


Como você guarda seus discos?

Os guardo na minha estante, longe do pó, da umidade e do sol. Para conservá-los eu lavo meus discos e CDs com detergente neutro e água corrente quando necessário, e tomo muito cuidado ao colocá-los no toca discos ou no porta CDs para não arranhar. Acredito que o cuidado é fundamental para a longevidade de uma coleção. Ela pode não ter um valor financeiro muito grande, mas para mim é de grande estima.

Você só coleciona itens relacionados à música, ou também mantém outras coleções?

Quando pequeno eu colecionava maços de cigarro, onde nasci, em São Bernardo do Campo. Isso era uma prática comum entre a molecada. Ainda tenho esses maços, mas não os coleciono mais. De uns três anos pra cá tenho colecionado postais, aqueles que tem em barzinhos, lojas de CDs, casas noturnas e outros lugares. Coleciono esses postais pois em alguns casos me ajudam na hora de criar campanhas e layouts. Sou publicitário.


Qual o item mais raro da sua coleção?

Putz, não dá pra escolher apenas um. Destaco duas gravações inéditas. Uma delas é uma fita K7 do ensaio do Prisma (nome da primeira banda dos irmãos Busic, em 1983). Nessa gravação tem vários covers do Kiss e Rush e próprias. A segunda gravação (também uma k7), com um ensaio da Chave do Sol com meia hora de um lado com o Edu Ardanuy tocando guitarra, e no outro lado com a nova formação da banda, que contava com o Kiko Loureiro. Essas gravações nunca foram lançadas, coisa inédita mesmo. Ahhh, tenho também um show do Cherokee (banda do Andria e Ivan) ao vivo na Praça do Rock em 1988.

Tirando as gravações tenho algumas fotos inéditas do Dr Sin originais, que nunca foram publicadas, e algumas letras escritas a mão, como a "Sex Machine", música que após algumas reformulações transformou-se no hit "Emotional Catastrophe".

Quais as principais diferenças entre as versões nacionais dos álbuns do Dr Sin e aquelas lançadas no exterior?

As diferenças variam de acordo com a gravadora e também de acordo com a região onde esses lançamentos foram feitos. Tenho, por exemplo, a versão do CD “Dr Sin II” americana, no qual até o nome do CD foi alterado; lá ele se chama “Shadows of Light”. Nessa versão o encarte foi totalmente modificado, e a revista no qual aqui no Brasil é parte integrante também não foi lançada.

Um exemplo mais interessante também foi a versão japonesa do “Brutal”. Lá ele ganhou uma capa nova e na parte interna do encarte foram acrescentados alguns detalhes em fogo. Não posso deixar de citar que esse CD também é acompanhado por um encarte extra com todas as músicas traduzidas para o japonês, além de ter a ordem das faixas trocadas.

Quantos discos você compra por mês?

Não tenho tido o hábito de fazer compras com muita freqüência. Trabalho no centro de São Paulo, bem próximo da Galeria do Rock, e sempre dou uma passada por lá para ver as novidades, mas só compro quando realmente encontro algum item de uma banda que gosto muito.


Você prefere ter vários itens diferentes, ou várias versões de um mesmo disco?

Essa pergunta é muito interessante, pois algumas pessoas já me perguntaram qual era a vantagem que eu via em comprar, por exemplo, três CDs aparentemente iguais do Dr Sin. É uma questão de coleção. Tenho três versões do "Insinity", por exemplo, uma diferente da outra. Cada uma dessas versões traz algum detalhe novo, seja no projeto gráfico ou mesmo no CD propriamente dito. Em relação a itens diferentes e versões do mesmo disco, na minha coleção do Dr Sin eu escolho as duas opções (risos).

De que países vêm as melhores edições CDs?

As versões do Japão são especiais em todos os sentidos. Na maior parte dos lançamentos feitos por lá existe um cuidado a cada detalhe. Basta pegar os CDs do Dr Sin, Mr Big e outras bandas para ver que eles são muito perfeccionistas. As versões européias também não ficam para trás.

Qual formato você prefere?

Quando se trata de uma raridade eu não me importo com o formato, mas tenho uma preferência pelo jewel case pelo fato de ser o mais popular e, de certa forma, já me adaptei a ele. Em relação à arte, o digipack é muito bonito, no meu modo de ver possui mais arte, porém é muito frágil e fácil de danificar. O “Listen to the Doctors”, sétimo CD do Dr Sin, é nesse formato. Quanto ao mini vinil e o vinil tradicional, são demais !!!

Você mantém uma relação próxima com os integrantes do Dr Sin. Como se deu essa aproximação?

Os conheci na época do lançamento do "Dr Sin II", em 2000. Eles estavam com shows agendados em vários lugares aqui em São Paulo e eu estava sempre presente neles. Aí, sempre que tinha a oportunidade eu aparecia no camarim para dar um “oi” e falar sobre o show. Paralelamente a isso comecei a montar um site para a banda, para divulgar mais os shows e as novidades referentes ao grupo e aos projetos paralelos deles. Com o passar do tempo a banda reconheceu esse site, que acabou virando um fã-clube, e fomos pegando amizade. Isso já faz quase dez anos.

Quais as principais diferenças entre os integrantes do Dr Sin, na sua opinião?

Apesar do Dr Sin ser uma banda de poucos integrantes, ao meu modo de ver cada um é muito diferente do outro, tanto na forma de pensar como na de agir também. O Edu e o Andria são caras mais reservados, já o Ivan é mais falante, conta piadas a toda hora. Com o tempo passei a falar bastante com o Edu e com o Andria e notei que eles também eram brincalhões, era só uma questão de tempo para ver que todos são pessoas simples e muito amigos também.


Já perdeu o sono por não ter comprado algum item? 

Na verdade é sempre uma ansiedade a cada trabalho que a banda ou os músicos lançam, pois enquanto eu não estou com o CD ou o que quer que seja que tenham lançado nas mãos eu não sossego. Me lembro que o que mais me deixou ansioso foi aguardar o correio entregar o “Shadows of Light” (versão do "Dr Sin II" no exterior) que um fã da França tinha me enviado. Os dias não passavam nem a pau (risos).

Qual a maior loucura que você já cometeu pela sua coleção?

Com certeza a maior de todas as loucuras foi a que fiz para digitalizar todos os shows que registrei com minha câmera. Parece bobagem mas foi um trabalhão passar VHSs e minhas filmagens de shows e gravações de terceiros para o formato digital. Trabalho bastante e tenho pouquíssimo tempo para lazer e afins. Ao todo são mais de setenta filmagens, desde projetos extra Dr Sin até os shows da mais recente turnê da banda.  

O que falta ainda conseguir?

A cada dia que passa descubro que ainda faltam itens a serem adquiridos, isso é meio óbvio porque, na minha opinião, uma coleção nunca tem fim e os colecionadores nunca estão satisfeitos. Até semana passada eu pensava que só me faltava adquirir a versão japonesa do "Insinity" e também a segunda versão dos CDs "Brutal" e "Alive", lançados pela Moria Records, mas descobri recentemente que a música “Encoleirado” (faixa que o Dr Sin gravou no álbum do Supla em 1990) saiu em um dos discos da trilha sonora da novela Vamp. Outro item que está difícil de se achar é um cd da Silvinha Araújo chamado “Kinema”. Nele o Dr Sin também gravou uma música, chamada “So Long” ... tô louco atrás disso ...


Você criou e mantém um site sobre o Dr Sin. Conte pra nós como surgiu e se concretizou essa idéia.

É verdade. Em 2000 eu comecei a fazer um curso básico de web, e para praticar e aperfeiçoar o conteúdo do curso comecei a desenvolver um esboço de um site bem simples. Ao levar para a aula, um grande amigo, o Renato Nakazume, me perguntou sobre o que seria o site e decidi na hora que ele seria do Dr Sin, por gostar muito da banda e tal. Ao publicar o site ele passou a ser muito acessado, a receber contato de várias pessoas de diferentes estados do Brasil, e para a minha surpresa, até de pessoas no exterior. Isso me manteve ativo com a proposta do site e a mantê-lo bem atualizado.

Já no ano de 2003 / 2004 a banda teve problemas com o site oficial e nós passamos a ser uma das maiores fontes de informação a respeitp do grupo na web. Por fim, quando o site deles voltou ao normal, o Dr Site foi nomeado pelo próprio Dr Sin como o fã-clube oficial, o que pra mim é um grande orgulho.

O que faz com que nós, colecionadores, sejamos diferentes da grande maioria dos ouvintes de música?

Isso é um ponto difícil de explicar porque envolve sentimento. Acho que a música provoca isso nas pessoas, em maior ou em menor escala. Acho que sou privilegiado em achar algo que gosto muito, é por isso que dedico tempo e entusiasmo a minha coleção. Existem pessoas que apenas ouvem música por ouvir, outros gostam de algumas bandas conforme as “sugestões” de rádios ou TVs. Eu respeito isso também, mas esse não é o meu perfil. Amo minha coleção, amigos e a Verinha, minha namorada e grande companheira que conheci por intermédio do fã-clube.

Na era do MP3, pessoas como nós, que ainda compram discos e se dedicam às suas coleções, são a exceção ou a salvação da indústria?

Todos os colecionadores tem um papel muito importante para esse mercado, pois o fã de verdade se preocupa em ter o lançamento original para poder ler o encarte, se ater aos detalhes da ilustração do álbum, e por muitas vezes ressuscita alguns formatos decretados como “mortos” pelo mercado fonográfico, como é o caso do LP ou das fitas K7 e VHS. O mais importante para o fã é fruir aquela obra ao máximo. CDr ou mesmo o MP3 só me servem para garantir que minha coleção está bem protegida em casa e longe de assaltos na rua.


Pra fechar: qual seu integrante favorito do Dr Sin, e porque?

O Dr Sin é constituído por três caras, mas a sonoridade da banda é uma só, e o que realmente vale é a música. Sendo assim os meus integrantes favoritos são: Andria Busic, Edu Ardanuy e Ivan Busic.

Assista dois vídeos produzidos pelo programa Sleevers, onde Michel mostra a sua coleção:






Comentários

  1. Ae Michel!
    Parabéns pela sua coleção! Realmente mostra que você dá muito valor a que vc gosta e que conseguiu com muita garra ao longo destes anos....Eu lembro da epoca em que você ia la em casa pra escanear todas as capas dos CDs e LPs da sua coleção.....
    Um abraço mano!

    Renato Nakazume

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  2. Este é o meu amigo!
    Dedicado e intenso em tudo o que faz e gosta!
    Parabéns Mi... vc sabe que sou sua fã!
    O que seria do Dr Sin e dos fãs sem vc???
    beijos

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  3. FALA MICHA!

    EU ESTAVA COM ELE NO DIA EM QUE ELE COMPROU O 1º CD DO DR.SIN!
    FOI UMA CAMINHADA LENDÁRIA, EM BUSCA DESSE CD!!
    MAS ELE CONSEGUIU!
    NUNCA VI UM COLECIONADOR COMO ELE!
    E OLHA QUE TAMBÉM, TENHO UMA PEQUENA E MODESTA COLEÇÃO!

    ABRAÇO IRMÃO!

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  4. Já tive a oportunidade de ver essa super coleção de perto e realmente é animal! É a prova mais concreta da dedicação que o Michel tem pelo Dr!

    Parabéns Mi! A entrevista ficou demais.

    Beijos

    Flávia

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  5. Grande Michel e o Dr. Museu, rsrsrs!

    Este é o cara.... parabéns meu, em breve farei umas doações para sua coleção, entre elas a 1ª camiseta do Dr. Sin, totalmente exclusiva, mas foi a primeira.

    Grande abraço e Keep Rockin !!!!

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  6. Conheci o Dr. Sin em 1997 no festival Skol Rock, e houve uma época em que a única fonte de informações que eu encontrava sobre a banda era o site "child of sin", o antigo Dr. Site. Foi pelo fã-clube que nos conhecemos, e foi aí que comecei a admirá-lo... Mi, admiro demais tudo o que você faz... Amo você.

    Verinha

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  7. Michelzito, vc anda sumido hein! Muito legal a entrevista, qndo eu for a sampa um dia, quero ver essa coleção de perto hein?

    Grande abraço!

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  8. Baita dedicação, hein, Michel! Parabéns pela coleção e por se dedicar tanto a uma coisa que você gosta e acredita.

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