Exclusivo - Ugo Medeiros entrevista o filho de deus: Ravi Coltrane


Por Ugo Medeiros
Colecionador
Coluna Blues Rock

Enganam-se os que pensam que esta matéria falará sobre Jesus Cristo. Ravi Coltrane é filho de um dos maiores nomes do jazz de todos os tempos, John Coltrane, e da pianista Alice Coltrane. Apesar de a sua carreira solo ter pouco tempo, Ravi faz jus ao sobrenome e já é considerado o melhor saxofonista tenor da atualidade, segundo a revista Downbeat.

Pela primeira vez no Brasil, o saxofonista encantou o público. O show, que teve músicas do álbum "In Flux" (2005), beirou a perfeição. Caminhando entre o virtuosismo, Ravi esbanjou elegância e deu uma verdadeira aula de jazz. Após o shows, nos deu a honra de um papo bem à vontade.

Ugo Medeiros – Como foi crescer sendo filho de dois grandes nomes do jazz?

Ravi Coltrane – Bem, minha vida foi muito normal. Tive uma infância bem comum. Fazia tudo o que as outras crianças faziam: andava de bicicleta, ia pra escola, etc ... Nunca tive tratamento diferenciado, por isso agradeço imensamente à minha família, principalmente ao meu pai e à minha mãe. Tive uma infância simples, mas muito feliz.

Como foi, de fato, o seu primeiro contato com o jazz?

Foi com a minha mãe. Ela foi a grande responsável. A todo momento colocava música na casa, principalmente as gravações do meu pai. Lá também tinha um estúdio. No colégio, eu comecei a tocar clarinete e posteriormente saxofone soprano.

Você já foi comparado ao seu pai, profissionalmente?

Assim como todo músico de jazz é comparado a John Coltrane (risos). Todo músico se molda em alguém mais velho. Sempre precisamos de um tipo de guia ou influências, mas cada um precisa encontrar o seu caminho, assim como John Coltrane o fez. A minha carreira é a minha carreira; a minha música é a minha música. Nós amamos a música e tantos músicos, mas sempre tentamos ser nós mesmos.

Você fez parte da banda do Elvin Jones, que também tocou com o seu pai durante muito tempo no John Coltrane Quartet. De que forma ele te influenciou enquanto músico?

Ele era um tremendo baterista; um tremendo músico. Ele era uma grande pessoa com um grande coração. Tudo sobre ele era maior. Foi muito importante pra ver o quanto ele era maravilhoso e o quanto amava a música. Ele queria apenas tocar a bateria com amor. Não estava preocupado com o seu legado, sua história, fama ou capacidade de compor. Apenas tocava pelo prazer de tocar. Isso me ensinou bastante.

Como você vê o atual cenário do jazz? Qual músico tem se destacado?

Há grandes nomes, grandes compositores no cenário jazzístico. Eu me interesso por novos músicos que tentam ser agressivos e, ao mesmo tempo, originais, que tenham suas próprias idéias. Não me interesso por músicos que querem tocar o jazz tradicional, como se vivessem em 1950/60. Gosto quando pensam no futuro.

Então você crê em inovações, novas tendências, dentro do jazz?

Acredito que tudo seja possível. Por exemplo, a língua pode mudar ou se misturar com outra. Sempre há espaço para o novo.

O que te fez abrir a sua própria gravadora, a RKN Music?

Bem, o motivo foi simples: eu amo a música (risos)! Adoro gravar música e estar em constante contato com músicos que querem criar. Foi algo que fiz por diversão.

O que você acha dos músicos brasileiros?

Sem dúvida estão entre os melhores músicos do mundo, são excelentes. Gosto muito de Amon Tobin (DJ), Hermeto Pascoal, Tom Jobim, entre outros.

Comentários

  1. Ugo,

    Parabéns, cara.Ravi Coltrane, de uma certa forma, continua o legado do pai...

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  2. Ele ta tocando muito no DVD Hymns ... do Santana, parabéns pela entrevista

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