O Jazz e Sua Formação - Parte 5


Por Fábio Pires
Pesquisador e Colecionador
Isto é Jazz

Basicamente encerrando nossas pesquisas sobre a origem do estilo, ficamos com a última parte sobre a formação do jazz (seus artistas e suas vertentes), que se estende até hoje numa transformação cíclica e constante, como qualquer estilo musical ou artístico que não fica imune às influências do mundo externo.

O chamado swing (balanço da música e presente em outros estilos do jazz) veio com as transformações tecnológicas e sociais nos anos 20 nos EUA. Chicago cedera espaço à Nova York e Kansas City, que adotaram o ritmo para si próprias e incorporaram suas características. O jazz participou do crescimento da música e sua massificação nos discos de vitrola, o surgimento do som no cinema (o incrível Al Jonson e seu filme "Cantor de Jazz"), o surgimento de uma classe dos novos ricos (consumidores dos musicais e espetáculos). 

O swing tem sua origem nas pequenas ou grandes orquestras de saxofones, trompetes e trombones. Ele está presente na música jazz e é também um estilo próprio. Nele havia a figura do arranjador, bem como os solistas excepcionais, como Benny Goodman, Coleman Hawkins, Roy Eldrige, Harry James, Rex Stewart e outros.


O grande maestro Duke Ellington em 1932 fez a canção "It Don't Mean a Thing If It Ain't Got that Swing", sendo a primeira vez que a palavra "swing" foi utilizada nesse contexto. Tornando-se uma música de consumo principalmente em 1935 com Benny Goodman, dez anos antes a primeira big band real de Fletcher Henderson já existia, mas sem o grande reconhecimento das que surgiriam depois. Henderson surgiu em 1923 e contava com os grandes Louis Armstrong (trumpete), Coleman Hawkins e Benny Carter (ambos no saxofone). 


Em Kansas City, inspirado nos arranjos de Henderson, surgia o bandleader William "Count" Basie. A parceria entre Benny Goodman e Henderson renderam à Goodman o título de "Rei do Swing". Goodman foi o primeiro a lotar o Carnegie Hall de Nova Iorque em 1938 com uma apresentação de jazz, já que o famoso teatro recebia apenas composições de música erudita e peças clássicas. 

O swing fez com que, através da obediência aos arranjos, muitos grandes músicos apenas tivessem uma performance razoável, igualando-se aos inferiores tecnicamente. O jazz começava a se diferenciar entre orquestras de músicos brancos (intelectualizados) e de negros (voltados às raízes de New Orleans e Chicago). O swing agora misturava-se à característica musical dos brancos. O aspecto romântico em suas canções o tornava mais mainstream, causando uma desaprovação dos jazzófilos (partidários das bandas negras). O jazz estava partindo para lugares diferentes, pelo menos nesse momento. O swing caiu em popularidade com a chegada do bebop nos anos 40, mas nunca saindo de cena. Ele apenas se modernizou na década de oitenta com o nome de New Swing Age. Solistas dessa época se destacaram, como o saxofonista tenor Scott Hamilton, o trompetista Warren Vaché e o guitarrista Cal Collins.

É dito que o swing foi um elo de ligação entre o jazz tradicional e o jazz moderno. Músicos como Lester Young, Johnny Hodges, Coleman Hawkins, o grande Charlie Parker, Lionel Hampton e muitos outros formaram a passagem da entrada do bebop e dos quintetos, sextetos e muitos outros combos a partir da década de 40. Se você se interessar pelo jazz pode escolher pelo tradicional ou pelo bebop, que apresentou tantos outros músicos de renome que desde a década de 60 se destacam na música popular.

* Ajudou-me nesta pesquisa a obra "Jazz: das Raízes ao Pós-Bop", de Augusto Pellegrini.

Comentários

  1. Com certeza Ugo. Mas Fábio, fica a pergunta: e o Miles? E o Coltrane? E o fusion e o jazz rock?

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  2. Agora que mostrei somente essa pincelada da formação do jazz, vem o 'grosso' da coisa: muitas matérias com os gigantes do estilo e toda a contribuição para o movimento...

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