Começando a coleção: Rainbow


Por Alessandro Cubas
Colecionador

Após deixar o Deep Purple devido ao direcionamento musical que a banda estava tomando na época, o guitarrista Ritchie Blackmore fundou, no ano de 1974, a banda Rainbow. Mas não é só por ter sido criada por um dos mais importantes guitarristas da história do rock que o Rainbow tem sua importância. O grupo é muito mais do que isto. Sua discografia nos traz grandes álbuns, o que tornou o Rainbow um dos grandes nomes dos anos setenta.

Sinceramente, pensei em escolher três álbuns distintos da carreira do grupo para escrever, porém não teria como deixar de falar dos discos em que Blackmore trabalhou com outro monstro do rock, o mestre dos vocais Ronnie James Dio.

Ritchie Blackmore´s Rainbow (1975) ****

O disco de estreia do Rainbow, Ritchie Blackmore’s Rainbow, foi lançado originalmente no ano de 1975, trabalho este que apenas chamou a atenção da crítica pelo fato de ser a nova banda de um dos principais membros do Deep Purple. Porém, mesmo assim o disco vendeu mais do que o esperado.

Além de Blackmore, a formação do debut contava com os então integrantes do ELF Ronnie James Dio nos vocais, Craig Gruber no baixo, Mickey Lee Soule no teclado e Gary Driscoll na bateria, formação esta que não chegou a se apresentar ao vivo.O álbum começa com a hoje clássica “Man on the Silver Mountain”, que nos traz mais um ótimo riff de Ritchie Blackmore, e onde Dio nos mostra o porque de ser o escolhido para trabalhar com o guitarrista, que já estava acostumado a trabalhar com outros grandes cantores,  como Ian Gillan, David Coverdale e Glenn Hughes. 

A faixa seguinte, “Self Portrait”, no ano de 1999 ganhou outra bela versão, pelo próprio Blackmore e sua esposa Candice Night, que saiu no álbum Under a Violet Moon de sua atual banda, Blackmore’s Night. Já “Black Sheep of the Family” é uma das mais rok and roll do LP e talvez seja a responsável pela existência da banda, pois este cover do grupo The Quatermass havia sido sugerido por Ritchie para ser uma das músicas do álbum Stormbringer do Deep Purple, mas o restante da banda recusou. 

A próxima é a bela balada “Catch the Rainbow”, com um lindo solo. “Snake Charmer” é uma composição com bastante groove e um ótimo refrão. Continuamos com mais uma faixa relaxante, que é “The Temple of the King”, que abre caminho para mais uma 100% rock and roll, “If You Don’t Like Rock N’ Roll”. O álbum fecha com “Sixteenth Century Greensleevers” e a instrumental “Still I’m Sad”.

Grande estreia desta que iria se tornar mais uma grande banda dos anos setenta.

Rising (1976)  *****

Após o trabalho de estreia, Ritchie Blackmore alterou toda a formação do Rainbow, mantendo apenas o talentoso vocalista Ronnie James Dio. O novo line-up passou a contar, além dos já citados, com Jimmy Bain (B), Tony Carey (K) e o mais do que talentoso baterista Cozy Powell, que infelizmente veio a falecer no ano de 1998 devido a um acidente automobilístico. Esta se tornaria a formação clássica da banda.

Rising é o álbum mais popular do Rainbow,  e também o favorito da maioria de seus fãs. o disco nos traz uma banda mais coesa e virtuosa que a anterior, e que nos apresenta um trabalho sem igual, que abre em grande estilo com “Tarot Woman”; segue com “Run With The Wolf” com um refrão muito legal; a ótima “Startruck”; “Do You Close Your Eyes”, que tem um belo riff; “Stargazer”, que na minha opinião é a melhor, não só do álbum mas também da carreira do grupo; e fecha com a veloz “A Light in the Black”, que tem um não menos que excelente trabalho de guitarra e teclado.

Deste álbum também se originou o ao vivo
On Stage, de 1977, e que é tido por muitos como um dos melhores registros ao vivo já lançados por uma banda do estilo, ficando no mesmo nível de outro ao vivo que também teve a participação do mago Ritchie Blackmore, que é o Made in Japan do Deep Purple.

Rising pode ser considerado um dos principais registros do har/heavy dos anos setenta.

Long Live Rock N´ Roll (1978) ****1/2

Contando quase com a mesma formação de
Rising -  as únicas alterações desta vez foram nos teclados, que passaram a ser executados por David Stone, e o baixo, que passaria a ser responsabilidade de Bob Daisley, que já aparece no álbum como baixista, porém as linhas de baixo do disco foram gravadas pelo próprio Blackmore. 

Long Live Rock N’ Roll foi o último trabalho da parceria entre Blackmore e Dio, sendo que Dio deixou a banda para se juntar ao Black Sabbath, onde estreou com o excelente Heaven and Hell, de 1980, e após o álbum Live Evil deixou a banda partindo para sua excepcional carreira solo, que começaria com o pé direito com outro excelentíssimo trabalho, que é o Holy Diver.

O disco começa com o hino “Long Live Rock N’ Roll” e segue com grandes composições, como “Lady of the Lake”; “L.A. Connection”; a épica “Gates of Babylon”, que é outro clássico e também pode ser considerada como uma das melhores composições do grupo. Ainda temos a empolgante “Kill the King”; “The Shed (Subtle)”; “Sensitive to Light” e a belíssima balada “Rainbow Eyes”, que fecha o álbum com chave de ouro. 

Apesar de não ser tão conhecido como Rising, Long Live Rock N’ Roll deve ser conferido, sendo item obrigatório para colecionadores, roqueiros e guitarristas de plantão.

Após
Long Live Rock N’ Roll ainda podemos destacar os álbuns Down to Earth de 1979, Difficult to Cure de 1981 e Straight Between the Eyes de 1982.

A banda hoje não está mais na ativa, pelo menos por enquanto, e o guitarrista Ritchie Blackmore, após idas e vindas no Deep Purple, formou, por volta de 1997, juntamente com sua esposa o grupo de música erudita Blackmore’s Night, com o qual vem lançando excelentes trabalhos desde então.

Comentários

  1. Esssa fase do rainbow é fantástica... uma pena somente que os vários "ao vivo" dessa época que foram lançados têm praticamente o mesmo repertório... Mas esssa época da banda é imperdível para qualquer um que goste de música BOA.

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  2. Hoje a banda do Ritchie Blackmore ainda existe. Ele passou a banda como herança para o filho que anda fazendo shows como Over the Rainbow...com o Joe Lynn Turner nos vocais...

    Lamentável...

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  3. Bem, na minha modesta opinião ( e sei que não estou sozinho) Rainbow é justamente a fase com Ronnie James Dio.

    Nada contra Bonnett, Turner ou Doogie White - inclusive curto o Stranger in us All -, mas esta parceria (e em especial somada a inclusão do monstro das baquetas Cozy Powell) rendeu o que na minha opinião é o canto do cisne do rock pesado dos anos setenta, onde a lógica comercial não era ainda predominante é quem determinava a música eram os sentimentos de seus autores, e não a pressão por sucesso imediato, lucro e enriquecimento.

    Vale lembrar que o motivo da saída do Dio foi justamente o fato de Blackmore optar pelo direcionamento comercial nos rumos de sua banda.

    Considero esta fase do Rainbow tão maravilhosa quanto os gloriosos anos 1968-1974 do Purple, por ter a certeza que nesta época Blackmore estava no auge de sua criatividade e fazia música com o coração.

    Só pra deixar bem claro quanto ao Purple que sou um dos apaixonados pelo Come Taste The Band.

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