Todo Caetano Box (2002)


Por Tiago Rolim
Colecionador
Collector´s Room

Um dos grandes nomes da MPB da segunda metade do século XX foi Caetano Veloso. Foi e ainda é, vide seus últimos lançamentos -  a saber,
e Zii Zei, discos que estão a anos luz dos trabalhos recentes de seus contemporâneos. Mas a conversa aqui vai se ater à obra de Caetano no século passado (cara, ainda é estranho dizer século passado, me parece tão distante ao mesmo tempo que está tão próximo).

Para falar da obra de Caetano, devo antes falar de um dos melhores presentes que um bolha pode ganhar. Minha amada esposa um belo dia me entra em casa com um pacote e me entrega, e era uma caixa chamada
Todo Caetano, em que estão todos os discos dele e mais alguns bônus, como um ao vivo com a Banda Black Rio, um CD só com singles que não entraram nos álbuns oficiais, além de um DVD de áudio com seus maiores sucessos. São precisamente 26 discos de estúdio e 10 ao vivo, além dos citados bônus. E o melhor: todos os CDs vem imitando os vinis originais, um detalhe que enche os olhos.

Bom, não vou aqui falar de todos os discos, pois o texto ficaria muito longo, mas é de impressionar como todos tem uma linearidade na diversidade que impressiona. Digo isso porque Caetano sempre se caracterizou por ser um ser mutante (essa doeu, mas não deu para evitar). Daí a diversidade. A linearidade vem do fato de que, dos 36 discos contidos na caixa, poucos podem ser considerados ruins de fato. Claro que eles existem, mas mesmo assim valem uma audição mais atenta. Como exemplo pode ser citado o
Totalmente Demais, de 1986, que o próprio Caetano despreza. Outro que não pode ser ignorado é o Araçá Azul, que de tão louco não pode ser considerado bom ou ruim, mas sim esquisito, muuuuuito esquisito. Tem também uns que são claros caça níqueis, como o Tropicália 2, que apesar de bom não merecia este título, feito em parceria com o amigo Gilberto Gil, além da enxurrada de discos ao vivo que ele lançou a partir da década de noventa.

Agora, falar dos destaques é mais complicado, pois a fase tropicalista é maravilhosa, possui discos irretocáveis, como a estreia em 1967, ou o “disco branco” de 1969. Desta fase o melhor é, sem dúvida,
Transa, de 1972. Neste tudo é perfeito, a parceria com Jards Macalé estaá no auge e rendeu uma obra-prima da musica brasileira. 

Muitos outros podem ser citados como destaques positivos nesta vasta carreira, como a parceria ao vivo com Chico Buarque em 1972, o Cinema Transcendental de 1979, o Barra 69 ao vivo, novamente em parceria com Gilberto Gil, que marcou a despedida de ambos antes do exílio. 

Na década de oitenta Caetano também realizou ótimos álbuns, como Cores Nomes de 1982, Outras Palavras de 1981 e Estrangeiro, que fechou a década com chave de ouro.

Os discos da década de noventa mostraram um artista maduro, mas mesmo assim inquieto, que foi capaz de fazer trabalhos como
Livro (1997), talvez o melhor dele da década, além de Circuladô (1990).

Os bônus são especiais. Um raro concerto de Caetano com a Banda Black Rio é uma jóia rara dançante como poucas, mostrandp Caetano totalmente mergulhado no funk que dominava a MPB no final dos anos setenta, e um disco com singles, que tem seus destaques.

Enfim, quis aqui dar uma geral bem rápida sem me ater a muitos detalhes da obra de um dos grandes músicos que este país já teve, e que merece respeito mesmo com suas posturas um tanto quanto polêmicas.


Todo Caetano
Box com 40 CDs, em réplica de vinil, contemplando o catálogo completo de Caetano pelas gravadoras Philips, Polygram e Universal, e mais material bonus, com um CD dedicado apenas aos singles, um com um show ao lado da banda Black Rio e um DVD de áudio chamado Muito Mais com o melhor da carreira do músico.

O box inclui os seguintes álbuns, na íntegra:

Domingo (1967)
Caetano Veloso (1968)
Tripicália (1968)
Caetano Veloso (1969)
Caetano Veloso (1971)
Transa (1972)
Araçá Azul (1972)
Barra 69 (1972)
Caetano e Chico Juntos e Ao Vivo (1972)
Temporada de Verão (1974)
Qualquer Coisa (1975)
Jóia (1975)
Os Doces Bárbaros (1976)
Muitos Carnavais (1977)
Bicho (1978)
Muito (1978)
Caetano Veloso e Maria Bethania Ao Vivo (1978)
Cinema Transcendental (1979)
Outras Palavras (1981)
Cores, Nomes (1982)
Uns (1983)
Velô (1984)
Caetanear (1985)
Caetano Veloso (1986)
Totalmente Demais (1986)
Caetano (1987)
Estrangeiro (1989)
Circuladô (1990)
Circuladô - Ao Vivo (1991)
Tropicália 2 (1992)
Fina Estampa (1994)
Fina Estampa - En Vivo (1995)
Livro (1998)
Prenda Minha (1998)
Omaggio A Federico E Guilietta (1998)
Noites do Norte (2000)
Noites do Norte - Ao Vivo (2001)
Eu Não Peço Desculpa (2002)

Leia também: Caetano Veloso - Transa (1972)

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