The Beatles Rock Band: o jogo é uma viagem pela trajetória da banda


Por Vitor Bemvindo
Colecionador

A experiência de mesclar rock and roll com jogos de vídeogame não é nova. Desde os primeiros passos dos joguinhos os desenvolvedores sempre buscaram colocar músicas associadas ao gênero e, até mesmo, às temáticas. Essa experiência começou a se aprofundar, nos anos noventa, durante a quarta geração de jogos eletrônicos, quando foram lançados títulos como Rock & Roll Racing e Revolution X para a plataforma Sega Genesis (no Brasil, Mega Drive). Esses jogos possuíam trilhas sonoras adaptadas baseadas em sucessos do Deep Purple, Black Sabbath, Steppenwolf e Aerosmith.

Mas foi em meados dos anos 2000 que a interação entre games e rock alcançou um novo patamar, com o lançamento, em 2005, da primeira versão de
Guitar Hero. O jogo simula, através de um joystick em formato de guitarra, a experiência de ser um astro de rock. O objetivo é, basicamente, seguir as notas musicais, representadas por cores, apertando os botões coloridos do controlador, ou melhor, da guitarra. O sucesso do jogo rendeu uma série de sequências, abrindo espaço também para uma nova franquia chamada Rock Band, que pela primeira vez ofereceu simuladores de bateria e microfones para que os jogadores pudessem cantar.

Esse tipo de jogo abriu um novo mercado para a combalida indústria musical, que passou a competir por espaço para os seus artistas nos novos lançamentos de vídeogames. A primeira banda a ter um jogo dedicado a ela foi o Aerosmith, e, em seguida o Metallica, mas nessas duas versões de
Guitar Hero havia espaço para músicas de outras bandas.

Em 2007 iniciou-se uma briga entre os desenvolvedores de
Guitar Hero e Rock Band para ter em seus jogos o direito de disponibilizar as músicas da banda mais importante de todos os tempos, os Beatles. A queda de braço foi vencida pela Harmonic Music System e pela Eletronic Arts, responsáveis por Rock Band, que prometeram fazer um jogo inteiramente dedicado ao quarteto de Liverpool.

Eis que no dia 09/09/09 – uma referência à faixa "Revolution 9", na qual os dizeres "
number nine" ficam repetindo-se em loop – houve o lançamento do tão esperado The Beatles: Rock Band. Ao contrário dos jogos dedicados ao Aerosmith e ao Metallica, essa versão só possui canções da banda que leva o nome do jogo, fazendo um mergulho profundo na carreira do Fab Four.

O jogo se torna impressionante logo na animação de abertura, com um medley de canções do grupo, trazendo vários momentos da carreira dos Beatles, desde os dias de "Twist and Shout" até a psicodelia final de "I Am the Walrus". Talvez nenhuma outra banda fosse tão apropriada para estrelar um jogo de vídeogame quanto os Beatles. Isso porque a trajetória do grupo favorece imensamente a elevação de nível de dificuldade de acordo com as fases da sua carreira. No início, faixas mais simples e menos elaboradas, como em "A Hard Day´s Night", até melodias mais complexas como a de "The End".

A evolução por cada nível de dificuldade acompanha as fases do grupo, que mudam de nível a nível, juntamente com o visual do quarteto (figurino, cortes de cabelo, bigodes e barbas). Os cenários também acompanham a trajetória do grupo, começando no Cavern, clube onde a banda se revelou, até o teto da gravadora Apple, onde a banda se apresentou junto pela última vez.


Após o Cavern Club, os jogadores tocam no Ed Sullivan Theater, em Nova York, onde a banda se apresentou pela primeira vez, em 1964. Logo depois, a excursão pelos Estados Unidos se transfere para o estádio de beisebol Shea, onde os Beatles realizaram o show para o seu maior público, 55.600 pessoas, no dia 15 de agosto de 1965. O nível dos detalhes deste cenário é impressionante: o comportamento do público é idêntico ao visto nos vídeos daquele concerto. Além disso, pode-se notar o trabalho que a polícia teve para conter as fãs enlouquecidas. Em alguns momentos, os guardas aparecem tampando os ouvidos para se proteger da gritaria; em outros, correndo atrás de garotas que tentam invadir o palco.

Em seguida o jogo nos transporta para 1966, quando os Beatles fizeram a sua última turnê mundial, apresentando-se pela primeira vez no Japão. O cenário reproduzido é a arena Budokan, em Tóquio, na qual o grupo fez uma série de concertos entre junho e julho daquele ano.

A possibilidade de cenários parecia esgotada, já que entre 1967 e 1969 a banda não se apresentou mais publicamente. Foi aí que os desenvolvedores resolveram utilizar o estúdio de Abbey Road para ambientar as canções escritas nesse período. Mas engana-se quem pensa que a partir daí o jogo fica monótono. Ao contrário, as músicas desse período têm tratamento individual. As temáticas de cada faixa transportam Paul, John, George e Ringo para cenários imaginados, alguns deles baseados em filmes da banda, como em "Yellow Submarine" (baseado no filme de mesmo nome) e "I Am the Walrus", na qual eles aparecem caracterizados como os personagens do filme
Magical Mystery Tour. Em alguns casos as artes da capas são inspiração para os cenários, como em "Sgt Pepper's Lonely Hearts Club Band".


Quando tocam somente no estúdio, o impressionante é a reprodução exata dos figurinos e do visual da banda, que batem perfeitamente com os vídeos da época. Até mesmo a posição de cada integrante no estúdio é a mesma das sessões originais de gravação. Entre uma canção e outra pode-se ouvir algumas conversas gravadas durante essas sessões, e até mesmo algumas improvisações.

Ao final de três sessões que contemplam muitas viagens para além de Abbey Road, o quarteto seu reúne no telhado da Apple Records para fazer sua última apresentação pública juntos. Nessa parte do jogo pode-se tocar algumas canções nas versões idênticas as que foram executadas naquele 30 de janeiro de 1969. Mais uma vez os detalhes impressionam: desde o público passando na rua até os policiais preocupados em acabar com a festa.


O jogo chega ao fim com uma animação, que não poderia ter outra trilha que não "The End". Nela o Fab Four toca a canção de cima dos telhados da Apple, contemplando uma Londres incrementada pelos personagens de suas canções. Após o vídeo, a canção fica disponível para ser tocada, ou melhor, jogada.

Um dos atrativos do game são as recompensas dadas após atingir determinados objetivos. Há alguns presentinhos, como fotos raras e alguns vídeos que mostram os bastidores de apresentações as quais o jogo faz referência.

Enfim, todos os detalhes foram pensados para que nenhum fã dos Beatles pudesse colocar algum defeito. Jogar
The Beatles: Rock Band é participar de uma viagem pelos anos dourados do rock, tripulada pelos mais importantes comandantes dessa história.

O jogo ajuda não só saciar os sedentos seguidores da banda, que sempre estão atrás de lançamentos, mas também ajuda a perpetuar o legado do quarteto de Liverpool para as novas gerações.

A Harmonix e a Eletronic Arts prometem disponibilizar todo o catálogo da banda para ser jogado no
Rock Band. Já está disponível para download (pago) a faixa "All You Need is Love". Para outubro está previsto o lançamento do álbum Abbey Road na íntegra. Em seguida será a vez de Sgt Pepper's Lonely Hearts Club Band (novembro) e Rubber Soul (dezembro).

Para celebrar os lançamentos ligados aos Beatles, no mês de setembro, o Mofodeu fará dois programas especiais:

Dia 21/09/2009: Mofodeu #067: Especial 40 anos do lançamento de "Abbey Road"

Dia 28/09/2009: Mofodeu #068: Versões de Beatles (só com outros artistas executando canções do Fab Four)

Fique ligado em:

www.mofodeu.com



Comentários

  1. Eu ainda não sei se esses jogos estimulam a criança a arender um instrumento, ou se atrapalham esse aprendizado...

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