Minha Coleção: Reginaldo Caixeta - "Tornar-se um colecionador não é um processo planejado"


Por Ricardo Seelig
Colecionador

Esta nova entrevista da seção Minha Coleção, com o colecionador Reginaldo Caixeta, levanta um ponto interessante: ninguém traça um plano para se tornar um colecionador de discos. Vocês lembram qual o primeiro LP/CD que compraram, certo? Mas vocês imaginavam que iriam ter tantos discos como têm hoje, iriam se tornar colecionadores compulsivos, sabendo tudo e mais um pouco sobre as suas bandas favoritas? Aposto que não.

Mas, vamos deixar as teorias de lado e conhecer e curtir a coleção do Reginaldo. Venham comigo em mais uma fantástica viagem pelo mundo maravilhoso dos discos!

Pra começar muito obrigado por ter aceitado o convite para participar da Collector´s Room. Gostaria que você se apresentasse aos nossos leitores e já nos contasse quais são os seus artistas e estilos musicais preferidos.


Inicialmente, obrigado a você Ricardo, por oferecer-me a oportunidade de participar da Collector´s Room, coluna que sempre acompanhei no Whiplash! e agora através do blog. Bem, meu nome é Reginaldo Silva Caixeta, sou administrador por formação e um apaixonado pelo rock e seus subgêneros. Tenho 29 anos, sendo um ouvinte assíduo do rock desde os onze. Tenho grande admiração por vários músicos e bandas, porém posso seguramente afirmar que um grupo que jamais deixei de acompanhar e me envolver com sua música ao longo dos anos é o grande Iron Maiden.

Como foi a transição de um ouvinte tradicional para aquele ponto em que você percebeu que estava se tornando um colecionador?

Bem, tornar-se um colecionador não é um processo planejado. Por volta de 1993 (então com 13 anos), o envolvimento com os colegas de escola e as calorosas discussões sobre as bandas me faziam ter vontade de estar bem informado sobre o material que circulava e também de ter acesso a coisas (bandas), digamos, mais difíceis de encontrar para mostrar aos amigos. Lembrando que esta é uma fase da vida de todos nós onde a influência que eventualmente venhamos a exercer na formação de opinião do grupo é quase que fundamental para nossa aceitação. 1992/1993 foi um período de transição no rock mainstream, com a explosão do Nirvana e seus similares, porém foi uma fase muito forte também para o death metal americano, e ouvi muitas daquelas bandas neste primeiro momento em que buscava todo o material possível. No início me preocupava mais com a quantidade do que a qualidade.

Você se lembra como foi o seu primeiro contato com a música, como você descobriu e se apaixonou pelo rock em geral? Cite o primeiro disco e o famoso marco zero da sua coleção.

Dei-me conta de que realmente gostava de música na segunda metade dos anos oitenta, ainda durante minha infância. Meus tios (do lado materno) possuíam vários LPs, dentre eles coisas como Abba e Rod Stewart, porém o disco que primeiro me apaixonei e ouvi até quase furar foi a coletânea All the Best, do Paul McCartney. "No More Lonely Nights" está certamente entre as músicas que mais ouvi na vida. Uma curiosidade sobre esta faixa é que apenas recentemente fui descobrir que quem faz o solo é o David Gilmour! Fez todo sentido!

No entanto, a primeira banda que me apaixonei e queria realmente ter tudo, e ouvia o dia inteiro, já no início da adolescência, foi o Guns N´ Roses. Achava tudo o máximo: a postura rebelde, a grandiosidade dos shows, os vídeoclipes. Ouvia tanto que cheguei ao ponto de decorar todas, eu disse TODAS, as letras das músicas, de todos os álbuns! Podia cantarolar o Appettite for Destruction do início ao fim, sem acompanhar no encarte! E cantarolava todos os solos de guitarra também! Dessa forma, posso dizer que Appettite for Destruction é o marco zero da minha coleção, do consumo do produto música. Mas o Paul McCartney é a fagulha inicial, a descoberta do fogo.

Onde a coleção é guardada

Quantos álbuns você possui e que outros itens formam a sua coleção, além dos discos e DVDs?

Atualmente tenho em torno de 1.100 CDs. Tenho poucos DVDs e também coleciono a revista Roadie Crew. Compro mensalmente e tenho todas a partir do número 27. Gosto bastante de DVDs também, porém, pra mim, comprar DVDs significa não comprar CDs, que é um item que aprecio mais, pois tudo não dá pra comprar mesmo em virtude do valor. Mesmo assim, tenho alguns do Iron Maiden (claro!!) e alguns outros gatos pingados. Tenho também vários CDs com álbuns em MP3, uns 500 álbuns aproximadamente. Porém, quando baixo algo que gosto muito, se achar o CD original, compro.

De que grupos você possui mais material?

Tenho bastante material do Iron Maiden, Black Sabbath, Judas Priest, Deep Purple e Queen. Cito estas bandas, pois são grupos com uma discografia (oficial) já extensa e possuo quase todos os álbuns desses grupos. Tenho também todos os álbuns oficiais de bandas como Savatage, Slayer e Testament, porém no total não são tantos discos assim. Tenho também muito de Whitesnake, Yngwie Malmsteen, Uriah Heep e várias outras.

O início de tudo

Digibook do Primal Fear

Você possui todas as versões de um mesmo disco ou se contenta apenas com uma? Se for só uma, qual versão você escolhe?


Neste item sou diferente de vários colecionadores. Não sou fascinado por versões. Talvez inconscientemente, pelo fato de o dinheiro destinado pra esse fim ser bastante limitado, então prefiro adquirir um álbum regular ao invés de um single com poucas músicas, e quase sempre repetidas. Mais de uma versão do mesmo álbum então, nem pensar! A preferência é pelas versões nacionais (que são mais baratas), e que ultimamente estão bem caprichadas também, com faixas-bônus exclusivas e tudo mais.

Acho legal quem se interessa por muitas versões, isso faz parte da fantasia de nós, colecionadores. Vi aqui mesmo na Collector´s um camarada colecionador de Iron Maiden que tinha onze (!!!) versões diferentes do álbum Fear of the Dark, entre outros títulos. Quando perguntado sobre se ainda lhe faltava algum item, ou algo parecido, ele disse que estava a procura da versão mexicana (?!?!?!) do single "Lord of the Flies". Aquilo me fez perceber que eu sou uma pessoa normal!! (risos)

Qual item você considera o mais valioso da sua coleção?

Tenho estima por tudo, é difícil pontuar apenas um. Porém, possuo um box japonês com todos os singles do Maiden nos anos 80 (o The First Ten Years, bem famoso. ..). Comprei de um amigo por um valor inacreditavelmente baixo (ele tinha consciência disso, mas estava querendo se desfazer mesmo), e em ótimo estado! Este até eu mesmo evito ficar manuseando pra não estragar ou marcar a caixa!!

Vale aqui uma explicação: citei a pouco que não sou consumidor de singles, porém trata-se de um item muito bonito de minha banda preferida e adquirido numa condição excepcional. E o mais importante: nos 80´s os singles do Maiden eram recheados de material interessante, como versões ao vivo inéditas, covers (a versão de "Massacre" do Thin Lizzy, no single de "The Evil That Men Do", supera a original!!) e músicas inéditas (os singles dos dois primeiros álbuns têm várias músicas que não saíram nos discos, mas o melhor mesmo é o single de "Wasted Years". Adrian Smith cantando "Reach Out" emociona!).

Qual foi o maior número de álbuns que você comprou de uma única vez?

Certa vez estive em Goiânia e aproveitei para visitar uns sebos. Acabei num mesmo dia comprando 27 CDs (!!!). O bom dos sebos é que você pode encontrar aquele item ultra-mega-difícil-raro de conseguir, empoeirado num canto e por um preço bacana. Nessa viagem que citei encontrei uma edição remasterizada com "trocentos" bônus do Night of the Blade, do Tokyo Blade, que é um mega-clássico da New Wave of British Heavy Metal. O CD estava novinho e eu paguei uma merreca (se fosse encomendar ficaria dez vezes mais caro, no mínimo!). Por outro lado, às vezes a gente encontra umas coisas difíceis em péssimo estado, faltando partes do encarte, e isso corta o coração ... (risos).

Bons discos de todos os gêneros marcam presença na coleção

Quantos álbuns em média você compra por mês?

Ultimamente tenho comprado muito pouco, em virtude de outros projetos pessoais. Mas já houve um tempo em que devo ter atingido uma média de cinco, seis por mês (o que considero uma média razoável levando-se em conta a economia e também o preço que cobram por um CD).

Com os downloads, muita gente já não compra CDs. Isso de alguma forma serviu de desculpa para o aumento do preço dos discos nas lojas (pela queda das vendas), o que fez diminuir a circulação dos títulos. Onde moro não existem lojas especializadas e quem tem CDs dificilmente os vende, daí o movimento nos sebos também diminui. Onde quero chegar? O legal de se comprar CDs é você se deparar com "aquele" título a muito desejado, numa prateleira, nas suas mãos! Comprar pela internet é fácil e seguro, porém vasculhar as prateleiras das lojas é, na minha opinião, parte do prazer em adquirir o título. Nada substitui a satisfação de se encontrar um Tokyo Blade novinho, no susto, em meio a um monte de outros títulos corriqueiros.

Tem algum item que, só de alguém chegar perto, você já gela e morre de ciúmes, tem um carinho especial e não venderia de jeito nenhum?

O box do Iron Maiden é um deles, com certeza. Devo dizer, porém, que não me passa pela cabeça vender nada da minha coleção. E tenho o mesmo ciúme de tudo, igualmente.

Entre tudo o que você possui, quais foram os itens que deram mais trabalho para conseguir?

Não há nada que eu tenha procurado desesperadamente pra dizer que foi difícil achar. No meu acervo possuo de Beatles a Krisiun, de Bad Company a Cannibal Corpse, de Asia a Morbid Angel. Logo, minha lista de interesse é muita ampla. O que costumo fazer é estar sempre pesquisando sites em busca de bons negócios e também de itens que eventualmente são difíceis, porém sem nada específico em mente. Quando viajo, não perco a chance de visitar um sebo. Então vou comprando à medida que encontro, sem obsessão por um título ou outro. Esse é o modus operandi.

Mas posso citar alguns casos de aflição: certa vez estava adquirindo uns títulos thrash da Combat que saíram nacionais (Forbidden, Dark Angel) e deixei por último o Fabulous Disaster, do Exodus. Quando finalmente tive o impulso de adquirir este, fui atrás e já havia se esgotado. Pesquisei em quase todas as lojas da Galeria do Rock que vendiam pelo correio e nada. Fiquei louco! Quase paguei uma pequena fortuna no importado de tão frustrado que fiquei, mas acabei me conformando. Recentemente este Exodus voltou ao catálogo. Comprei imediatamente, claro!!

Vivi situação parecida com o Live After Death, do Iron Maiden. Queria a versão dupla, que contém o lado quatro do vinil, porém quando finalmente fui atrás, sumiu! O vendedor da loja (que era meu amigo) quando me via entrando já advertia: "Calma, ainda não chegou, mas eu vou continuar pedindo". Isso sem eu dizer uma palavra!! Posteriormente voltou a aparecer e aí não perdoei!

O único CD que perdi a paciência em esperar uma boa oportunidade para adquirir foi o Rage For Order, do Queensryche. Porém, não foi difícil encontrar, apenas “salgado”.

Os discos convivem em perfeita harmonia

Qual é o CD mais estranho da sua coleção?


Acho que não possuo este item. Algumas pessoas às vezes acham estranho um cara "metaleiro" como eu ter CDs do Richard Marx e Michael Bolton, que são artistas essencialmente pop. Porém, no fim não acho nada demais, porque são artistas que estão sempre cercados de grandes músicos e produzem boa música. No fim, minha percepção destes artistas não fica tão distante, por exemplo, de um Journey (outra banda que eu adoro), de um Asia, Survivor, que são bandas respeitadas no âmbito do rock. Tudo bem, se compararmos com o Assassin ou o Kataklysm, aí fica bem distante (risos).

A sua coleção tem um limite? Você acha que, algum dia, vai parar de comprar discos porque acha que, enfim, tem tudo o que sempre quis ter? Você acha que esse dia chegará, ou ele não existe para um colecionador?

Definitivamente não existe este ponto. Não somente pra mim, mas pra todo colecionador. Particularmente estou sempre tendo contato com coisas diferentes e, não raro, passo a me interessar por coisas que inicialmente não gostei. Então nunca há um limite. Além do mais Ricardo, se pensarmos na hipótese (absurda) de que, a partir desse exato momento, não haverá mais bandas, nem novos lançamentos de nada dentro do mundo do rock, ainda assim haveria uma infinidade de boas bandas e álbuns para se adquirir. Ouço música diariamente desde 1991. A partir de 1993, comecei a pesquisar, ir atrás de tudo mesmo. Posso dizer portanto que, pelo meu perfil e tempo de janela, conheço muita coisa. No entanto, até hoje me deparo com álbuns fantásticos lançados em 1985, por exemplo, de bandas que sequer sabia que um dia existiram! É impossível estabelecer um limite baseado na idéia de que já se adquiriu tudo. O acervo é virtualmente infinito.

Já parou para pensar com quem os seus discos ficarão quando você estiver mais velho? Quem será o herdeiro da sua coleção no seu futuro?

Confesso que não. Não tenho filhos ainda, e quando vierem não pretendo influenciar também. Paixão por arte, seja música, pintura, cinema, é algo que precisa despertar espontaneamente para ser verdadeira e sólida. Além do mais, o rock me dá energia suficiente pra viver mais uns 150 anos, assim ainda tenho muito tempo pra pensar nisso(risos).

Alguns clássicos da NWOBHM

Como sua família lida com essa quantidade de CDs?


Tenho uma família incrível, que me apóia e, principalmente, me respeita em tudo. Com a coleção não é diferente.

Você possui algum acervo de bootlegs? O que acha disso? Quais bootlegs de sua coleção você destacaria?

Não possuo bootlegs. Sei da existência de alguns muito legais, mas meu raciocínio com estes itens é parecido com minha idéia sobre os singles. Bootlegs são sempre caríssimos e quase sempre com qualidade discutível. Por curiosidade, já adquiri alguns bootlegs em DVD, entre eles um do Iron Maiden (um show da Somewhere on Tour ´86) e um show do Judas Priest na tour do Painkiller, mas parei por aí. Por sinal, adquiri estes com o Johnny Z, que mais tarde fui ver aqui na Collector´s Room e que atualmente é colaborador da Roadie Crew.

Sabemos que todo colecionador tem as suas manias. Alguns mais, outros menos, mas todos têm as suas. Como você guarda e conserva os seus CDs?

Fiz uma estante exclusivamente pra guardar os CDs e revistas. Eu mesmo desenhei e planejei as medidas. Guardo os CDs observando o estilo das bandas e a ligação que uma pode ou não possuir com a outra. Por exemplo, os álbuns solo do David Lee Roth estão juntos aos do Van Halen, os do Running Wild estão na sequência dos do Grave Digger e Rage, e assim por diante. Os álbuns da mesma banda são ordenados cronologicamente. De tempos em tempos procuro limpar pra evitar acúmulo de poeira e evitar assim a depreciação. Mas tudo sem muita paranóia.

Você empresta os seus discos ou emprestar é um verbo inconcebível com um colecionador?

Só empresto para um amigo que tem o mesmo cuidado que eu tenho, pois também possui bastante material. Para outras pessoas não empresto, pois já tive experiências bastante desagradáveis. Pode parecer chatice, mas existem alguns itens que são insubstituíveis. Coisas que já estão fora de catálogo a anos. Se estragar na sua mão já é complicado, imagina estragar na mão de um terceiro. Logo, não tenho nenhum constrangimento em negar. Se quiser ouvir, gravar, tudo bem, a gente marca aquela cervejinha em casa e curte, mas pedir emprestado é chamar pra briga!! A conjugação desse verbo é a seguinte: eu não empresto, tu não levas! (risos)

Os itens preferidos da coleção

Eu gostaria que você fizesse agora um top#5 com os itens do seu acervo que você mais curte.

Difícil, mas vamos lá. Vou citar, porém não necessariamente identificando ordem de preferência:

- The First Ten Years (box japonês de singles do Iron Maiden);
- Live Shit: Binge and Purge (box do Metallica, com 3 CDs e 2 DVDs);
- Primal Fear - Jaws of Death (digibook europeu, muito bonito);
- Candlemass - Chapter VI (CD)
- Satan - Court in the Act (CD)

Sobre estes dois CDs, explico a minha admiração. Toda vez que penso em itens raros na minha coleção, lembro desses dois de imediato. Ambos são fantásticos! O Satan até já vi pra vender em algumas lojas virtuais, até por ser um item cult, porém é sempre caro. Quando digo caro, pense bastante caro! Esse Candlemass (outra banda que adoro) é um título bastante obscuro na discografia da banda, mas é tão maravilhoso quanto os clássicos. Esse eu nunca vi em lugar nenhum, nem site, nem loja física, nem pra download! E em ambos os casos (Satan e Candlemass) adquiri de pessoas que estavam se desfazendo de seus acervos, logo paguei uma babinha!!!! Não posso reclamar, sempre tive alguma sorte nestes casos.

Quais são, para você, os dez melhores álbuns de todos os tempos?

Essa é aquela lista impossível de se fazer, porém mesmo assim fazemos e adoramos! Poderia fazer uma lista com dez títulos em cada subgênero que aprecio, ou uma única com uns oitenta (!) títulos, mas ok, os dez melhores de todos os tempos dessa semana pra mim são (não vou citar nenhum do Iron Maiden, porque senão teria de citar pelo menos uns seis só deles):

Savatage – Gutter Ballet
Whitesnake – 1987
Metallica – Ride the Lightning
Forbidden – Forbidden Evil
Black Sabbath – Heaven and Hell
Rainbow – Rising
Dream Theater – Images and Words
Journey – Trial by Fire
Europe – Prisoners in Paradise
Ozzy Osbourne – The Ultimate Sin

Que banda não te desce de jeito nenhum?

Iced Earth. Não sei a razão. É uma banda muito "metal", as capas dos discos são lindas, o visual da banda é legal, tudo apontaria pra que eu fosse fã. Mas eu detesto. Até tenho um CD, o Framing Armageddon, que adquiri pra dar uma nova chance a mim mesmo, mas falhou. Acho Jon Schaeffer um guitarrista muito meia-boca, repetitivo. Não me transmite nada.

Vou dizer uma coisa agora que vai chocar muita gente, mas posso citar um sentimento parecido com relação a um músico: Zakk Wylde. O cara é um puta guitarrista tecnicamente, presença de palco avassaladora, toca com a lenda Ozzy, e toca muito. Porém não consigo gostar dele. Aliás, acho um saco. Aqueles harmônicos a cada cinco segundos me dão nos nervos! E acho o timbre da guitarra dele totalmente artificial, "emborrachado". Sei que não é uma explicação muito lógica, mas enfim ... Acho que depois dessa, vou ter que andar na rua escoltado (risos).

O que você está ouvindo ultimamente e recomendaria aos nossos leitores?

Dois álbuns que estão competindo ultimamente no meu aparelho de som são o Beyond the Crimson Horizon, do Solitude Aeturnus - pra mim o true metal de fato: pesado, direto, tradicional e empolgante. E o segundo é o álbum V, da banda dinamarquesa de hard rock Fate. Essa banda foi formada pelo à época ex-guitarrista do Mercyful Fate, Hank Sherman, em meados dos 80´s. Este disco, porém, não conta com Sherman e foi lançado em 2006, uma espécie de comeback, pois não gravavam a muito tempo. É maravilhoso e o vocalista é incrível, com um timbre bem peculiar e muita potência, sobretudo para uma banda de hard rock.

Qual item que você tem apenas para completar a coleção?

A resposta óbvia pra essa pergunta todos já sabem: Virtual XI, do Iron Maiden. Uma pena realmente. Tem boas músicas, mas Blaze Bayley arruinou o disco. Harris e Murray não estavam inspirados e Janick Gers, bem ... ele é só Janick Gers. Mas tudo bem, toda grande banda já lançou uma granada, vide o Judas Priest com Demolition, o Queensryche com Hear in the Now Frontier, o Metallica com St Anger e por aí vai.

Se você tivesse que indicar algumas bandas, e alguns discos, para uma pessoa que nunca teve contato com o rock, o que indicaria?

Isso precisaria ser bem planejado. Começaria com Asia e Journey, pra não assustar muito, depois um Rainbow e em seguida Iron Maiden - ou seja, bastante melodia, mas com muita pegada -, e talvez fecharia este ciclo com um Metallica da fase Black Album. A partir daí, essa pessoa teria substância suficiente pra caminhar sozinha e poderia definir seu interesse por outras bandas e estilos.

Alguns clássicos obrigatórios

O rock já está aí há mais de cinquenta anos, e passou por diversas fases nestes anos todos. Sendo assim, eu gostaria que você indicasse aos nossos leitores os álbuns que você recomenda das décadas de sessenta até hoje.


Da década de sessenta conheço pouco. Mas a partir da década de setenta vou citar dez!! Vou descontar a listinha agora! Vamos lá:

60´s:
Led Zeppelin – I
The Jimi Hendrix Experience – Axis: Bold As Love
The Beatles – qualquer um

70´s:
Rainbow – Rising
AC/DC – Highway to Hell
Black Sabbath – Vol 4
Deep Purple – Burn
Boston – Don´t Look Back
Led Zeppelin – Physical Graffiti
Thin Lizzy – Fighting
Uriah Heep – Return to Fantasy
Van Halen – Van Halen
Queen – News of the World

80´s:
Iron Maiden – Powerslave
Uriah Heep – Abominog
Judas Priest – Defenders of the Faith
Accept – Metal Heart
Candlemass – Nightfall
King Diamond - Abigail
Metallica – Master of Puppets
Def Leppard – Pyromania
Journey – Frontiers
Metal Church – The Dark

90´s:
Black Sabbath – Dehumanizer
Angra – Angels Cry
Dream Theater – Images and Words
Blind Guardian – Somewhere Far Beyond
Death – Symbolic
Megadeth – Rust in Peace
Mr. Big – Lean Into It
Testament – Low
Saxon – Metalhead
Yngwie Malmsteen – The Seventh Sign

00´s:
Symphony X – Odissey
Candlemass – Candlemass
Exodus – Tempo of the Damned
Nevermore – Dead Heart in a Dead World
Saxon – The Inner Sanctum
Slayer – Christ Illusion
Allen / Lande – The Battle
Fate – V
Gotthard – Lipservice
Kamelot – The Black Halo

Nestes anos todos esta paixão pela música certamente propiciou a você diversas experiências interessantes e curiosas. Quais foram as mais divertidas e quais foram os momentos mais inesquecíveis?

Certa vez entrei num sebo onde o cara que trabalhava lá também era fã de metal (imagina você concorrendo pra pegar os títulos que chegam na loja com o cara que os recebe). Ele não havia trabalhado de manhã e chegou à loja praticamente junto comigo. Começamos a conversar enquanto eu passava os CDs na prateleira. De repente me deparei com o Love is for Suckers do Twisted Sister, me assustei e ele também! Como uma bala eu peguei o CD e ele se atirou na minha mão pra tentar me tomar! Foi uma cena ridícula, nós dois quase aos tapas pra ver quem ficava com o CD! Quase derrubamos a prateleira inteira no chão! (risos). No fim, fiquei com o CD, afinal achei primeiro.

Mas as melhores experiências com certeza estão nas amizades que fiz por meio da música. E é engraçado notar hoje em dia como a quinze anos atrás éramos radicais e limitados para analisar música. Atualmente ouço e gosto de coisas que naquele tempo jamais sonharia que um dia poderia gostar. Nada como o tempo pra abrir a mente.

O momento mais marcante nesta trajetória foi ver o Iron Maiden ao vivo em 2004. Ver aqueles caras 15 metros a minha frente me fez viajar no tempo e lembrar das fotos do encarte do Live After Death. Sequer parecia real! Realizei um sonho naquele dia.

Alguns itens bem interessantes da coleção

Algumas perguntas rápidas: Beatles ou Stones?

Beatles.

Deep Purple ou Rainbow?

Rainbow.

Led Zeppelin ou Black Sabbath?

Black Sabbath.

Iron Maiden ou AC/DC?

Iron Maiden.

Show ou CD?

Essa é difícil, mas acho que um CD.

Mais uma vez muito obrigado por ter participado da Collector´s Room e parabéns pela sua coleção.

Novamente muito obrigado pela oportunidade, Ricardo. Parabéns pelo trabalho. Minha coleção é acima de tudo equilibrada. Busco itens que tenham sido representativos na história do rock, mas acima de tudo coisas que realmente vou ouvir. Não possuo nada que olho e ignoro. Claro que a quantidade nos faz ficar alguns anos sem ouvir certos títulos, porém existem dias em que apenas aquele CD vai te satisfazer. Espero que os leitores apreciem a entrevista e possam talvez se identificar com o meu perfil e a minha história. Um forte abraço a todos e keep on rockin´!!!


Comentários

  1. Muito boa a coleção, acho que a mais diversificada de metal mostrada por aqui.

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  2. Legal, me identifiquei com a personalidade do entrevistado! tá de parabéns pela coleção e a entrevista nota 10!
    Abraço!
    Ronaldo

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  3. Parabéns pela coleção e pela entrevista, gosto muito de coleções diversificadas, com discografias de várias Bandas, sigo +/- esta linha,não me prendendo a uma só Banda, Valeu!
    Abraço

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  4. Interessantíssima essa observação dele de que tornar-se colecionador não é um processo planejado. Pensando bem, acho que dá pra comparar com um vício, que também não é um processo planejado. O meu primeiro sintoma de colecionador foi quando comprei um disco do David Bowie mesmo sem gostar. Quando me perguntaram "então por que comprou" eu não soube responder. Hoje eu sei a resposta: é porque eu já estava colecionando o material dele e não sabia. Até nisso se assemelha a um vício: a gente só percebe que virou um colecionador depois de muito tempo.

    Isso me faz lembrar que os itens de coleção em si também não são planejados. Ou melhor, alguns até são, quando são "edições de colecionador". Mas raridade mesmo é disco que não chamou a atenção na época do lançamento. Um exemplo típico é o primeiro LP do Roberto Carlos. Outro são os discos do Tim Maia da fase "Racional". Eu lembro quando eles foram lançados. Meu pensamento foi de que eles iriam ser um fracasso retumbante e que Tim Maia estava muito iludido se achava que os fãs iriam se interessar por aquilo. Na época, não se interessaram mesmo e foi, de fato, um fracasso retumbante. Hoje valem ouro.

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