Castiga!: Sky Blue Sky, a obra-prima do Wilco


Por Marco Antonio Gonçalves
Colecionador
Sinister Salad Musikal

Sexto álbum de estúdio da banda americana Wilco,
Sky Blue Sky foi lançado em 15 de maio de 2007, mas tenho que confessar que o play continua em alta rotatividade aqui no pedaço. Capaz da bolachinha se desintegrar … E o que é melhor: a edição de luxo vem acompanhada de um DVD e posso, desta forma, conferir a olhos vistos a categoria monstruosa desta turma de Chicago.

Dos melhores grupos surgidos nos últimos anos, tem à frente a figura do excelente violonista, cantor e compositor Jeff Tweedy que, neste ótimo trabalho, descarrega seu acervo de belas poesias, falando sobre a conturbada relação humana e seus estilhaços de tristeza, alegria, amor, ódio, esperança e desgosto.

Passional e sentimental o suficiente para nos fazer mergulhar naquele climão melancólico em meio a um daqueles dias cinzentos, ou quem sabe ser apreciado após um briguinha básica com a patroa. Se não houver reconciliação, resta então emoldurar a capa do álbum (belíssima por sinal), colocá-la na parede e gritar a plenos pulmões: "
Soy un hombre libre". Céus, quanta bobagem … (risos)

Bom, falando sério, quem já escutou Wilco sabe que a banda toda é fodástica e que técnica e feeling são qualidades que não ficam restritas ao band-leader Jeff Tweedy. Outros músicos também impressionam com as suas habilidades musicais. É o caso de Nels Cline, experiente guitarrista de berço jazzístico e correntes diversas, que só entrou na banda em 2004. O line-up traz ainda o tecladista Mikael Jorgensen, o batera Glenn Kotche e o duo do Autumn Defense, o multiinstrumentista Pat Sansone e o baixista John Stirratt, além de outras participações.


O disquinho tem de tudo: pop, soul, jazz, folk, country e uma sonoridade imersa no soft-rock setentista. As referências são muitas. É impossível ouvir Sky Blue Sky e não lembrar de Beatles, Wings, Steely Dan, Byrds ou Neil Young, por exemplo.

Os arranjos são um arregaço, beneficiando principalmente as artimanhas sensacionais de Cline (na faixa título ou em "Walken", por exemplo, ele coloca a guitarra no colo e a chama de meu bem, tocando com as cordas voltadas para cima e os dedos percorrendo os trastes, com o slide correndo solto), as peripécias do competente Sansone (principalmente quando interfere com seu Hammond) e os malabarismos de Kotche (deve ser cabuloso saber tocar bateria só para frasear músicas como "Walken", "Shake It Off" ou "Hate It Here" - Demais!).

Faixas poderosas como "Either Way", "Impossible Germany", "Side with the Seeds" ou "On and On and On" mostram a coesão da banda, com belas construções harmônicas, melodias inesquecíveis e composições com a assinatura de Mr Jeff Tweedy.

Sei que muitos preferem Yankee Hotel Foxtrot de 2002 ou A Ghost is Born de 2004, registros excepcionais, sem dúvida, mas o meu preferido é mesmo esta belezinha lançada em 2007 chamada Sky Blue Sky.

Vou escutar o play de novo e já volto.

Comentários

  1. Este disco é fenomenal! A banda é realmente uma das mais honestas e criativas da atualidade. Concordo ser este o melhor disco até o momento!

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  2. SBS entraria fácil numa sessão "Os machos também choram". Ainda não conheço toda a discografia da banda do Tweedy, mas esse certamente já tem lugar garantido entre os melhores álbuns que meus pobres ouvidos já tiveram o honra de conhecer.

    É fodastico!!!

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