Com clássicos de peso, Metallica derruba Porto Alegre na lama


Fernando Diniz
Jornalista
(matéria publicada originalmente no portal
Terra)

Mesmo onze anos mais velhos depois do último show no Brasil, o Metallica não se mostrou nem um pouco fora de forma com o passar do tempo. Ao som de clássicos dos primeiros discos da carreira, os 26 mil fãs presentes em Porto Alegre pareciam não se importar com o chão lamacento do Parque Condor, indo a nocaute diante dos riffs de guitarra da banda americana, formada nos anos oitenta.

Por volta das 21h45, o início da
World Magnetic Tour no Brasil era anunciado com a pesadíssima e pulsante "Creeping Death". Sem tempo para saudações, o baixista Robert Trujillo chamou logo em seguida o tema da "For Whom the Bell Tolls". Uma pequena exibição de microfonias do guitarrista Kirk Hammett emendou em "Ride the Lighting", faixa-título do álbum de 1984 que abriga os três clássicos.

Depois dos três primeiros golpes, o Metallica partiu para um clima mais ameno, com a singela "The Memory Remains", de uma fase mais mansa do grupo. Com os ânimos mais calmos, o vocalista e guitarrista James Hetfield surgiu com um violão e tocou os primeiros acordes da épica "Fade to Black", com belos solos de Kirk.

Após apresentar três músicas do último disco,
Death Magnetic, que dá nome à turnê, Hetfield afirma: "Ouvi falar que os brasileiros gostam de música pesada". Era o prenúncio de outro petardo: "Sad But True", do disco conhecido como Black Album. Nessa, o baterista dinamarquês Lars Ulrich parecia que pretendia quebrar os pratos de sua bateria, tamanha força colocada no acompanhamento da faixa, grave e marcante.

Outro ponto alto do show foi a sequência fatal formada por "One", "Master of Puppets" e "Battery", que dispensam apresentações. A balada "Nothing Else Matters", introduzida por arranjos da guitarra limpa de Kirk Hammett, foi a que recebeu maior coro dos fãs. Na sequência, "Enter Sandman" fechou o repertório do disco preto do Metallica.

No bis, o grupo surpreendeu ao tocar "Die Die My Darling", da banda punk Misfits. O desfecho foi uma volta às origens, com "Phantom Lord" e "Seek and Destroy", ambas do primeiro álbum do quarteto,
Kill´Em All, de 1983.


Gafe

Por duas vezes, James afirmou que o show desta quinta-feira era o primeiro do grupo na capital gaúcha. Na verdade, a banda também tocou em 1999, no Jóquei Clube. Quando James repetiu a frase, no fim do show, Kirk gesticulou para a plateia que este era o segundo espetáculo da banda em Porto Alegre. O vocalista, no entanto, parece não ter notado o sinal do colega.


Torta e presentes

Após o show, James Hetfield jogou várias tortas na cara de um dos membros da equipe da banda, em cima do palco, em comemoração ao seu aniversário. A pedido do vocalista, a plateia cantou parabéns ao aniversariante. Depois, os integrantes do Metallica arremessaram centenas de palhetas para os fãs que estavam na área VIP, em frente ao palco. Alguns conseguiram pegar mais de uma palheta estilizada do álbum
Death Magnetic.

Confira o set list apresentado pela banda no show em Porto Alegre, dia 28/01/2010:

Creeping Death
For Whom the Bell Tolls
Ride the Lightning
The Memory Remains
Fade to Black
That Was Just Your Life
The End of the Line
The Day That Never Comes
Sad But True
Cyanide
One
Master of Puppets
Battery
Nothing Else Matters
Enter Sandman

Die, Die My Darling
Phantom Lord
Seek and Destroy






Comentários

  1. Pois é Mairon, pelo que eu li e vi, foi mesmo. Vai escrever algo sobre o show?

    ResponderExcluir
  2. Já estou escrevendo. Te envio até o inicio da tarde. Poxa, as fotos são do clickrbs!!! Quase dei os parabéns pelo Fernando ter pego o set list, mas não, é de uma mina do click. Baita show. BAITA!!!

    ResponderExcluir
  3. Um show melhor que o de 1999, ao qual também fui. Desta vez a banda parecia com mais vontade, com mais "sangue nos olhos", com mais alegria de tocar, e não estavam tão burocráticos quanto há 10 anos...

    O som estava perfeito, nada a reclamar quanto à isso.

    Pena o local ser um chiqueiro a céu aberto, onde ver alguma coisa do imenso porém baixíssimo palco era tarefa quase impossível mesmo para os meus 1,80m (que dirá para os mais baixos)... Mas sei que o Mairon vai escrever sobre isso, portanto não vou me alongar muito...

    Fiquei com a impressão de que paguei para me embarrar e assistir a um DVD (pois só via o telão)... mas deve ter sido o melhor DVD que já vi na vida.

    Apesar dos pesares, se houvesse outro show hoje eu iria de novo, com certeza!

    ResponderExcluir
  4. Fui no show de 1999 no Jóquey Club em Porto Alegre, e pelo que li e dá para sentir das pessoas que estiveram ontem em Porto Alegre, esse show de 2010 foi muito melhor do que o de 11 anos atrás.

    Até porque, naquela época, a banda estava divulgando o Garage Inc, um disco de covers, que, por mais que seja legal - e é -, não tem a consistência de um disco de inéditas tão com quanto é Death Magnetic.

    ResponderExcluir
  5. Acho que a maior diferença, que fez este show ser melhor que o de 1999, foi a atitude da banda. Como escrevi, há 10 anos a banda estava muito burocrática, sem interação entre os seus membros, com aquelas intermináveis introduções que não levavam a nada (lembra-se?), e com um set list baseado no período entre o disco preto e o garage inc, com poucas "antiguidades". Desta vez tudo foi diferente: a atitude da banda, o repertório escolhido, a estrutura do evento, os efeitos visuais, a presença de palco (Trujillo não é humano, é um ET...), a alegria no rosto dos membros da banda e dos fãs... tudo, enfim!
    Apenas o local de 1999 que dava de 500 a zero no potreiro chamado "Parque Condor" (que lugarzinho terrível...).

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Você pode, e deve, manifestar a sua opinião nos comentários. O debate com os leitores, a troca de ideias entre quem escreve e lê, é que torna o nosso trabalho gratificante e recompensador. Porém, assim como respeitamos opiniões diferentes, é vital que você respeite os pensamentos diferentes dos seus.