Rammstein: alemães malucos, polêmicos e pesados


Por Regis Tadeu
Colunista do Yahoo! Brasil
Yahoo! Brasil

A primeira vez que ouvi algo a respeito do Rammstein foi quando recebi da gravadora o disco
Sehnsucht (1997). Ao contrário de quase todo mundo que eu conhecia na época, achei espetacular a estranha mistura de heavy metal e aquilo que a gente conhecia naquele tempo como techno.

Depois, vi o grupo abrir o show do Kiss em São Paulo, em abril de 1999 - que fez uma péssima apresentação, com Ace Frehley e Peter Criss tocando bêbados como dois gambás. Ao contrário da maioria dos fãs babões do quarteto americano presentes ao Autódromo de Interlagos, vi que a banda alemã tinha roubado o show tocando apenas quatro músicas. A partir dali, passei a acompanhar a carreira do Rammstein com grande interesse.

Nos shows, o uso de recurso cênicos é primordial. Alguns bem chocantes para os mais puritanos, como quando os caras tocam "Büeck Dich", que fala sobre sadomasoquismo e inclui uma encenação de sodomia.

Mas o grande lance é que dentro dessa avalanche de peso há sempre alguma melodia memorável. Quem conhece o som dos caras muitas vezes se pega cantarolando as músicas sem entender patavina do significado das palavras - que, na maioria das vezes, falam sobre sexo, amores repletos de bizarrices e obsessões que beiram a pornografia, tudo com um senso poético maluco e interessante.

Muita gente diz que os caras são neonazistas, o que é de uma estupidez típica dos asnos. O fato de as letras serem em alemão evidencia não apenas uma independência em relação ao mercado mundial, mas elas também funcionam como um elemento de força dentro da sonoridade da banda, dada à maneira como o carismático vocalista Till Lindemann as entoa. Os guitarristas Richard Kruspe e Paul Landers, o baterista Chistoph Doom Schneider, o tecladista Flake Lorenz e o baixista Olliver Riedel são mestres na arte de usar recursos eletrônicos para propiciar mais agressividade aos seus instrumentos. E, para incrementar tudo isso, os caras sempre tiveram clipes bacanas para músicas sensacionais, como "Rosenrot", "Benzin", "Du Hast", "Keine Lust", "Ich Will", "Mann Gegen Mann" e "Sonne".

Recentemente, saiu no Brasil o novo disco dos caras,
Liebe ist für Alle Da (algo como "o amor está aí para quem quiser") e traz faixas bem legais, como a polêmica "Pussy", que tem um clipe de sexo explícito que depois acabou censurado. Tem pauladas como "Ich Tu Dir Weh", "Waidmanns Heil", "B********" e "Rammlied", além das surpreendentes variações de dinâmicas na poderosa "Wiener Blut". Mas tem também canções que remetem a tempos passados, como o belo momento com violões batizado como "Fruhlin in Paris" e "Roter Sand", que parece trilha sonora de filme de puteiro esfumaçado em uma Berlim repleta de vampiros.

O Rammstein não é revolucionário, não vai mudar o mundo ou a forma de você ouvir música, mas tenho certeza que a mistura sonora que os caras fazem pode abrir um pouco os seus ouvidos e, principalmente, a sua cabeça.

Comentários

  1. Eu vi o Rammstein abrindo para o Kiss em Porto Alegre em 1999... a cena do vocalista "traçando" o tecladista e depois ejaculando pelo palco inteiro não me foi esquecida até hoje, e se tornou um trauma de tal tamanho para mim que nunca pude ouvir a banda sem lembrar daquela coisa horrorosa, por isso nunca consegui encontrar motivos para gostar destes alemães...

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