Soulfly - Conquer (2008)


Por Tiago Rolim
Colecionador

Cotação: ***1/2

Desde 1998 que Max Cavalera está lançando seus discos solo, pois apesar da alcunha Soulfly ele mesmo já disse que faz tudo basicamente sozinho, com erros e acertos típicos de quem passou por turbulências na vida. Mas desde Prophecy, de 2004, ele tem acertado mais do que errado. Não por acaso, desde este Max vem utilizando a mesma banda.

O disco anterior a este (
Dark Ages) foi muito bem recebido, apesar de cansar da metade em diante por não conseguir manter o ritmo alucinante do inicio. Porém, em 2007 Max se reencontrou com seu irmão Iggor, o que fez muito bem para ele, pois além de estreitar laços perdido há 12 anos, o motivou a lançar dois discos praticamente juntos. O Inflikted do Cavalera Conspiracy, que foi muito bem recebido, pois contava obviamente com a expectativa de milhares de fãs de (re) ver os irmãos juntos novamente, foi um disco muito bem feito e composto de músicas agressivas e rápidas, como Max não fazia há muito tempo. Que levou a uma turnê e, como é típico de Max, passou por muitos países, menos o Brasil, que ele diz amar ...

E chegamos ao
Conquer, o sexto disco do Soulfly, que estava com uma grande expectativa depois do sucesso de Inflikted. Afinal, será que Max faria algo ainda mais agressivo? Era a pergunta dos fãs, e a resposta foi a melhor possível. Conquer é o disco mais violento do Soulfly, sem dúvida. Da abertura com “Blood Fire War Hate” (que titulo!) até “Touching the Void”, com sua clara inspiração em Black Sabbath, o que predomina é o peso e a agressividade das composições. Desta vez Max deu uma freada em alguns experimentalismos e limpou o quanto pode as músicas de excessos, deixando o metal se sobressair.

Músicas como “Fall of the Sycophants” e “Warmageddon” são bálsamos thrash, que limpam a barra de Max com muitos fãs que não aceitaram seus experimentos mais extremos no Soulfly até então. Mesmo assim, em alguns pontos Max continua a manter suas loucuras, com no final da já citada “Fall of the Sycophants”, onde do nada aparecem tambores egípcios, que quebram totalmente a porradaria da música, deixando-a etérea e viajante, mesmo que por poucos segundos.

“Doom” e “Rough” resvalam no hardcore, outra das paixões de Max desde os tempos do Sepultura. Eu disse que o disco não tem experimentos? Menti, pois “For Those About to Rot” e “Touching the Void” são experimentais, mas de uma maneira diferente, pois ao invés de utilizar batucadas e afins ele desta vez resolveu usar timbres eletrônicos e distorções no baixo para dar às duas músicas uma aura meio de trilha sonora de algum filme louco de terror que não existe.

O disco normal termina com a já clássica “Soulfly”, desta vez em sua sexta parte. Talvez a pior, pois é muito repetitiva e não se compara com as outras, especialmente a quarta e a primeira partes desta viagem que ele criou para seus álbuns.

Ao final do disco fica a impressão que Max está finalmente dando uma cara ao Soulfly, se desvinculando do Sepultura com classe e sabedoria. Porém, se tem uma coisa que incomoda em todos os discos do Soulfly são as letras. É impressionante que um cara que se diz influenciado por ícones como Bob Marley, John Lennon, Jello Biafra e Renato Russo ainda escreva essas baboseiras que impressionam apenas adolescentes. Um ponto que ele deveria melhorar em futuros lançamentos.

A versão que está sendo resenhada é a digipack, que além do tracklist normal contém uma música inédita, “My Path”, outro thrash arrebatador, que merecia estar no disco normal, além de “Sailing On”, um cover do Bad Brains que ficou perfeito, muito bem executado, onde Max insere uns trechos de reggae que casaram totalmente com a música. E uma vergonha alheia, que é o cover de “The Beautiful People” de Marylin Manson, que ficou ridícula, pois não acrescenta nada à música e ficou dispensável ao extremo. Acompanha ainda um DVD com um show do Soulfly na Polônia, onde se nota uma banda entrosada, cheia de feeling e com bastante improvisos nas músicas, o que deixa a apresentação muito interessante, além de mostrar que o Soulfly ao vivo tem muito peso, coisa que nós brasileiros não vemos desde 2000.


Faixas:
1 Blood Fire War Hate 4:59
2 Unleash 5:10
3 Paranoia 5:31
4 Warmageddon 5:22
5 Enemy Ghost 3:02
6 Rough 3:27
7 Fall of the Sycophants 5:09
8 Doom 4:58
9 For Those About to Rot 6:47
10 Touching the Void 7:25
11 Soulfly VI

Comentários