Living Colour - The Chair in the Doorway (2009)


Por Luiz Felipe Carneiro
Jornalista

Cotação: ****

Quando fazia os shows de abertura da turnê Steel Wheels, dos Rolling Stones, no final dos anos oitenta, o Living Colour podia ser chamado de "moleque folgado". Como é que aquela banda novinha podia fazer um som capaz de deixar Mick Jagger (que produzira o primeiro álbum da banda, Vivid, de 1988) de queixo caído?

O tempo passou, e o Living Colour lançou, pelo menos, mas dois discaços - Time's Up (1990) e Stain (1993). A receita era a mesma: uma mistura de rock com funk que ninguém conseguia fazer - pelo menos de forma tão satisfatória. Além da originalidade de suas músicas, o Living Colour podia (e ainda pode) se gabar de contar em sua formação com um dos melhores guitarristas (Vernon Reid) e bateristas (Willian Calhoun) do planeta. O tempo passou, a banda se separou para um retorno com Collideoscope, em 2003.

No ano passado, foi a vez de The Chair in the Doorway, um álbum que, se não chega a ser tão vigoroso quanto Time's Up, mantém o Living Colour como uma das melhores bandas de rock da atualidade. The Chair in the Doorway não pode ser considerado um álbum fácil. Mas, se o ouvinte tiver um pouco de paciência, certamente descobrirá detalhes interessantes nele. Na verdade, nesse novo disco, o Living Colour permanece na rota traçada a partir de Stain, quando partiu para um som mais pesado e industrial, diferentemente do rock puxado para o funk dos seus dois primeiros álbuns - os melhores da carreira da banda, por sinal.

The Chair in the Doorway pode funcionar como uma continuação de Stain, desviando-se do "acidente de percurso" Collideoscope, um álbum menor na discografia da banda de Vernon Reid. A diferença é que as novas canções soam um pouco mais comerciais do que as de Stain. E isso não é uma crítica, pelo contrário, tendo em vista que o Living Colour sabe contrabalançar muito bem o seu hard rock com um pop mais simples. O grande destaque do álbum, e que liga esses dois extremos, é "Hard Times", uma canção na qual dá para entender perfeitamente o poder de fogo do quarteto de Nova York, com uma ótima linha de guitarra de Reid. "Behind the Sun" é um outro bom exemplo, dessa vez com destaque para os ótimos vocais de Corey Glover.

No funk rock "Bless Those" é a vez do baixista Doug Wimbish (que, aliás, originalmente cantava essa canção nos shows que antecederam o lançamento do disco). Em "Young Man", o Living Colour investe novamente em um rock misturado ao funk. O resultado não decepciona, como já era de se esperar. E quando a banda decide atacar com o puro hard rock, também não há decepções, conforme pode ser ouvido em petardos como "Burning Bridges", "DecaDance" e "Out of Mind". E mesmo no pop rock - caso de "That's What You Taught Me", o quarteto mostra que pode fazer boa música sem parecer banal.

Enfim, para os iniciados em Living Colour, The Chair in the Doorway é um prato cheio. Será mais um álbum para ser apreciado por um longo tempo. Para quem não conhece a banda direito, talvez seja melhor fazer antes o dever de casa, ouvindo os clássicos Vivid e Time's Up.



Faixas:
1 Burned Bridges 3:37
2 The Chair 2:09
3 DecaDance 3:20
4 Young Man 2:53
5 Method 4:20
6 Behind the Sun 3:40
7 Bless Those 5:04
8 Hard Times 2:48
9 Taught Me 3:45
10 Out of Mind 3:42
11 Not Tomorrow 3:01
12 Asshole 2:51

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