Discos e Histórias: Metallica - Load (1996)


Por Tiago Rolim

Colecionador
Collector´s Room
Ainda no rastro da passagem do Metallica pelo Brasil em fins de janeiro, resolvi defender o disco que começou toda a falação de que o grupo é traidor, se vendeu, perdeu a fé no heavy metal e coisas mais. Falo, é lógico, do Load.

A minha primeira impressão do álbum foi em abril de 1996, na “finada” Rock Brigade, com uma matéria assinada por Daniel Oliveira (aliás, por onde anda este redator?), onde ele apresentava algumas músicas novas, além de uma entrevista com a banda. Os mais novos podem achar estranho, mas nestes tempos pré-internet era assim que a gente tinha acesso à notícias: com reportagens de revistas. Então, uma revista lançar uma matéria sobre um disco com três meses de antecedência era um milagre.

Lendo a matéria e, principalmente, vendo as novas fotos, cravei: não gostei do disco. Afinal, a vantagem de ser adolescente (estava com 18 anos incompletos) é ser, segundo Raul Seixas, “inocente, puro e besta”.

Finalmente o álbum foi lançado e claro que não gostei do que ouvi. Esperei ainda cerca de um mês para poder ouvi-lo na casa de um amigo, e não parecia verdade! Nada daquilo lembrava o Metallica! Mesmo assim, comprei a versão importada, que naquela época dava um banho na nacional. A diferença era tão grande que até o peso do CD com encarte e tudo era diferente. Hoje em dia as versões estão iguais.

E o choque começava no encarte: aquelas maquiagens, aquelas poses. O Lars de batom era demais!

Com o tempo fui aprendendo a gostar de algumas faixas, como “2x4”, ‘Ain’t My Bitch”, “Wasting My Hate”, “Until It Sleeps” e “The Outlaw Torn”. Mas larguei de mão e passei para frente o CD. Mas o tempo faz milagres, e eu que sempre fui fã do Metallica, depois de muitos anos e de passar pelo mesma decepção com o Reload, resolvi dar mais uma nova chance ao Load.

Foi quando do lançamento do Garage Inc, que eu comprei na semana que saiu - muito por conta do CD 2, aquele que tinha os covers antigos, admito -, que eu fiquei com vontade de ouvir o Load novamente. Procurei alguns amigos para gravar uma fita, e descobri que ninguém tinha este álbum! Fui até uma locadora de CDs (sim meninos, antigamente existiam locadoras de CDs) e aluguei um para gravar, e redescobri um disco que tinha passado em branco nas primeiras ouvidas.

Como não reconhecer naquele disco o “álbum preto” mais moderno? Músicas como “Ain’t My Bitch”, “Until It Sleeps”, “2x4” e “King Nothing” eram descedentes diretas das presentes no Black Album. Fala a verdade: depois de vender milhões, vocês acham que o Metallica ia mesmo sair da forma encontrada no disco preto? Não tem como negar que muito da má impressão causada pelo Load foi devido à questão da maquiagem. Se a banda tivesse mantido o mesmo visual, muito da discussão seria irrelevante. Pois, musicalmente, “Mama Said” era uma nova “Nothing Else Matters”, e “Ain’t My Bitch” tinha tudo para ser uma nova “Enter Sadman” se não tivesse ocorrido à rejeição total do trabalho.

Claro que não são apenas bons momentos que fazem o CD. Músicas como “Hero of the Day” e “Thorn Within” são bisonhas, principalmente a primeira. Não tem o que defender nessas daqui. “Thorn Within” é uma música que dura mais de cinco minutos, e não diz nada, se apaga da memória assim que acaba. E “Hero of the Day” é simplesmente ridícula, ponto.

Uma das coisas que eu mais gosto em Load são as novas influências que o Metallica colocou nas suas composições. Uma delas foi o blues, o que rendeu músicas como “Ronnie” e “Poor Twisted Me”, que são as minhas favoritas hoje em dia. Outra influência bem vinda foi o hard rock. “Cure” e “Wasting My Hate” são exemplos de faixas que se beneficiaram muito desta influência.

Enfim, este foi um relato pessoal de um disco que me acompanha há 14 anos e que pode ser considerado um dos mais importantes desta banda. Não estou aqui dizendo que Load é um dos melhores, mas que é importante. Pode ter certeza que tudo o que o Metallica passou depois de 1996 foi influência deste álbum, para o bem ou para o mal.

Mas que é uma boa indicação para quem desde o Black Album não escuta o Metallica e só retomou depois do Death Magnetic, com certeza é.

Comentários

  1. Entendi o que vc quis dizer falando que esse disco é a evolução do album preto. Porem discordo que seja do mesmo nível. Eu não escutava Metallica antes do album preto e conheci a banda por ele, ou seja me tornei fã por causa desse disco. Depois conheci os outros albuns. Mas mesmo para os fãs que a banda ganhou com o album preto o Load é ruim. É claro que temos boas músicas no disco, mas a média é baixa.

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  2. Eu não sou daqueles fãs que acha que os Metallica se venderam na fase Load e que trairam o heavy metal. Todo o artista tem liberdade para fazer o que quer. Load até é um bom álbum, muito bem produzido e o peso ainda está lá. O unico mal é ser muito repetitivo. Podiam juntar o Load e Reload num só com 12 ou 14 canções. Seria mais interessante e diversificado.

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  3. Não acho que se venderam. Se vender é fazer algo diferente do que vc quer só por dinheiro. Eles queriam um disco assim e o fizeram, talvez pensando em reconhecimento. Mas minha analise é que "erraram a mão", cagaram e fizeram merda. Tem uma ou outra legal, mas abaixo dos outros. Gosto é gosto e acho legal que as pessoas gostem do album.

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  4. Tinha esquecido de comentar outro fato. Quando vi pela primeira vez a capa do novo disco, e já tendo lido a resenha citada pelo Tiago, comecei não gostando. Afinal aquele logotipo clássico e imponente tinha sido modificado.

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  5. Jogando por música, eu senti a mesma coisa. O logo mudar foi foda mesmo.

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  6. Tiago
    Esse Jogando Por Musica é o meu blog. Pode me chamar de Fernando Bueno mesmo...hahaha

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  7. Posto muito bacana! Não tenho dúvidas de que o "Load" é um dos discos mais fracos do Metallica, mas tratar a banda como traidora (por favor!) ou qualquer adjetivo que os disseminadores de clichês do Rock soltam por aí é, no mínimo, injusto.
    Muitas bandas se renovam, experimentam outras sonoridades, e isso não é nenhum crime, principalmente pra uma banda da importância do Metallica.

    Acho "Mama Said" uma balada muito bonita, e o disco tem sim boas músicas.

    Abraços

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  8. Nçao sabia que era tu não vei. foi mal :)

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  9. Load ainda é pra mim o melhor álbum da banda.

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  10. ha...
    comigio aconteceu RIGOROSAMENTE a mesma coisa: a audição com um amigo, a compra do gringo que era melhor q o brasileiro, a decepção inicial, gostar das mesmas musicas e a ReDecepção com ReLoad. Bem como amar esse disco hoje, e achar que é um dos melhores da banda. A única diferença é que tenho meu Load até hoje, o que comprei em 1996.
    Não estás sozinho, amigo!
    Abs,
    Fábio Moysés

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  11. Pra mim é o melhor album do metallica, incluido a arte... O autor do post é de fato um vacilão de ter vendido a versão importada e só depois conseguir o tape copiado... vacilão mesmo...

    Se os caras fossem putas como escreveu, estariam tocando o som do restart.

    Quem não aprecia boa musica, com certeza é babaca e otario, por achar que seu gosto de rock é o mais pesado... Penso de cara nos bundões que se escondem em suas roupas pretas e madeixas longas...

    Load é inovador, nao cansativo e muito rock and roll... Por isso que o vacilão lá voltou atrás...

    Confesso que antes desse disco, não conhecia o rock pesado... Esse abriu minha mente para escutar albuns mais pesados, e claro, marcou minha vida...

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  12. Acho Load um bom disco. Tem músicas que eu não gosto, como "Mama Said". "King Nothing" e, principalmente, "Hero of the Day", que acho terrível.

    Em compensação, tem um lado hard rock muito legal. Minhas faixas preferidas são "Ain´t My Bitch", "Bleeding Me" (uma sonzeira) e "The Outlaw Torn".

    Acho que, se não fosse pela polêmica das maquiagens, que realmente são horríveis e foram desnecessárias, o álbum seria mais aceito. Qualidade para isso ele tem!

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  13. Como sou fã do Thrash Metal tradicional e ainda assim á favor de inovações musicais que não descaracterizam a banda, reafirmo que a banda sim traiu o cenário nesse album, eles meio que queriam ser um novo U2 e nas entrevistas rejeitavam o metal e diziam que na verdade eram apenas uma banda de rock , isso doeu muito nos fãs de Thrash e Heavy metal que levaram a banda até aquele ponto de popularidade, uma tremenda falta de respeito com o movimento que os consagrou. Entendo perfeitamente o motivo da rejeição , além de que como amaciaram o som no ótimo black album, pensaram que amaciando ainda mais o som poderiam vender muito mais que o black e quebraram a cara. gosto de apenas duas ou três faixas desse album, mas ele queimou o filme da banda.

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