Plumas, paetês, hipocrisia e supervalorização


Por Ricardo Seelig
Colecionador
Collector´s Room
O final de semana de quem gosta de música foi sacudido pela notícia de que Bret Michaels, vocalista do Poison e um dos ícones da cena glam metal de Los Angeles, sofreu uma hemorragia cerebral e está à beira da morte.

Pra quem não se lembra, não consumiu ou não viveu aquela época, o Poison foi um dos maiores nomes do chamado “hair metal”, cena californiana formada por bandas influenciadas pelo glam rock setentista de artistas como T. Rex e David Bowie e pelo hard rock de nomes como Kiss e Aerosmith.


O Poison, ao lado do Motley Crue, Ratt, Quiet Riot, Dokken e outros, deixou de cabeça para baixo o rock norte-americano do final dos anos oitenta e início dos noventa, fazendo um rock básico, festeiro e repleto de energia que contrastava com o visual esvoaçante da banda, com os músicos ostentando fartas doses de maquiagem, figurinos pra lá de coloridos e vastas cabeleiras de fazer inveja a Tina Turner. Essa mesma geração de bandas geraria um dos maiores nomes da história do rock, o Guns N´Roses, mas isso é assunto para outro dia. Pessoalmente nunca curti muito esse hard rock californiano, que por aqui no Brasil ganhou primeiramente a alcunha de poser e, mais tarde, a nada elogiosa definição de “hard farofa”.

O fato é que foi justamente o visual andrógino e repleto de laquê desses grupos de Los Angeles que gerou uma reação no próprio rock norte-americano, levando ao nascimento do grunge e de grupos como Nirvana, Soundgarden e Pearl Jam, todos com letras falando de temas mais próximos da realidade e com um visual onde o uniforme era tênis de cano alto, calças jeans e camisetas de bandas.

Uma parcela da crítica brasileira especializada em heavy metal aponta, equivocadamente, o grunge como único responsável pela queda das vendas desses grupos de hair metal nos Estados Unidos e, por conseqüência, da “morte do metal” na primeira metada da década de noventa. Uma bobagem sem tamanho, uma vez que basta olhar para trás para ver que a música é feita de ciclos – a reação ao hard farofa californiano é similar a que ocorreu nos anos setenta, quando o punk surgiu como uma resposta aos excessos do rock progressivo.


Além disso, os ouvintes mais novos provavelmente não irão lembrar, mas no início da década de noventa o Black Sabbath não tinha o seu valor e influência na música reconhecidos como hoje tem, e só foi alcançar essa credibilidade junto à crítica musical de maneira ampla e irrestrita graças a bandas como Nirvana e Soundgarden, que não cansavam de apontar o grupo como uma de suas principais influências.

Independente do fato de Bret Michaels sair dessa ou não, o fato é que já tem gente supervalorizando a sua obra, apontando os discos do Poison como “clássicos”. Ora gente, vamos lá, vamos abrir os olhos: os álbuns do Poison não passam de medianos, e reunindo sua melhores canções temos no máximo uma boa coletânea. Isso é um fato, então vamos deixar o fanatismo de lado. Além do mais, a sua mais conhecida canção, “Unskinny Bop”, é uma bobagem sem tamanho, digna de causar vergonha em figuras assumidamente pop como Lady Gaga.

Vou encerrar esse texto com dois pedidos: espero que Bret Michaels supere esse grave problema e siga em frente com a sua vida, e também desejo que os críticos e formadores de opinião que pipocam internet afora não comecem a apontar os trabalhos do Poison como "seminais" e adjetivos do tipo, coisa que eles nunca foram e nunca serão.

No mais, coloquem um disco do Quiet Riot a todo volume e gritem a plenos pulmões: “metal health!!!”.

Comentários

  1. Não curto poison, mas admiro a importancia da banda. Quando o CC tava la ateh que eram legais, mas depois, nada me chamou a atenção. Assim como Bon Jovi, Motley Crue e Quiet Riot, Poison é uma das bandas que ouvi até enjoar (e isso foi durante um ano no máximo, ou seja, enjoei rapidinho).

    Mas é sempre triste saber que uma pessoa importante como Bret Michaels (se fosse qualquer outro do Poison, a menos do CC, ninguem saberia quem era, mas o Bret todo mundo sabe) esteja passando por um momento dificil.

    Força para a familia e que ele se recupere

    Mas o Cadão tem razão, nunca foram genios, apenas aproveitaram a onda e surfaram um pouco com ela

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  2. Nunca foram genios, mas deram conta do recado e foram umas das poucas bandas que permaneceram na ativa durante o periodo de baixas.

    Inclusive ressucitanto várias bandas do estilo....

    Até agora não vi ninguém idolatrando, muito pelo contrário, o Poison sempre foi uma das mais massacradas....

    Cadão, entenda que não estou discordando de você, a banda está longe de ser uma banda clássica, mas ela fez história e nunca mudou o estilo que eles sempre fizeram.

    Diversas bandas consagradas mudaram para agradar!

    Só por isso já acho que merecem nosso respeito. (não to falando e nem acho que vc tenha desrespeitado, só para deixar claro)

    O fato de idolatrar se aplica ao falecido cantor REI DO POP, que era um grande de um puto que molestava crianças, mudou de cor, fez um monte de merda e muita gente idolatrou o cara quando ele morreu.

    Sou muito mais o Bret Michaels e as musicas HARD ROCK cheias que refrões felizes e honestas do que o rei do POP.

    Detalhe, não estou idolatrando ninguém!! rsrsrsrs!!!

    E gostei do seu post dando força para o CARA!!! Isso ae, quando você ouvir um disco inteiro, você virará fã!! HAHAHAHA

    Vamos fazer um WAR ROOM com você e um disco do POISON!!! BOA IDEIA!!!

    Abraço

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  3. Força ao cara....mas a banda é uma porcaria..

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  4. Eu gosto de muitas músicas da banda em especial o album Native Tongue, que por acaso não tem o guitarrista citado pelo Mairon. Também acho qe a banda não é lá essas coisas. O Bon Jovi, por exemplo, é muito melhor. Também acho o Metley Crue muito mas relevante. Desejo melhoras para o Bret Michaels, mas sei que mesmo saindo dessa ele não vai voltar a ser relevante para o rock.

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  5. Tem banda que é muito apelativa ao comércio fonográfico (Poison), mas tem coisa que ainda é mais apelativa ainda, como por exemplo um WRABIT. Fazendo justiça para eles por meio de comparações de seus conteporâneos acho que sobra ainda credibilidade. Força ao cara!--Luciano

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