Heavy Metal - A História Completa



Por Fernando Bueno
Engenheiro e Colecionador

Até uns anos atrás era difícil encontrar aqui no Brasil lançamentos de livros sobre música. As biografias de estilos, bandas e músicos eram conhecidas pelos fãs por meio das revistas especializadas e também pela internet. Porém isso mudou de um tempo para cá como mostra a própria Collector´s Room que tem feito regularmente resenhas de livros.

Descobri esse livro por uma matéria da Whiplash e fiquei muito empolgado já que o Heavy Metal é meu estilo de coração. Foi com ele que comecei minha história de fã de música lá no final da década de 80 e, se considerarmos que o metal surgiu com o Black Sabbath em 1970, assim vivi metade da história do metal. Claro que depois disso comecei a escutar outros estilos ligados ao rock, mas o metal foi o início de tudo.

Logo nas primeiras páginas existe uma linha do tempo citando fatos importantes para o estilo servindo como se fosse uma linha de raciocínio que ajudou o autor a montar a estrutura do livro.

O livro começa, como se é de esperar, contando o início do estilo. Porém uma das coisas que notei é que o autor não fica enrolando contando histórias de todos os músicos de blues das áreas rurais americanas como acontece em inúmeras outras publicações. O autor é muito mais direto e inicia sua narração no dia 13 de fevereiro de 1970, uma sexta feira, dia do lançamento de um dos debuts mais clássicos de toda a história da música, o álbum auto-intitulado do Black Sabbath.

O que mais me chamou a atenção foi que, exceto aos capítulos sobre a famosa NWOBHM e sobre o tão falado Black Metal norueguês, o livro tem como foco principalmente a música americana. O autor, Ian Christe, é um jornalista americano que escreve para a Kerrang, Wired e Spin o que explica essa predominância do metal americano.

Claro que as bandas inglesas são citadas ao longo do texto, mas sempre como uma referência distante. Como se a época das trocas de fitas cassete, sempre citada no livro, ainda fosse atual. E claro que nessa época o que estava mais próximo, no caso as bandas americanas nos Estados Unidos, era o que mais se conhecia.

Outro ponto que é preciso citar é a compreensão dos americanos em relação ao Metallica. Entre os fãs de metal sempre há a necessidade de se ter uma opinião de quem é a maior banda do estilo e muitas vezes acabamos tendo o Metallica e o Iron Maiden como dois polos. Mas no livro é clara a consideração do Metallica como a mais importante banda do estilo. Isso fica tão claro que o Mercyful Fate é possivelmente citado mais vezes que o próprio Iron Maiden apenas por ser uma histórica banda que influenciou um garoto dinamarquês que se mudou para os Estados Unidos para jogar tênis e resolveu montar uma banda.

Ao longo do livro o autor conta o nascimento dos vários sub-estilos do heavy metal e apresenta uma lista de seus discos relevantes. É claro que essas listas são pessoais e servem apenas como um direcionamento não é feito de acordo com uma análise objetiva.

Muito interessante é o modo que ele discorre sobre a década de 90 que foi, para muitos, a década da “morte do metal”. Percebemos claramente que o sucesso que o estilo obteve na década de 80 teve que ser engolido pela mídia. Ou seja, a mídia apenas cobria o estilo por não ter outra opção e no primeiro deslize do estilo essa mesma mídia decretou sua morte. E por deslize entendam pelo enfraquecimento momentâneo que algumas bandas top estavam passando na época como são os casos do Iron Maiden e Metallica só para citar as bandas que já foram comentadas aqui. Também cita o caso da MTV que tinha o metal como um de suas bandeiras no início do canal e o abandonou de vez depois dos anos 90.

Porém, como sabemos, essa “morte do metal” na verdade nunca existiu e o próprio livro dá um dado que pode até ser polêmico, mas achei muito interessante:

Segundo a RIAA, a organização responsável pelas premiações de discos de ouro e platina desde 2000, o Metallica havia vendido tantos discos nos Estados Unidos em 15 anos quanto os Rolling Stones jun taram todas suas lendária quatro décadas.”

Dentro desses 15 anos citados não estão computados os anos da década de 80. Ou seja, basicamente essas vendas foram da década de 90 e também dessa primeira década do século XXI.

O livro é muito interessante para quem se interessa pela história da música. Muitos que forem ler ou estiverem lendo esse livro podem não concordar com muita das coisas que se fala nele, porém como todo e qualquer livro temos que analisar, além da história que está sendo contada, mas o ponto de vista de quem está contando a história também.

Comentários

  1. Fiquei com vontade comprar esse livro ontem, quando o Sérgio Martins me indicou a obra. Vou atrás, com certeza.

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  2. Esse eu tenho e ja li. Leitura fácil e rápida, matei em 3 dias; recomendo.

    Quanto ao Metallica, realmente é dado um grau de relevância enorme para banda. Quase são os protagonistas do livro. Mas o autor deixa claro que o papel deles é de principal nome da terceira geração do metal (depois do clássico e NWOBHM). A banda é tratada como o maior nome do que foi chamado de speed metal (que o autor nem considera um sub-gênero de fato) e do trash metal.

    Abração!

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  3. Mas depois do Black Sabbath, o Metallica é provavelmente, a banda mais influente do gênero, ao lado do Iron Maiden. Tem gente que não engole isso pela fase "pop" do grupo, mas que é um fato, é inegável.

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  4. Eu dei uma pequena folheada no livro em uma livraria e vi a parte que me é de maior interesse, os anos 70. Vi que o cara colocou uma lista dos discos mais importantes do que ele chama de proto-metal, que seria o hard 70 e lá tinha entre outras coisas, o fraquérrimo som dos New York Dolls, o que me demonstrou no mínimo uma grande falta de conhecimento sobre o assunto nesse período. Mas pelo resto que vi, deve ser uma leitura interessante msm.
    Abraço!
    Ronaldo

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  5. Olá, camaradas.

    Estou lendo o livro e, na minha opinião, chamá-lo de história completa do heavy metal é um engano.

    O foco é muito maior no Metallica. Talvez se fosse 'Metallica - A história completa' ficasse mais realista.

    Porém, como temos ainda poucos livros sobre o assunto lançados em português, vale a pena uma lida.

    Saudações,

    Izaias.

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  6. Ainda não li, mas pretendo comprá-lo logo - talvez neste final de semana. Mas, por mais que ele tenha suas falhas - e estou falando isso com base nas opiniões de vocês - não tem como ser pior que o Guitarras em Fúria, livro lançado pelo jornalista Tom Leão nos anos noventa. Aquele sim era uma tremanda m ... (risos) ...

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  7. Minha atenção voltou para esse livro ao saber que falava do Heavy Metal clássico (70), mas pelos comentários de vocês, talvês a leitura de poucas páginas vão me ser prazerosas. Há muito tempo vi um livro num sebo de discos que tratava do Rock Progressivo. Não me lembro se era traduzido. Alguém conhece algum bom livro traduzido que trate desse gênero?

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  8. Minha atenção voltou para esse livro ao saber que falava do Heavy Metal clássico (70), mas pelos comentários de vocês, talvês a leitura de poucas páginas vão me ser prazerosas. Há muito tempo vi um livro num sebo de discos que tratava do Rock Progressivo. Não me lembro se era traduzido. Alguém conhece algum bom livro traduzido que trate desse gênero?--Luciano

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  9. Luciano
    Eu tenho um livro chamado Enciclopédia do Rock Progressivo. O autor é um conhecedor do estilo chamado Leonardo Nahoum. Comprei direto dele. É só procurar no google que vc acha o site. A edição é de 1996, mas se você pensar que a história do progressivo que interessa a todos é a dos anos 70 então tá valendo. Acho que ele poderia fazer uma revisão afinal lá se vão 15 anos...
    No site progarchives.com é vendido um livro chamdo Progressive Rock 1966-2006, mas é em inglês. Tenho ele e posso dizer que é uma versão do site em papel.

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  10. Obrigado Fernando. Vou procurar por esse livro em português. Talvês seja o que eu vi na época. Abraço--Luciano

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