O Pequeno Livro do Rock


Por Adriano Mello Costa
Colecionador
Coisa Pop

Funciona assim: pegue qualquer melodia - seja ela qual for, Beethoven ou música havaiana -, toque na guitarra, adicione baixo e bateria e as pessoas chamarão de rock and roll.” A frase cunhada por Frank Zappa, ao mesmo tempo em que transmite ironia crítica, dá uma noção de quão grande o rock se tornou. A música que começou com ares de maldita (e carregou isso por um bom tempo) se tornou mainstream no decorrer dos anos e invadiu milhões de vidas.

Uma dessas vidas foi a do francês Hervé Bourhis, nascido em 1974. Apaixonado por quadrinhos, este francês teve o rock sempre presente no seu caminho, mesmo que nunca tenha tido talento para tocar qualquer instrumento. Em
O Pequeno Livro do Rock - que a Editora Conrad acaba de lançar no país - com 224 páginas, Bourhis promove um bonito depoimento sobre essa paixão, usando os quadrinhos para expressá-la de modo criativo e bem humorado.

O livro é uma colcha de retalhos com fatos relacionados ao estilo, assim como outros - vide hip hop, reggae, eletrônico, disco. Indo de 1915 até 2009, é traçado um panorama aleatório de acordo com as impressões do autor, mas montado em ordem cronológica. A partir de um determinado momento, Bourhis narra em um plano de fundo sua relação com a música.
O Pequeno Livro do Rock vem em formato bacanudo, com um vinil estampado dentro. Os comentários trazem sempre um toque bem humorado (e devotado às vezes) para o nascimento do estilo, das gravadoras, dos álbuns, artistas e grupos. Passa-se por Elvis Presley, Beatles, Rolling Stones, Bob Marley, Metallica, Prince, Elvis Costello, R.E.M., U2, Pixies e Nirvana, entre tantos outros. Há piadas embutidas, como com Brian Wilson e o seu Smile, Frank Sinatra e o rock e Elvis Presley encontrando Richard Nixon na Casa Branca.

Capas de álbuns clássicos são redesenhadas em quadros a cada página. Discos como
Astral Weeks (1968) de Van Morrison, Zen Arcade (1984) do Husker Dü, Rumours (1977) do Fleetwood Mac, Entertainment! (1979) do Gang of Four, The Who Sell Out (1967) do The Who, Goo (1990) do Sonic Youth, Automatic for the People (1992) do R.E.M. ou Yankee Hotel Foxtrot (2002) do Wilco. Dá uma imensa vontade de sacar todos para escutar na mesma hora.

Outras culturas associadas ao rock vão aparecendo, como a literatura (beatniks,
Alta Fidelidade), cinema (Laranja Mecânica, Pulp Fiction) e quadrinhos (Freak Brothers). O autor cria divertidas “batalhas” discográficas entre Chuck Berry e Litlle Richard, The Who e Kinks, David Bowie e Lou Reed, Michael Jackson e Prince, Nirvana e Pixies, Radiohead e Grandaddy (esta última digna de levantar aqueles protestos histéricos tão característicos dos fãs do grupo de Thom Yorke).

Até o Brasil dá as caras. Vem com a bossa nova, Tropicália, Sepultura e Cansei de Ser Sexy. Há também top#5s espalhados por todo lado, para dar mais um charme. É claro que faltam muitas bandas, mas se trata de um visão pessoal e abrange na verdade grande parte do que consagrou o estilo. É interessante ver como no decorrer dos anos a música foi ficando sem um maior apelo de nomes fortes, com carreiras construídas. A efemeridade tomou conta.
O Pequeno Livro do Rock é um tributo divertido, desleixado e anárquico de um cara sobre uma música que faz parte da sua vida - o tão amado e odiado rock and roll. Como diria Pete Townshend: “O rock é uma das chaves, uma das muitas, muitas chaves, de uma vida complexa. Não fique se matando tentando todas as outras chaves. Sinta o rock and roll, e então provavelmente você vai descobrir a melhor chave de todas.”

Esse cara sabe das coisas. Fique com ele.


Comentários

  1. Esse livro é bem legal. Serve para aquele colecionador, que como eu, quer ter algo (além de cds, vinis) à mais sobre música. Tenho a versão em português.

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  2. Pretendo comprá-lo assim que for possível.

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