Ozzy Osbourne - Scream (2010)


Ricardo Seelig
Colecionador
Collector´s Room


Cotação: ****

Scream, novo álbum de Ozzy Osbourne, é um disco surpreendente. Pesado, moderno, atual, mostra um artista que não se contenta em ficar sentado sobre as glórias do passado. Ao contrário: o que se ouve nas onze faixas de Scream é um heavy metal repleto de vigor e energia, como há tempos o próprio Ozzy não fazia.

Talvez a resposta para essa mudança esteja em Gus G, guitarrista do Firewind escolhido para assumir o posto do antigo comparsa Zakk Wylde. Segundo Ozzy, o motivo da mudança foi por ele estar achando que a única diferença entre seus discos e os do Black Label Society era a sua voz. Outra corrente afirma que a causa real da saída de Wylde foi o fato de ele estar bebendo demais nos últimos anos, e que sua companhia seria extremamente temerária para um alcoólatra como Ozzy. Enfim, o fato é que a substituição deu resultado.
Scream é o melhor disco de Ozzy desde Ozzmosis, de 1995 – ou seja, estamos diante do melhor álbum do Madman nos últimos quinze anos.

Ouvindo o play percebe-se que não há nenhum exagero nessa afirmação. Os vocais características de Ozzy embalam canções redondinhas, que cativam na primeira audição. A guitarra de Gus G soa pesadíssima, cuspindo riffs empolgantes, honrando a tradição de nomes como Randy Rhoads, Jake E. Lee e o próprio Wylde. Completam a banda o ótimo baixista Rob “Blasko” Nicholson, o tecladista Adam Wakeman (filho do lendário Rick Wakeman, ex-Yes e um dos ícones do rock progressivo) e o baterista Tommy Clufetos.

A produção, a cargo do próprio Ozzy e de Kevin Churko, deu ao disco uma sonoridade robusta, com ênfase nos tons mais graves, o que realça a característica sombria das composições. Saltam aos ouvidos também alguns detalhes, como batidas nitidamente influenciadas por nomes como White Zombie e o ótimo uso de efeitos, que dão um ar moderno ao trabalho sem fazê-lo soar forçado.

Entre as faixas, destaques para a ótima abertura com “Let It Die” - que conta com uma passagem instrumental muito legal e um ótimo solo de Gus G -, “Let Me Hear You Scream”, a pesadíssima “Soul Sucker”, a boa balada “Life Won´t Wait”, “Diggin´ Me Down” (talvez a melhor do álbum) e a climática “Crucify” - ou seja, quase todo o set list!

A bela arte gráfica também merece menção. O encarte, apesar de simples, traz todas as letras e conta com uma bem sacada aplicação de verniz localizado em algumas partes, o que deu um resultado final bem interessante. E a foto da capa, com Ozzy segurando uma bandeira com ares de conquistador, ficou muito boa.

Concluindo, Ozzy Osbourne mostra que está muito vivo em
Scream. Seu som soa renovado, repleto de energia e alinhado com as tendências atuais do heavy metal. Um feito e tanto para um artista que andava se repetindo de maneira irritante em seus últimos lançamentos, e que agora parece ter reencontrado o rumo de sua carreira.

Bola pra frente, em alto e bom som!


Faixas:
1.Let It Die – 6:06
2.Let Me Hear You Scream – 3:25
3.Soul Sucker – 4:34
4.Life Won´t Wait – 5:06
5.Diggin´ Me Down – 6:03
6.Crucify – 3:30
7.Fearless – 3:41
8.Time – 5:31
9.I Want It More – 5:36
10.Latimer´s Mercy – 4:28
11.I Love You All – 1:03

Comentários

  1. Infelizmente, ainda não adquiri o álbum, tendo ouvido somente o primeiro single graças ao terceiro maior invento do homem (perdendo somente para o Google e para a batata frita), o Youtube.

    Pude ouvir e ver Ozzy em boa forma, com uma banda bem coesa, e com uma renovação que há tempos era necessária na banda do comedor de morcegos: uma "nova revelação" da guitarra. Entre aspas porque o grego já é conhecido de muitos desde sua época no Dream Evil.

    Não posso dizer com toda propriedade, mas lendo a resenha dp Ricardo, parece que finalmente Ozzy e BLS andam em caminhos distintos.

    abraços

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  2. Vale lembrar que nem todos os riffs foram feitos pelo Guns G. O próprio Ozzy disse que gostaria de fazer um albúm completo com ele, desde o início e quando começou a gravar esse albúm o Ozzy falou que talvez fosse utilizar muitas coisas que o Zakk havia deixado gravado.

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