Angra - Aqua (2010)


Por João Renato Alves
Jornalista e Colecionador
Collector´s Room

Cotação: ****

Após o controverso
Aurora Consurgens (2006), que dividiu opiniões entre os fãs, o Angra parece ter decidido simplificar a fórmula e fazer um disco bem básico. Tão simples quanto seu título, Aqua vai facilmente se tornar um dos preferidos do ano para os apreciadores de um heavy mais voltado ao lado melódico do gênero. De cara, destaca-se o fato de apenas uma música ultrapassar os seis minutos.

Mas se a sonoridade não se mostra tão complexa, a temática é extremamente inspirada, baseando-se na obra
A Tempestade, de William Shakespeare. Também é preciso destacar o fato desse ser o primeiro trabalho desde Fireworks (1998) que não é produzido por Dennis Ward. Os próprios músicos, com auxílio de Brendan Duffey e Adriano Daga, assumiram a linha de frente nesse processo.

Sinos e trovões anunciam a intro “Viderunt Te Aquæ”, que desemboca na canção escolhida como primeiro single. “Arising Thunder” traz aquilo que se espera de uma abertura de álbum do grupo. Rápida, melódica e com refrão bombástico, vai fazer a galera se esgoelar nos shows. Uma ótima levada faz com que “Awake From Darkness” torne-se facilmente outro ponto alto, com sincronia impressionante da cozinha formada por Felipe Andreoli e o filho pródigo Ricardo Confessori. Aliás, é importante citar que o baterista mostra-se mais direto que Aquiles Priester, optando por fazer o usual em boa parte do álbum. Mas seu entrosamento é latente.

A trabalhada “Lease of Life” traz um trabalho vocal diferenciado de Edu Falaschi, conduzindo de maneira calma, mesmo não se tratando de uma balada. A música conta com a participação da cantora Débora Reis. Nos primeiros segundos, parece que “The Rage of the Waters” é uma extensão da melodia anterior. Mas logo se torna um power metal típico. Não tão empolgante como a primeira faixa de trabalho, mas consistente.

Uma belíssima entrada anuncia “Spirit of the Air”, som com um clima todo especial, difícil até de explicar. É como se tivessem conseguido unir todas as influências históricas da banda em apenas cinco minutos. Uma verdadeira viagem. O peso volta a predominar no início de “Hollow”, que consegue envolver passagens orquestradas em um clima soturno. No meio da música, uma levada acústica, retornando à proposta inicial antes do fim. “A Monster in Her Eyes” tem uma cadência bem interessante, mesclando um estilo mais arrastado com momentos de pura inspiração instrumental.

Em “Weakness of a Man”, a mais longa do trabalho, temos uma característica sempre exaltada pelo grupo: a capacidade de mesclar o heavy metal com elementos sonoros incomuns para fãs do gênero. E mais uma vez eles mostram que dominam como poucos essa fórmula.

O encerramento vem com a semi-balada “Ashes”. Melancólica, com um bonito piano conduzindo a melodia e trazendo um solo de guitarra marcante, é uma ótima fechada de cortina. Ainda há um remix para “Lease of Life”, mais curto. Vale como bônus, não acrescentando muita coisa ao contexto inicialmente proposto.

Quem gosta só dos sons mais velozes pode acabar sentindo falta de alguma coisa em
Aqua. Mas o saldo final é positivo, mostrando que, problemas à parte, o Angra ainda é uma das bandas mais relevantes da cena.


Faixas:
1 Viderunt Te Aquae
2 Arising Thunder
3 Awake From Darkness
4 Lease of Life
5 The Rage of the Waters
6 Spirit of the Air
7 Hollow
8 A Monster in Her Eyes
9 Weakness of a Man
10 Ashes

Comentários