Cinco discos para conhecer Sammy Hagar


Por João Renato Alves
Jornalista e Colecionador
Collector´s Room

Aproveitando que o Red Rocker completa hoje 63 anos – embora nem aparente, tamanha sua vitalidade –, trago cinco álbuns de diferentes etapas da carreira de Sammy Hagar. Não se tratam necessariamente dos melhores, mas trazem um bom resumo de diferentes momentos da história desse grande músico, um dos poucos vocalistas que conseguiu substituir outra lenda em uma grande banda (claro que falo de David Lee Roth no Van Halen) e mantê-la no topo. Mas há muito mais que isso para ser conferido.

Montrose – Montrose (1973)

O primeiro disco de heavy metal a ser gravado nos Estados Unidos. Assim alguns críticos da mídia especializada local se referem à estreia da banda de Ronnie Montrose, já conhecido por trabalhar com artistas como Van Morrison, Herbie Hancock e Edgar Winter. Curiosamente, apesar de hoje ser uma referência no estilo, o álbum não obteve grande repercussão quando lançado. A grande responsável foi a Warner Brothers. A gravadora colocou o grupo como opção secundária, dando prioridade de divulgação ao Deep Purple e os Doobie Brothers. Apenas “Bad Motor Scooter” fez relativo sucesso nas rádios rock, levando o play a um modesto número 133 na parada da
Billboard.

Mas com o passar dos anos, o álbum foi ganhando status de ‘cult’ entre os apreciadores do estilo. Músicas como “Rock the Nation”, “Rock Candy” e “Space Station #5” – essa última regravada pelo Iron Maiden e utilizada como b-side no single “Be Quick or Be Dead” – conquistaram novas gerações, impulsionadas pelo sucesso da carreira de Sammy Hagar nas décadas posteriores. O debut do Montrose ficou em quarto lugar na eleição da revista
Kerrang para o melhor disco de metal de todos os tempos, realizada em 1989. Como curiosidade, o fato de ele ter sido produzido por Ted Templeman, o homem que participou diretamente de todo o sucesso do Van Halen na era David Lee Roth.

Sammy Hagar – Standing Hampton (1981)

O sexto trabalho de estúdio da carreira solo de Sammy marca sua estreia na Geffen Records, após anos de frustrações e incompatibilidades com sua antiga companhia, a Capitol. Contando com um suporte maior da nova gravadora,
Standing Hampton obteve a posição de número 28 nas paradas norte-americanas, melhor resultado da carreira do cantor até aquele momento. Em pouco tempo, o disco foi premiado com platina, pela marca de um milhão de cópias vendidas.

O motivo de tanto sucesso está refletido em canções que o tempo se encarregou de transformar em clássicos, como o hino “There’s Only One Way to Rock”, que chegou a constar até mesmo nos setlists do Van Halen. Outros destaques vão para “I’ll Fall in Love Again” (que entrou na trilha sonora do filme
Em Busca da Vitória), “Baby’s On Fire” e “Heavy Metal”, composta em parceria com Jim Peterik, do Survivor. O encerramento vem com uma versão para “Piece of My Heart”, composição de Bert Berns e Jerry Ragovoy, imortalizada na voz de Janis Joplin.

HSAS – Through the Fire (1984)

Tirando umas férias de sua banda principal, o guitarrista do Journey, Neal Schon, convidou Sammy Hagar para um projeto paralelo. Após alguns testes, completaram o line-up o baixista Kenny Aaronson (Dust, West Bruce and Laing, Foghat) e o baterista Michael Shrieve (Santana, Pat Thrall).
Through the Fire tem a peculiaridade de ter sido gravado ao vivo, nos dias 14 e 15 de novembro de 1983, em San Jose, California. O barulho da plateia foi removido em estúdio, mas existe um especial gravado pela MTV que mostrou as apresentações mantendo o som da audiência.

Misturando o senso melódico de Schon com a pegada rocker de Hagar, o álbum traz grande momentos, como na ótima “Missing You”, que resume o trabalho proposto em seus quatro minutos e meio. “Valley of the Kings”, “Hot and Dirty” e “My Home Town” também merecem destaques. E ,apesar de naquela época não ser algo tão comum quanto hoje em dia, os caras fizeram um cover para “Whiter Shade of Pale”, do Procol Harum. Basta dar uma pequena garimpada na net que você verá quantos artistas já regravaram essa canção. Mesmo assim, a versão aqui executada é bem agradável.

Van Halen – For Unlawful Carnal Knowledge (1991)

Embora tenham alcançado grande êxito comercial, os dois primeiros lançamentos do Van Halen com Sammy Hagar desagradaram os fãs mais conservadores. O excesso de teclados e a produção mais detalhista deixaram o som do grupo um tanto quanto limpo para os padrões que o consagrou. Para marcar a volta ao hard rock comandado pelos riffs de guitarra, Ted Templeman voltou a operar as máquinas, após alguns anos brigado com os irmãos VH. Para auxiliá-lo, foi chamado Andy Johns, conhecido por seu trabalho junto a lendas como Rolling Stones, Led Zeppelin e Free.

A furadeira de Eddie Van Halen abre o trabalho em “Poundcake”, mostrando que o peso estava de volta em doses cavalares. Outras que foram lançadas como single foram “Runaround” e “Right Now”, que ganhou o prêmio de melhor videoclipe do ano no
MTV Video Music Awards de 1992. O troféu foi entregue por Mick Jagger. A instrumental “316” é uma homenagem a Wolfgang, filho de Eddie e atual baixista da banda, que nasceu no dia 16 de março (3/16). A faixa de encerramento, “Top of the World”, abre com o riff de guitarra que aparece no fim do mega-clássico “Jump”, de 1984. Graças a uma verdadeira injeção de adrenalina sonora, o Van Halen teve sua credibilidade restaurada junto aos mais radicais.

Chickenfoot – Chickenfoot (2009)

A expectativa era grande desde o anúncio da formação do projeto. Após a desastrosa tentativa de volta do Van Halen, Sammy Hagar e Michael Anthony se uniam aos grandes Joe Satriani e Chad Smith. Era praticamente como juntar uma seleção de craques usando a camiseta do mesmo time. Enquanto alguns criticaram a diversidade que o álbum de estreia do Chickenfoot oferece, muitos aprovaram e o disco de ouro logo foi alcançado. A musicalidade acima de qualquer rótulo marca o trabalho do Chickenfoot. Mas a base da proposta musical continua sendo o rock and roll pesado e com atributo técnico superior sem soar como uma mera exibição.

Foram lançados três singles de divulgação, para as faixas “Oh Yeah”, “Soap on a Rope” e “Sexy Little Thing”. Além delas, outros sons de qualidade são facilmente encontrados, desde a abertura com “Avenida Revolution”. Outro destaque impossível de não ser feito vai para “Turnin’ Left”, com sua levada impressionante, que vicia desde a primeira escutada. Mesmo a balada “Learning to Fall”, considerada um momento menor por alguns críticos mais exigentes, traz uma melodia muito bonita, mostrando que uma música pode ser ‘melosa’ sem abdicar da qualidade. Uma estreia para deixar todos com expectativa pelo que vem adiante, embora ainda não se saiba oficialmente se Chad vai continuar, devido ao conflito de agendas com o Red Hot Chilli Peppers.

Comentários

  1. Boa lista, principalmente por ter o Montrose! Porém, substituiria o FUCK pelo 5150 fácil.

    Abraços

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  2. Acho o OU812 o melhor disco do Sammy com o Van Halen, mas gosto de todos eles.

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  3. Bem, eu gosto de Sammy, mesmo porque o Van Halen ficou mais 'rocker' com ele.
    Gosto de todos dele no Van Halen, mais o 5150 e o Balance são meus favoritos.

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  4. Eu curto muito os dois discos do Montrose. Sammy Hagar solo há muito tempo tenho interesse em conhecer, mas o fato dele não ter tido um guitarrista bom de serviço que tivesse trabalhado com ele sem ser o Ronnie Montrose e o Neal Schon me desmotiva um pouco. Talvês se ele tivesse apostado em algum guitarrista prodígio que fosse promessa na época conseguisse sucesso mais cedo. Tenho uma som três de 84 que falava de rumores que Hagar estava montando um super grupo com Neal Schon, mas não tinha saído esse disco ao vivo na época ainda. Vou escutar ele.../ Eu acho o Van Halen com David Lee Roth mais "sacana", mas os dois tem muita voz.
    --

    Luciano

    Luciano

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