O melhor show da vida de alguém – Paul McCartney, Porto Alegre, 07/11/2010


Por Giovani Letti
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Paul McCartney sempre foi grande. Mesmo em épocas em que disputava espaço com outros grandes da música, ele sempre se destacou. E se pensarmos na música de agora, Paul McCartney torna-se gigantesco, torna-se “o maior”. A impressão que se tem, ainda mais depois de assistir a um show dele, é que nenhum elogio faz jus ao que ele realmente é ou representa.


Considerado o maior compositor de todos os tempos, fundador da maior banda da história, ícone da cultura pop, Paul McCartney é um dos raros representantes genuínos do que de melhor foi produzido pela humanidade. Ele é um clássico na concepção de Ítalo Calvino, ou seja, quanto mais o tempo passa, mais consegue afastar qualquer crítica de sua obra. Portanto, não faz mais sentido analisar Paul McCartney como um músico, compositor, ou ídolo. Ele tornou-se muito mais do que isso.


E esse cara de Liverpool, que passou a ser de todos os lugares quando se tornou um Beatle, parece ter consciência de quem é, e de sua importância para as pessoas. Por isso, o que ele não promete, mas entrega - é o melhor show da vida de alguém. Talvez porque Paul McCartney foi o primeiro a entender que um show é muito mais que música.

Percebe-se que cada detalhe foi pensado para gerar uma experiência única. A escolha do repertório, a sequência das músicas, as imagens nos telões do palco, a interação com o público (em português e inglês), as bandeiras da Inglaterra e do Brasil. Tudo foi pensado para que aquelas sejam as melhores três horas da sua vida.


Você leva a primeira música, “Venus and Mars /Rock Show”, para entender onde realmente está. Depois vem “Jet”, inundando o corpo com aquela mistura de adrenalina e serotonina, fazendo com que você se esqueça das dores por ter estado horas em uma fila. E ele te leva assim mais algumas músicas, até chegar a “The Long and Winding Road”, gerando outro tipo de emoção e provocando as primeiras lágrimas. Que continuaram a rolar quando, antes de tocar “My Love”, ele disse em português que tinha feito aquela música “para a minha gatinha Linda”. Ou logo depois, quando ele começa a tocar “Here Today”, a música que fez para “meu amigo John”. E como se não fosse suficiente, emociona mais ainda com a versão de “Something”, dizendo antes que “essa música é do meu amigo George”.


Aí, o nível de felicidade só vai aumentando, até que umas dez músicas depois chega “Live and Let Die” e você não acredita quando o palco explode exatamente na pancada final do refrão. Depois disso, na parte final, só músicas do Beatles. “Hey Jude”, “Day Tripper”, “Lady Madonna”, “Get Back”, “Yesterday”, “Helter Skelter”, e para finalizar, “Sgt Pepper's Lonely Hearts Club Band” e “The End”.



Foram três horas sensacionais de show, onde 60 mil pessoas (re) viveram os melhores momentos de suas vidas, justamente aqueles marcados por uma das músicas do Paul. Ou seja, como ouvi um fã dizer na TV, ele só faz bem a milhões de pessoas há mais de cinco décadas. Fez, sem pretensão, o que nenhuma religião conseguiu fazer. Realmente mudou o mundo (de cada um de nós), apenas empunhando um baixo Hofner.

Muito obrigado, Paul!

Fotos: Danieli Letti, Giovani Letti, Patricia Araldi e Rodrigo Finger Stadler


Comentários

  1. Suas lindas palavras narram exatamente o encanto daquela noite inesquecível. Com certeza foi o melhor show da minha vida.

    Patricia

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