Orphaned Land - The Never Ending Way of ORwarriOR (2010)


Por Ricardo Seelig
Publicitário e Colecionador
Collector´s Room

Cotação: ****1/2

Misturar música com religião é um terreno perigoso. Pensando bem, misturar qualquer coisa com religião é sempre delicado. Imagine então uma banda israelense que fala abertamente em suas letras sobre os conflitos religiosos que desde a criação do moderno estado de Israel, em 14 de maio de 1948, tornaram a região uma das mais instáveis do planeta.

O Orphaned Land é uma banda única. Cantando em inglês, hebraico e árabe, o grupo insere elementos étnicos em sua música com uma riqueza criativa que impressiona. The Never Ending Way of ORwarriOR, quinto álbum do sexteto formado por Kobi Farhi (vocal), Shlomit Levi (vocal), Yossi Sassi (guitarra, piano e cordas), Matti Svatitzki (guitarra), Uri Zelcha (baixo) e Matan Shmuely (bateria), é mais um excelente e singular capítulo nessa história.

Produzido por Steven Wilson, líder e mente criativa por trás do Porcupine Tree, o disco é uma obra de arte inquestionável e inequívoca. Suas quinze faixas são quinze jóias musiciais ricas em detalhes, que pegam elementos dos mais variados gêneros do heavy metal e os unem como peças de Lego na construção de uma sonoridade cativante e repleta de personalidade.

The Never Ending Way of ORwarriOR fala da eterna luta entre a luz e a escuridão - “ORwarriOR” significa "Guerreiro da Luz". O disco é dividido em três partes: “Godfrey´s Cordial: An ORphan´s Life”, “Lips Acquire Stains: The WarriOR Awakens” e “Barakah: Enlightening the Cimmerian”. O trabalho abre com seu primeiro single, a excelente “Sapari”, que traz elementos caraterísticos da música árabe e conta com os ótimos vocais femininos de Shlomit, que se contrapõe de maneira iluminada ao timbre de Kobi.

“From Broken Vessels” conta com vocais guturais e passagens repletas de melodia, além de um longo trecho instrumental que mostra toda a classe do conjunto, mesclando o peso do metal a instrumentos típicos. Os destaques seguem aos montes: “Treading Through Darkness” progride em caminhos inovadores, enquanto “The Pilgrimage to Or Shalem” descarrega avalanches de melodia sobre o ouvinte e conta com um solo de guitarra absolutamente celestial!

“The Warrior” mais uma vez traz a voz iluminada de Shlomit Levi ao lado dos vocais de Kobi Farhi, em um resultado final muito bonito. O aspecto étnico e folclórico da música do Orphaned Land é protagonista de “Disciples of the Sacred Oath II”, enquanto “New Jerusalem” nos transporta para as longas jornadas do povo judeu em busca da terra prometida. Ótimas melodias permeiam a pesadíssima “Barakah” e “Codeword: Uprising”. Já “In Thy Never Ending Way (Epilogue)” é um encerramento belíssimo para um disco sensacional!

Lançado originalmente em 25 de janeiro de 2010, The Never Ending Way of ORwarrioOR chega ao Brasil via Shinigami Records. O disco teve ótima repercussão tanto por parte da crítica especializada quanto pelos fãs, e levou a banda a abrir os shows do Metallica em Israel em 22 de maio último e a tocar na edição 2011 do maior festival de heavy metal do planeta, o Wacken Open Air, conquistas essas mais do que merecidas. Um dos melhores álbuns do ano, e um sucessor digno do também excelente Mabool: The Story of the Three Sons of Seven, de 2004.

Que venham mais obras de arte como essa!


Faixas:

Part I: Godfrey's Cordial – An ORphan's Life
1 Sapari 4:03
2 From Broken Vessels 7:36
3 Bereft in the Abyss 2:44
4 The Path Part 1 – Treading Through Darkness 7:26
5 The Path Part 2 – The Pilgrimage to Or Shalem 7:45
6 Olat Ha'tamid 2:38

Part II: Lips Acquire Stains – The WarriOR Awakens
7 The Warrior 7:11
8 His Leaf Shall Not Wither 2:31
9 Disciples of the Sacred Oath II 8:30
10 New Jerusalem 6:59
11 Vayehi Or 2:40
12 M I ? 3:27

Part III: Barakah – Enlightening the Cimmerian
13 Barakah 4:13
14 Codeword: Uprising 5:24
15 In Thy Never Ending Way (Epilogue) 5:09


Comentários

  1. Uma das bandas mais originais dos últimos tempos. Ótimo disco (ainda existe a versão Deluxe), o qual tive a oportunidade de ter visto um show da turne. Recomendadíssimo...

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  2. Marcello, você assistiu um show deles onde?

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  3. No Wacken deste ano. Ainda rolou uma sessão de autografos após o show onde eles riscaram a minha cópia do "The Never...". Quem sabe um dia eles não aparecem aqui no Brasil? Na torcida...

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  4. Gostei muito do disco tb. Bem original e variado. Tb achei mais pesado do que o Mabool, e essas vocalizações arabes são demais né? Mais ainda prefiro o anterior. E vcs?

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  5. Acho que o "Mabool" supera o "Never...", porem a qualidade deles é bem próxima...

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