Where Angels Suffer - Purgatory (2010)


Por João Renato Alves
Jornalista e Colecionador
Collector´s Room

Cotação: ***1/2

Algumas figuras são referências históricas dentro de um grupo, simbolizando tudo aquilo que ele representa. Ninguém consegue imaginar o Kiss sem Gene e Paul, nem mesmo o Van Halen sem os irmãos Eddie e Alex – nesse caso, por uma compreensão lógica da vida. Motörhead sem Lemmy idem, além de inúmeros outros exemplos. Sendo assim, o W.A.S.P. sem Blackie Lawless não passa de um delírio qualquer. Ou passava, até que alguns ex-integrantes da banda, liderados pelo lendário Chris Holmes, resolveram levar a ideia em frente. Assim surgiu o Where Angels Suffer, ou W.A.S., para facilitar a compreensão.

A coisa fica um pouco confusa quando constatamos que o grupo simplesmente pegou músicas do segundo e terceiro discos do Randy Piper’s Animal e regravou. Ou seja, material inédito, nem pensar. Isso tira um pouco da expectativa, especialmente de quem já conhece os sons em questão, além de soar como uma bela falcatrua para os que não estão a par. De qualquer modo, vamos deixar esse fator de lado e nos concentrar no álbum em si. E quem sente falta dos velhos tempos do W.A.S.P. pode começar a ficar animado. Apesar de não contarem com um compositor com a mesma genialidade de Lawless, os caras seguem à risca a cartilha do antigo parceiro. Tudo aqui é extremamente planejado para agradar os fãs.

Os riffs de guitarra já chegam metendo o pé na porta em “Cardiac Arrest”, som que tem aquele clima perfeito para a galera acompanhar em um show. Em “Can’t Stop”, Rich Lewis chega a assustar, parecendo que incorporou Blackie Lawless em suas cordas vocais. A curta e eficiente “Don’t Wanna Die” é um destaque com sua pegada hard, enquanto “Crying Eagle” traz Stet Howland atacando sua bateria com vontade. “Unnatural High” vem emendada. Sua cadência e peso têm tudo para conquistar os fãs. Mantendo o estilo intacto, “Judgment Day” traz aqueles backing vocals inconfundíveis de outrora.

Aí vem um momento, no mínimo, curioso, com o cover de “Zombie”, do Cranberries. E souberam adaptá-la muito bem ao som do grupo, acrescentando peso e velocidade na medida certa. Com um nome que nem deixa margem pra desconfiança, “L.U.S.T.” vem no melhor estilo “Hellion”, preparando o terreno para as guitarras metálicas de “Violent New Breed” e “Morning After”, que não acrescentam muito. O nível volta a subir em “Eye of the Storm”, que poderia estar em um dos álbuns do W.A.S.P. da virada dos 1980’s para os 90’s. Destaque para o solo de guitarra, que é o melhor de todo o disco. “B.O.O.M.” (again?!?) fecha o trabalho com um approach mais modernoso, mas sem desvirtuar o estilo.

Apesar da sensação de colcha de retalhos, o álbum tem tudo para agradar os mais fanáticos pela banda que consagrou dois terços dos músicos presentes nesse projeto. Até porque, se não conquistar eles, não acontecerá com mais ninguém mesmo.

Vale a conferida, só não espere por algo surpreendente, especialmente se já conhece as versões anteriores das faixas aqui executadas.


Faixas:
1 Cardiac Arrest 4:11
2 Can't Stop 5:01
3 Don't Wanna Die 3:47
4 Crying Eagle 3:26
5 Unnatural High 3:49
6 Judgment Day 3:57
7 Zombie 3:40
8 Lust 4:18
9 Violent New Breed 4:06
10 Morning After 3:22
11 Eye of the Storm 3:33
12 Boom 3:23

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