Yngwie Malmsteen - Relentless (2010)


Por João Renato Alves
Jornalista e Colecionador
Collector´s Room


Cotação: **


O sueco voador está de volta! Com um talento proporcional ao seu ego (e peso), Yngwie Malmsteen não foge das já conhecidas ideias musicais em Relentless. O segundo álbum a contar com os vocais de Tim “Ripper” Owens (Judas Priest / Iced Earth) segue aquela fórmula que já acostumou os fãs há muito tempo. Sendo assim, espere pela técnica exuberante de sempre, além da velocidade e coordenação impressionantes. Mas é óbvio que, mesmo com tantas semelhanças, podemos estabelecer um comparativo na qualidade. É aí que o bicho pega de vez.

Após a curta intro “Overture”, a pancada come solta em “Critical Mass”, que traz uma passagem acústica em seu começo, mas é só para enganar mesmo. A música segue uma linha menos veloz que o esperado em começo de álbuns de Malmsteen, mas os solos são aquela coisa pra lá de previsível. Mas é por pouco tempo que a veia speed deixa de se manifestar. Logo na sequência, a instrumental “Shot Across the Bow”, com a já conhecida influência clássica, vai agradar a turma do conservatório. Em “Look at You Now”, Yngwie mostra mais uma vez ao mundo porque é um dos melhores guitarristas de todos os tempos. Como? Cantando e quase colocando tudo a perder. Uma pena, pois essa é a mais interessante, até aqui.

A faixa-título é outra instrumental com os já tradicionais “bululus”, fritação de abelhas, espancamento de gatinhos e afins. Um surpreendente coral gregoriano abre e encerra “The Enemy Within”, a melhor até aqui, com uma pegada heavy cativante e riffs certeiros. Som que chega a lembrar Black Sabbath fase Dio em sua estrutura. “Knight of the Vasa Order” é outra instrumental com muita técnica e pouco a dizer. Mas seguimos bravamente suportando. Ainda bem, pois “Caged Animal” consegue subir o nível, com uma cadência bem interessante e certa aproximação ao hard rock na sua melodia. A melhor das exibições gratuitas de virtuose chega em “Into Valhalla”, que ao menos consegue soar menos enfadonha.

O clima de déjà-vu retorna com força total em “Tide of Desire” e prossegue na curta “Adagio B Flat Minor Variation”, cujo nome já é auto-explicativo para quem conhece o sueco. “Axe to Grind” tem uma levada bacana, além da melhor performance de Tim em todo o play. Aliás, aí está alguém que foi muito mal aproveitado em troca de áudio-aulas desnecessárias - e olha que falo isso sem ser o maior fã do cara.

A speed “Blinded” consegue animar a turma do neoclássico, embora vá fazer lembrar umas trezentas faixas de discos antigos. Mas dos males, o menor. O problema é a chatíssima “Cross to Bear”, logo após. Um exemplo cabal de como fazer uma música longa que não diga absolutamente nada. De bônus, a já conhecida – especialmente por quem acompanha os vídeos de Malmsteen – “Arpeggios From Hell”.

Obviamente, fãs bitolados (e por isso, desprovidos de senso crítico para com seus heróis) engolirão isso como a maior maravilha de todos os tempos. Aos mais moderados, fica a dica: não percam seus gloriosos tempos. A quem não conhece a carreira de Yngwie, o alerta: não comecem por esse ou terão a pior das impressões. Mas se mesmo assim não quiser deixar sua coleção incompleta, vá em frente. Apenas sugiro comprar junto algumas aspirinas.

Indicado a estudantes de guitarra vidrados no aspecto técnico do instrumento. Afinal de contas, feeling é coisa de velhos com seus vinis do Led Zeppelin e afins, certo?


Faixas:
1 Overture
2 Critical Mass
3 Shot Across the Bow
4 Look at You Know
5 Relentless
6 Enemy Within
7 Knight of the Vasa Order
8 Caged Animal
9 Into Valhalla
10 Tide of Desire
11 Adagio B Flat Minor Variation
12 Axe to Grind
13 Blinded
14 Cross to Bear
15 Arpeggios From Hell [bonus track]

Comentários

  1. Com certeza comprarei mais esse, mas as aspirinas vou deixar de fora. Sempre gostei do que o Malmsteen fez e não me considero apenas um vidrado no aspecto técnico da guitarra.

    Malmsteen é mais um daqueles caras que ou você curte ou detesta. Difícil encontrar um ouvinte que esteja no meio-termo.

    Ainda não ouvi "Rentless" então não posso concordar ou discordar em muita coisa. Acho que esse disco não deve ser muito diferente do "Perpetual Flame", que eu gosto bastante, mas vou respeitar a opinião do João Renato. Curiosamente essa é menor cotação que já vi aqui na Collector´s.

    Abraço!

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  2. Francisco, o novo do Dimmu Borgir também recebeu essa mesma cotação.

    Abraço, e obrigado pelo comentário!

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  3. Lembram do War Room sobre um disco do Malmsteen (http://collectorsroom.blogspot.com/2010/03/war-room-yngwie-malmsteen-facing-animal.html)? Então, gostaria de saber a opinião do Felipe Mares sobre esse disco. Diferentemente do que o Francisco falou eu sou um cara meio-termo em relação ao Malmsteen. Gosto dos primeiros (dos três primeiros) e mais algumas músicas esparsas dos discos restantes. E não tenho paciência para ouvir boa parte do repertório do cara...

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  4. Fernando, um ouvinte como você é difícil de encontrar, mas não é impossível.

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  5. Tirando os dois primeiros e o disco de covers....todos os outros que ouvi do Malmsteen eu achei bem chatos....

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  6. Minhas recomendações para quem já conhece os 3 primeiros e pretende dar uma chance para o que veio depois.

    1. Magnun Opus
    2. Seventh Sign
    3. Odyssey
    4. Facing the Animal
    5. Perpetual Flame

    Pra quem nunca ouviu, ou se ouviu e pretende dar uma segunda chance:

    1. Rising Force
    2. Marching Out
    3. Trilogy
    4. Magnun Opus
    5. Facing the Animal

    As repetições são propositais porque o "Magnun Opus" e o "Facing the Animal" eu recomendo fortemente.

    Também vale conferir o Alcatrazz, que foi a segunda banda em que o Malmsteen tocou quando veio para a América. "Night Games" e "Hiroshima Mon Amour" são músicas no mínimo sensacionais.

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  7. Francisco
    Cara peguei uns discos do Malmsteen para ouvir hj e "lembrei"(rs) que gosto tb do Magnus Opus. Inclusive nesse disco tem a música que mais gosto dele - Overture 1622.

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  8. Fernando, o Magnun Opus foi o primeiro do Malmsteen que eu ouvi. Já fiquei impressionado logo com a faixa de abertura, "Vengeance".

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  9. Francisco e Fernando, eu gosto muito do Facing the Animal, de 1998. É um disco pesadíssimo e com grandes composições.

    Abraço.

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