Afinal, qual é o nosso papel nessa história?


Por Ricardo Seelig
Publicitário e Colecionador
Collector´s Room

Me peguei pensando uma coisa um dia desses. O que é mais importante na música: os artistas ou nós, os fãs? É claro que nada existiria sem nomes como John Lennon, Paul McCartney, Jimmy Page, Mick Jagger, Steve Harris, Bruce Dickinson, Keith Richards e tantos outros. Mas e quanto a nós, que consumimos música como água, que dedicamos grande parte de nossas vidas a esta paixão arrebatadora, qual é o nosso papel nessa história?

Os Beatles não seria os mesmos sem a Beatlemania. A loucura e o fanatismo dos fãs é peça essencial na cultura pop. Somos nós que construímos as lendas e os ícones do rock and roll. Kurt Cobain não acordou um belo dia e decidiu que iria ser a voz da juventude norte-americana dos anos noventa. Foram os fãs que o transformaram em seu porta-voz.

Quem gosta de música de verdade não se contenta em ter apenas um ou dois discos. Não existe fã de rock em uma coleção repleta de álbuns por trás. É só olhar o seu caso. Pense na banda que você mais gosta. Pensou? Agora conte quantos discos destes caras você tem. Muitos, com certeza – isso se não tiver a coleção completa, incluindo Eps, singles, promos e muito mais.

É este culto que faz o rock ser algo tão fascinante. Para os fãs, seus ídolos não são pessoas normais. Eu não consigo imaginar Jimmy Page como um cara de carne e osso como meu pai, apesar de os dois terem praticamente a mesma idade.

A mitologia faz tudo ficar maior. A suposta morte de Paul McCartney, a magia negra rondando o Led Zeppelin, o diabo ao lado de Robert Johnson, as drogas e o Aerosmith. O rock está repleto de histórias fantásticas, mágicas, inacreditáveis, que transformam pessoas normais em lendas, fascinando milhões de fãs ao redor do mundo.

Não existe juventude sem o rock and roll. Quando se tem quinze anos, nada é mais importante do que o som de guitarras distorcidas a todo volume!

Na cabeça de todo fã, ele é tão importante para uma banda quanto os seus integrantes. Para mim, o Iron Maiden não seria o mesmo sem a minha paixão pelo grupo. Pô, os caras fazem parte da minha vida há mais de 25 anos. Eu cresci vendo a banda crescer. Todas as minhas histórias, tudo o que eu vivi, tem um pouco do Maiden no meio. É claro que eu vou pensar assim.

Não dá pra explicar essa identificação de forma racional. Eu não gosto de Nirvana, mas milhões de pessoas gostam. Nenhum dos dois está errado. Tem gente que acha Beatles um saco, e tem gente que acha a banda genial – e é isso aí!

O rock, antes de tudo, é paixão. E isso não se explica, apenas acontece. Este o nosso papel nessa história. É a nossa paixão, o nosso amor, o nosso tesão pela música que faz o bom e velho rock and roll se manter vivo e forte há quase sessenta anos.

Porque de nada adiantaria John Lennon gritar a plenos pulmões se nós não estivéssemos aqui para escutá-lo.

Comentários

  1. É como no futebol. Por mais que os jogadores sejam as estrelas, quem faz o espetáculo é a torcida. Se colocarmos os maiores craques do mundo para jogar em um estádio vazio, não terá a mesma graça de um jogo varzeano em um estádio lotado, com arquibancada enlouquecida. A emoção estará no segundo caso. E é ela que conta.

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  2. Mais um belo texto!
    Penso que é claro que, sem nossa idolatria, muitos músicos não seriam quem são. Muitas bandas não ficaram conhecidas devido à grande ou à pequena mídia, mas sim graças ao boca a boca de seus fãs, que fizeram muitos desconhecidos virarem ídolos de multidões, às vezes até em continentes distantes de seus lugares de origem... um exemplo foram (são) os Ramones, semi-deuses na América do Sul e quase anônimos nos EUA... e quantas bandas da Escandinbávia tem fãs espalhado em todo o mundo sem ter seus discos lançados fora da Europa?
    É uma pena que muitos músicos não reconheçam a importância dos fãs (ou da gente, no caso). Lembro sempre de uma entrevista com Ozzy onde ele disse que passou reto por alguns fãs que esperavam por ele na saída de um show, e que Sharon o repreendeu na frente deles, dizendo para ele voltar lá e atender os fãs pois, se ele era quem era e tinha o que tinha era por causa deles... e lembro também de Dio, dizendo que sempre atendeu os fãs da melhor forma possível, pois ás vezes uma simples troca de palavras com um fã para este seria algo memorável, enquanto para ele (Dio) não custaria mais qiue alguns segundos...
    Vi o Focus duas vezes em Portoi Alegre. As duas a banda montou uma mesa depois do show dentro do local do show e recepcionou os fãs para autógrafos e bate papos. As duas vezes os membros do grupo ficaram ali por mais de uma hora, trocando apertos de mão, batendo papo, assinando de tudo e sempre com uma simpatia e um bom humor contagiante. Poucas vzees vi outras bandas (até menos importantes) fazerem isso emquase 20 anos acompanhando shows na capital gaúcha.
    Mas acho que é isso: nossa vida seria um pouco mais incompleta sem nossos ídolos, e eles não seriam ídolos de tantos se não fosse nossa dedicação. Um dependendo do outro, mantendo o rock vivo!

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  3. É aquele papo: "You are the music...We´re Just the Band"
    Excelente texto!
    Abraço.

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  4. Belissimo texto cadão, e mal comparando, essa frase aqui é o que sinto com o Los Hermanos, apenas trocando o nome do Iron pelo dos caras

    "Para mim, o Iron Maiden não seria o mesmo sem a minha paixão pelo grupo. Pô, os caras fazem parte da minha vida há mais de 25 anos. Eu cresci vendo a banda crescer. Todas as minhas histórias, tudo o que eu vivi, tem um pouco do Maiden no meio. É claro que eu vou pensar assim"

    Uma pergunta, pq todo mundo sempre coloca como mais importante Mick Jagger e Keith Richards se quem foi O CARAA na banda foi o coitado do Brian Jones? Depois dele o Stones virou outra banda, tudo bem, mas o Stones quando o Jones mandava era o alto nível, e poucos reconhecem

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  5. Acho que temos a tendência de glorificar quem morreu. É claro que o Brian Jones foi genial, mas os Stones continuaram no mais alto mesmo depois da morte dele, e permaneceram assim por vários anos.

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  6. Concordo cadão, mas com os stones isso não acontece. O Brian Jones é sempre visto como desleixado e o drogado q se deu mal. Ele foi quem incrementou o som dos stones a partir do aftermath. Between the buttos e their satanic sao perolas, e o q o brian jones construiu em beggars banquet para mim é fantastico

    Com os beatles é bem isso que tu falou. Todos veneram o John lennon, mas quem era o cara mesmo era o Paul (ta, talvez o George), mas não o Lennon.

    Não q seja a mais representativa (q na verdade para mim pe a fase taylor), mas a fase Jones é a que eu mais admiro na orba dos stones pela inovação epela genialidade do próprio jones

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  7. Mairon, no meu caso eu tenho pouca paciência com junkies. Me revolta ver que caras tão geniais morreram tão cedo e deixaram de mostrar ao mundo obras maravilhosas que certamente criariam.

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