David Rock Feinstein - Bitten by the Beast (2010)


Por João Renato Alves
Jornalista e Colecionador
Collector´s Room

Cotação: *****

Talvez nenhum álbum lançado esse ano venha tão carregado no aspecto emoção quanto esse. David ‘Rock’ Feinstein, além de primo, era companheiro inseparável de Ronnie James Dio. A carreira musical de ambos tem ligação desde os tempos do Ronnie Dio & The Prophets, passando pelo The Electric Elves e ELF. Caminhos separados, David não alcançou o estrelato do primo, mas teve um trabalho respeitável, especialmente com o excelente The Rods, além de colaborar em vários momentos com o Dio. Agora, poucos meses após a partida de Ronnie, chega Bitten by the Beast, trabalho-solo do guitarrista e vocalista, que conta com a última faixa gravada por Ronald James Padavona em vida.

Obviamente, ela é o grande momento pelo qual todos esperam ao adquirir o seu exemplar. Mas não cometa o crime de desprezar as outras músicas. Desde o começo com o hard/heavy com influências setentistas de “Smoke on the Horizon”, podemos notar que esse é um play de primeiríssima categoria. Seguindo com a metálica “Evil in Me” e seus riffs ‘Iômmicos’ misturados a uma levada mais próxima do Rainbow, o preço da bolachinha já está pago com juros. Sem deixar o pique cair, “Break Down the Walls” conta com a assinatura típica de Feinstein, unindo um clima festeiro e a pegada certeira do baterista Nate Horton.

Mas chega o momento mais aguardado pelos fãs. A intro de bateria – executada por Carl Canedy, ex-The Rods – chama os riffs de guitarra e o baixo pulsa. Eis que surge a voz. E a emoção toma conta inevitavelmente. Como se soubesse que não haveria outra gravação, Dio coloca coração, alma e o que mais pudesse, explorando todas as características de seu registro. Por motivos que não são necessários explicar, é muito difícil fazer uma avaliação isenta de “Metal Will Never Die”. Mas o arrepio na espinha e os olhos marejados dizem mais que mil palavras. Uma despedida mais que digna de alguém que ainda está tão próximo.

Mas vamos em frente que ainda tem muita coisa boa! “Kill the Demon” tem uma cadência que chega a lembrar os trabalhos da cozinha mais parceira da história do rock, Neil Murray e Cozy Powell. E chega a hora do bom e velho rock and roll! Arraste a mobília, passe o gel na cabeleira, ensaie seus passos preferidos e puxe a patroa para a dança. Entre no clima de “Rock’s Boogie”, som que lhe transportará direto para os anos 1950. Avancemos duas décadas em “Give Me Mercy”, hard rock estradeiro que poderia muito bem estar em algum clássico do ZZ Top.

Entrando na reta final, a heavy “Run For Your Life” é um delicioso clichê oitentista, com guitarras à la NWOBHM e um refrão daqueles que a galera se mata acompanhando em uma arena, com os punhos erguidos. Para encerrar de vez, uma regravação de “Gambler, Gambler”, do ELF. Feinstein faz jus ao primo, interpretando de maneira esplêndida.

Um álbum curto e direto, carregado de muita emoção, com músicas fenomenais, feitas por quem entende do assunto. Tem hard rock, heavy metal e rock and roll em uma maravilhosa salada daquilo que todos nós amamos.

Ronnie ouve sorrindo e fazendo o sinal dos chifrinhos onde estiver!


Faixas:
1 Smoke on the Horizon
2 Evil in Me
3 Break Down the Walls
4 Metal Will Never Die
5 Kill the Demon
6 Rocks Boogie
7 Give Me Mercy
8 Run for Your Life
9 Gambler Gambler

Comentários

  1. BOA!
    É um prazer ver o David na ativa de novo, e vou ouvir este CD, com toda certeza do mundo!

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