Cinco discos para conhecer Bruce Kulick!


Por Igor Miranda

Na sessão Cinco Discos para Conhecer, o homenageado de hoje é um cara que, muitas vezes, é subestimado por aqueles que não tem uma audição muito aguçada, mas tem talento de sobra, competência em seus trabalhos e uma discografia invejável.

Com vocês, Bruce Kulick!

Blackjack - Blackjack (1979)

Bruce Kulick começou a tocar profissionalmente em 1974, e seu primeiro registro foi com o trio KKB. Três anos depois passou a fazer parte da banda de apoio de Meat Loaf na turnê de Bat Out of Hell, um dos discos mais vendidos da história. Logo ao fim da turnê formou o Blackjack com o até então desconhecido vocalista Michael Bolton (famoso por encharcar calcinhas de empregadas nas décadas seguintes). O baixista Jimmy Haslip (Tommy Bolin, Allan Holdsworth, Al Jarreau) e o baterista Sandy Gennaro (Joan Jett, Pat Travers Band) completam a line-up.

Os dois trabalhos do Blackjack apresentam qualidade fora do comum. Mas o debut, em especial, cativa logo de primeira. O hard rock tipicamente setentista e com influências dos anos 1960 e do blues é empregado do início ao fim. Kulick demonstra diferencial com boas linhas de guitarra, e Bolton deixa qualquer roqueiro triste por seu caminho trilhado no futuro - daria muito bem no rock and roll, pois é um cantor de primeira.

A banda não vingou comercialmente em sua época, mas hoje se tornou um clássico cult.

Kiss - Crazy Nights (1987)

(texto por Marcelo Vieira)


No decorrer de quase quatro décadas de história, o Kiss provou ao mundo que não tinha medo do ridículo. A banda surgiu em meados dos anos 70 pegando carona no glitter rock, com as caras pintadas e incorporando, cada um dos integrantes, um personagem (ou alter ego) diferente. E tome esculacho por parte da imprensa, que com o passar do tempo, acabou pagando pela língua.

Ao aparecerem de cara limpa e, quase que automaticamente, descambarem para o, digamos, “lado rosa da força”, Gene Simmons e Paul Stanley, na época acompanhados por Vinnie Vincent e Eric Carr, foram alvo de todas as chacotas possíveis. Mas, a exemplo do passado, seguiram em frente com as cabeças erguidas – e os narizes mais empinados do que nunca, diga-se de passagem.

Crazy Nights, de 1987, marca o auge do Kiss “farofa”. Desde a contracapa – que traz Paul descamisado usando calcinha fio-dental por baixo do jeans surrado – até os clipes, que de tão trash terminaram por adquirir status de cult.

Foi o segundo trabalho a contar com Bruce Kulick na guitarra. E o que o irmão do Bob nos oferece? Um show a parte, com solos dignos de serem feitos no centro do palco. Destaque também para Paul, que apesar de tantos rebolados e remelexos estava em sua melhor forma vocal e, obviamente, para Eric, cujo talento era inversamente proporcional a sua estatura.

E para quem concorda com Jean Massillon quando diz que “a virtude termina sempre onde começa o excesso”, eu digo: o ridículo, às vezes, pode valer a pena.

Kiss - Revenge (1992)

Após o fatídico falecimento de Eric Carr o Kiss decidiu mudar o som que estava fazendo. O mercado da música já não estava muito favorável ao hard rock oitentista (que o grupo havia adotado fervorosamente em seus discos anteriores) e o sangue novo de Eric Singer, recém adicionado ao conjunto, bem como a produção do sempre fantástico Bob Ezrin, foram fatores valiosos para a construção de Revenge.

Enquanto Paul Stanley e Gene Simmons se mostraram inspiradíssimos nos vocais, em seus instrumentos e nas composições (que contaram com colaborações do ex-guitarrista Vinnie Vincent), Eric Singer logo tratou de provar que não foi convidado ao acaso para substituir Carr - o cara manda muito.

Bruce Kulick rouba a cena por muitas vezes, pois finalmente conseguiu construir sua identidade como guitarrista, destilando riffs matadores, bases criativas e solos de se tirar o fôlego. O melhor dessa lista e um dos melhores da discografia do quarteto, na opinião de quem vos escreve.

Union - Union (1998)

A reunião da formação original do Kiss era inevitável - cedo ou tarde, aconteceria. Infelizmente, Bruce Kulick perdeu o emprego, juntamente com Eric Singer, em 1996. Kulick se juntou com o também demitido John Corabi (Mötley Crüe) e formou o Union. A formação se completou com o baixista Jamie Hunting e o baterista Brent Fitz, e o primeiro registro, auto-intitulado, chegou às prateleiras em fevereiro de 1998, com a produção de Curt Cuomo (o mesmo de Carnival of Souls do Kiss).

Com um line-up desses, mesmo sem o sucesso comercial era impossível produzir um álbum de qualidade duvidosa. A estreia do conjunto impressiona por aliar um hard rock pesado a pitadas de modernidade, bem suaves, mas notáveis. Segue a linha de trabalhos como o já citado Carnival of Souls, mas sem soar perdido como o mesmo. As composições estão invejáveis, a cozinha trabalha muito bem e a dupla Corabi/Kulick é de matar.

Subestimado e recomendadíssimo!

Bruce Kulick - BK3 (2010)

Dos três trabalhos de Bruce Kulick em carreira solo, este é o mais coeso e linear. Enquanto que os antecessores Audio Dog (2001) e Transformer (2003) atiravam para vários cantos, BK3 tem muito bem determinado o que vai ser feito.

Sempre se espera um trabalho de difícil assimilação e recheado de malabarismos na guitarra quando trata-se de um lançamento solo de um guitarrista, ainda mais se for alguém habilidoso como Kulick. Mas o homem surpreendeu ao trazer um disco completo, com riffs dignos, melodias que entram na cabeça e bons solos, além de mandar bem nos vocais das canções que assumiu o microfone.

Vale ressaltar a lista de convidados do play: Gene Simmons e seu filho Nick, John Corabi, Eric Singer, Tobias Sammet (Edguy), Doug Fieger (The Knack), Steve Lukather (Toto).

Comentários

  1. Para quem não conhece o Blackjack, é altamente recomendado. Hard/Classic Rock setentista dos bons, lembrando a primeira fase do Whitesnake, além de algo de Bad Company, Boston e afins. Na minha opinião, o melhor trabalho de algum membro do KISS fora da banda.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Você pode, e deve, manifestar a sua opinião nos comentários. O debate com os leitores, a troca de ideias entre quem escreve e lê, é que torna o nosso trabalho gratificante e recompensador. Porém, assim como respeitamos opiniões diferentes, é vital que você respeite os pensamentos diferentes dos seus.