Cinco discos para conhecer Vivian Campbell!


Por João Renato Alves

Diretamente de Lisburn, Irlanda do Norte, para o mundo, um colecionador de polêmicas. Mas, também, um talento inquestionável nas seis cordas. Com vocês, Vivian Campbell!

Dio – The Last in Line (1984)

Após o estouro com Holy Diver, Vivian Campbell teve a oportunidade de começar o projeto de um novo álbum com o Dio, já que no debut chegou com muita coisa já pronta. Impondo seu estilo, ajudou Ronnie a manter o nível alto em fortes composições, com riffs e solos inspiradíssimos. Sons poderosos como “We Rock”, que abre o álbum; a faixa-título, com sua intro memorável; e a quase hard rock “One Night in the City” entraram para o panteão dos grandes hinos do heavy metal. Outras, como a veloz “I Speed at Night” e a climática “Egypt (The Chains Are On)”, também figuram entre as preferidas dos fãs.

The Last in Line foi o primeiro álbum do Dio a alcançar disco de platina nos Estados Unidos, onde atingiu o número #24 na parada da Billboard. No Reino Unido, também teve desempenho satisfatório, chegando ao quarto posto no chart. A turnê rendeu o conhecidíssimo home vídeo Live From the Spectrum, gravado na Pennsylvania.

Apesar de Vivian atualmente não valorizar esse momento de sua carreira como talvez devesse, não dá para negar que sua passagem pelo Dio foi decisiva para que muitas portas se abrissem. Uma pena que ele não teve tempo de ficar em bons termos com o saudoso baixinho.

Riverdogs – Riverdogs (1990)

Após deixar o Whitesnake, Vivian mudou-se para Los Angeles e, enquanto não se estabelecia com uma nova banda, ia ajudando alguns amigos de longa data. Um deles era Rob Lamothe, que chamou o irlandês para dar uma força como produtor para a demo de um projeto que tinha acabado de formar. Só que se entusiasmou tanto com o som que acabou entrando para o grupo como membro efetivo. A sonoridade do Riverdogs é aquele hard com alma classic rock e pegada setentista, como estavam fazendo à época o Cinderella e, porque não, Bruce Dickinson em seu Tattooed Millionaire.

As dez faixas que compõem o debut são excelentes, ficando difícil destacar alguma específica. A escolha por “Toy Soldier” como single poderia ter recaído sobre qualquer outra sem o menor prejuízo no aspecto qualidade. Porém, nem a boa receptividade encorajou a gravadora Epic Records a seguir apostando, preferindo priorizar o som que ia mais de acordo com o que as rádios queriam. Junto a isso veio o convite para Vivian entrar para o Def Leppard em substituição ao falecido Steve Clark, dando um golpe crucial no futuro do Riverdogs.

Shadow King – Shadow King (1991)

Paralelamente ao Riverdogs, Vivian juntava forças com Lou Gramm – com quem já tinha colaborado anteriormente no álbum Long Hard Look, de 1989 – em um super projeto AOR. A banda ainda contava com Bruce Turgon no baixo e teclados, além do ‘encara-todas’ Kevin Valentine na bateria. Essa turma produziu uma verdadeira pérola do estilo, mesclando peso e melodia na medida certa em uma execução de altíssimo nível. Aliás, é necessário destacar que foi uma das últimas vezes em que o registro vocal de Lou pode ser ouvido de maneira tão brilhante.

Curiosamente, o Shadow King realizaria apenas um show durante toda a sua existência. Aconteceu no Astoria Theatre, em Londres, parte de uma série de concertos chamada American Dream.

Em seguida, veio a dissolução. Lou Gramm faria as pazes com Mick Jones e retornaria ao Foreigner, levando Bruce Turgon junto. Kevin Valentine se juntaria ao Cinderella, além de seguir suas participações especiais como baterista de estúdio. E Campbell, como já citado acima, iria faturar uma boa grana com o Def Leppard, que lançava o sucessor do clássico Hysteria, o excelente Adrenalize.

Def Leppard – Euphoria (1999)

Após a estreia com o controverso Slang, Vivian pode sentir um pouco como era fazer um álbum do Def Leppard no modo que o consagrou. Para isso, o grupo contou com a ajuda do seu velho mentor musical, John ‘Mutt’ Lange, que não chegou a produzir o álbum inteiro, mas deu uma bela força a seus amigos desde o processo de composição, participando ativamente da autoria de três faixas, além de gravar alguns backing vocals. Euphoria resgata o bom e velho hard rock melódico com riffs e refrões pegajosos, fórmula que colocou o leopardo surdo entre as maiores bandas de sua geração.

O disco vendeu cem mil cópias nos Estados Unidos apenas na semana de lançamento, atingindo a décima-primeira posição na parada da Billboard. Da mesma forma, “Promises” foi o single mais executado nas paradas rock, tanto da terra do Tio Sam quanto do Reino Unido. Além desses dois territórios, o álbum atingiu disco de ouro também no Japão e no Canadá. Prova definitiva que ainda havia espaço para o rock melódico de qualidade na velha fórmula oitentista. Ninguém melhor que um monstro sagrado para nos mostrar isso.

Vivian Campbell – Two Sides of If (2005)

Buscando respirar um pouco fora do mundo do Def Leppard, onde as gravações são feitas com precisão cirúrgica, Campbell chamou amigos e lançou um disco interpretando standards do blues. A banda de apoio conta com feras como o baterista Terry Bozzio e o guitarrista Bruce Cornett. Duas participações de peso ainda rolam, com Billy Gibbons (ZZ Top, que ainda escreveu a inédita “Willin’ for Satisfaction” especialmente para a ocasião) e Joan Osborne, mostrando todo seu talento em “Spoonful”.

Mandando ver em versões para “I’m Ready” de Willie Dixon e “Come On in My Kitchen”, do pai de todos, Robert Johnson, podemos notar a destreza de Vivian. Um momento especial acontece quando ele homenageia seu maior herói, o conterrâneo Rory Gallagher, em soberba interpretação de “Calling Card”. O mestre deve ter ficado muito orgulhoso onde estiver.

Mas o duelo com Gibbons em “Like it This Way”, de Danny Kirwan, é aquele típico momento que vale o disco. Uma aula de feeling.

Algo não muito explorado no emprego principal, mas que sempre vai muito bem.

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