Janelle Monáe - The ArchAndroid (2010)


Por Ricardo Seelig

Cotação: ****

Funk, rock, soul, R&B, pop. Dançante, empolgante, contagiante. The ArchAndroid, estreia da cantora norte-americana Janelle Monáe, é uma verdadeira bomba sônica pronta para conquistar o planeta. E isso não é um exagero.

Na verdade, The ArchAndroid, lançado originalmente em 18 de maio de 2010, reúne a segunda e terceira partes de uma obra conceitual criada pela cantora inspirada no clássico filme Metropolis (1927), do austríaco Fritz Lang. Explico: Janelle Monáe surgiu para o mundo em 2007, quando lançou o EP Metropolis Suite I of IV – The Chase, o primeiro de quatro EPs inspirados na obra de Lang. O rapper e produtor Diddy (que antes era conhecido como Puff Daddy) ficou impressionado com a menina e assinou com a garota um contrato com a sua gravadora, a Bad Boy Records. Um vídeo para a faixa “Many Moons” foi lançado em 2008, repercutindo muito bem junto as críticos e recebendo inclusive uma indicação ao Grammy.

The ArchAndroid é um disco sensacional. Suas dezoito faixas revelam uma artista que não tem medo, em nenhum momento, de ousar. O groove que sai das caixas de som faz com que seja impossível ficar parado. Dê o play e comprove você mesmo.

O álbum inicia com uma faixa orquestrada, “Suite II Overture”, que abre caminho para “Dance or Die”, com participação do rapper Saul Williams. De cara o vocal de Janelle de destaca, cheio de personalidade. “Faster”, com sua base funk, vem a seguir, e é daquelas músicas capazes de colocar o seu astral nas alturas.

Em “Locked Inside”, Monáe soa como uma espécie de jovem Michael Jackson, em uma faixa que remete ao clássico Off the Wall, de 1979. Aliás, é impossível não ouvir “Locked Inside” e não lembrar de “Rock With You”, uma das canções mais famosas de Michael.


Os dois singles lançados para promover o disco, “Cold War” e “Tightrope”, essa última com participação de Big Boi, do Outkast, são amostras exemplares de como a música pop pode ser inteligente e rica em ritmos sem cair na vala comum. A verborrágica “Tighdrope”, aliás, leva o ouvinte por uma jornada iluminada banhada por generosas doses de funk temperadas por elementos do soul e do rap. Uma música sensacional, daquelas que você bate o pezinho sem perceber.

A ousadia de Janelle vem ao primeiro plano em “Oh, Marker”, que inicia como se fosse uma valsinha francesa e cai em um soul acolhedor. Já “Come Alive (The War of the Roses)” tem guitarras pra lá de agressivas e um ritmo mais acelerado, além de vocais gritados e crus da cantora, em um resultado bem interessante.

“Make the Bus”, com a participação de Kevin Barnes, líder do Of Montreal, é outra que sai sem medo do lugar comum, misturando ritmos variados e alcançando um resultado que agrada de imediato. O álbum se encerra com duas longas faixas, “Say You´ll Go” e “BaBopByeYa”.

The ArchAndroid é um disco inovador, com uma sonoridade rica e, ao mesmo tempo, de fácil assimilação. Além disso, outra característica que chama a atenção é que, em um cenário musical dominado pela sensualidade e por corpos cada vez mais desnudos, Janelle aposta em um visual vintage inspirado nos anos cinquenta, focando a sua performance na música e na dança, e não em seu corpo.

Janelle Monáe abrirá os shows da turnê que Amy Winehouse fará no Brasil em janeiro. A julgar pelo que fez em 2010, Monáe roubará sem cerimônia a cena, deixando Amy totalmente em segundo plano. Querem apostar?


Faixas:
1 Suite II Overture 2:31
2 Dance Or Die (feat. Saul Williams) 3:12
3 Faster 3:19
4 Locked Inside 4:16
5 Sir Greendown 2:15
6 Cold War 3:23
7 Tightrope (feat. Big Boi) 4:22
8 Neon Gumbo 1:37
9 Oh, Maker 3:47
10 Come Alive (The War of the Roses) 3:22
11 Mushrooms & Roses 5:42
12 Suite III Overture 1:41
13 Neon Valley Street 4:11
14 Make the Bus (feat. of Montreal) 3:19
15 Wondaland 3:36
16 57821 (feat. Deep Cotton) 3:16
17 Say You'll Go 6:00
18 BaBopByeYa 8:47

Comentários

  1. Parece excelente, hein? Vi esse álbum em diversas listas de melhores de 2010. Depois dessa, tenho que dar aquela ouvida.

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  2. Eu achei o disco muito bom, Lucas. Ouça, você vai curtir!

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  3. Também não conheço Ricardo. Mas pelo que vc escreveu parece ser um petardo! Vou procurar ouvir hoje mesmo!
    Abraço.

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  4. Estou viciada no disco! é de uma qualidade impressionante! Vale muito a pena ouvir!

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