Black Label Society - Order of the Black (2010)


Por Fabiano Negri

Cotação: ****1/2

Confesso que eu estava bastante receoso com o sucessor do mediano Shot to Hell (2006), do Black Label Society. Após ver a apresentação do Zakk com o Ozzy em 2008 cheguei a pensar que a carreira do viking havia chegado ao fim. Visivelmente embriagado em ambas as apresentações – Rio e São Paulo – o que vi foi uma figura a anos luz do monstro da guitarra que lançou álbuns seminais como No More Tears (com Ozzy, em 1991), Pride & Glory (1994) e Book of Shadows (1996). Junte isso ao fato de Zakk estar requentando a marmita há algum tempo com a sua banda para eu chegar à conclusão que ou teríamos mais do mesmo ou um grande fiasco vindo por aí.

Mas o ano de 2009 trouxe muitas mudanças na vida de Zakk Wylde. Primeiro, a decisão de Ozzy em não trabalhar mais com ele, fato que após os shows de 2008 eu tinha certeza que iria acontecer. E segundo – há males que vem pra bem – uma grave doença de coagulação no sangue que forçou Zakk a ficar um bom tempo no hospital. A boa noticia é que ele se viu forçado a parar de beber.

E esse fato se reflete em cada faixa do excelente Order of the Black. Com a cabeça no lugar, Zakk voltou com a velha mistura de Black Sabbath e Lynyrd Skynyrd, mas dessa vez acompanhado de uma bem vinda inspiração. Gravado no próprio estúdio de Zakk, o álbum conta com uma produção propositalmente datada com timbres bem naturais, atmosfera vintage e vocais dobrados . Nada de som de plástico e milhões de filtros para a limpeza do som. O que temos aqui são os microfones captando a essência da banda em performances matadoras.



A bolachinha conta com inúmeros destaques, desde a abertura com a energética “Crazy Horse”, passando pelo peso pesado de “Overlord” – que gerou um dos clipes mais engraçados de todos os tempos! –, “Parade of the Dead” – que poderia facilmente ter entrado num CD do Madman – e a 'sabbathica' “Riders of the Damned”.

Mas no meio de tanto peso, Zakk mostra a que realmente veio nas baladas. “Darkest Days”, “Shalow Grave”, “January” e “Time Waits for No One” - a melhor do álbum, com claros ecos de “Your Song” de Elton John em sua harmonia - são momentos brilhantes que mostram Zakk em sua antiga forma de cantar, privilegiando belas melodias e solos cobertos de felling. É nesse tipo de som que se encontra a grande carta que Zakk tem na manga em relação a outros fritadores: ele sabe emocionar à moda antiga!

Totalmente contrário às minhas expectativas, Order of the Black é um dos melhores lançamentos de 2010. Uma trabalho que dá novo fôlego para a carreira de um dos mais talentosos guitarristas – senão o mais - de sua geração.

Obrigatório para quem gosta de boa música!


Faixas:
1 Crazy Horse 4:04
2 Overlord 6:05
3 Parade of the Dead 3:36
4 Darkest Days 4:17
5 Black Sunday 3:23
6 Southern Dissolution 4:56
7 Time Waits for No One 3:36
8 Godspeed Hell Bound 4:43
9 War of Heaven 4:09
10 Shallow Grave 3:37
11 Chupacabra 0:49
12 Riders of the Damned 3:23
13 January 2:21


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