Pushking – The World As We Love it [2011]


Por João Renato Alves

Cotação: ***1/2

A expectativa pelo novo trabalho dos russos do Pushking era enorme desde que os nomes dos convidados foram anunciados. Afinal de contas, poucas vezes uma seleção de feras dessa natureza foi reunida para um trabalho. Em The World As We Love it, o grupo russo, que já possui dezessete anos de estrada, conta com a ajuda de amigos do mais alto calibre. Essa turma participa de regravações de sons dos álbuns anteriores da banda. As faixas foram retrabalhadas e ganharam uma produção bem mais encorpada, assinada pelo italiano Fabrizio Grossi, que possui em seu currículo participações ao lado de figuras como Alice Cooper, Glenn Hughes e Slash, entre outros.

Após uma curta introdução – que nem teria motivos para ser faixa – o hard rock boogie de “Nightrider” surge com força total, trazendo Billy Gibbons na guitarra e vocais. O barbudo segue presente na próxima, o single “It’ll Be OK”, que traz Nuno Bettencourt mandando ver nas seis cordas em um hard blues de respeito.

Chega a hora de Alice Cooper marcar presença junto de seu guitarrista em “Troubled Love”, som com feeling totalmente oitentista e saudáveis pitadas pop. “Stranger’s Song” traz duas figuras brilhantes e nem sempre lembradas, John Lawton e Steve Stevens. Trata-se de uma ótima balada, com potencial radiofônico bem interessante.

Hora da primeira aparição do Starchild. Trazendo Stevie Salas a tiracolo, Paul Stanley se aventura em um estilo mais funkeado em relação ao que costuma fazer. E se sai bem, com todo o talento que lhe foi oferecido.


Em uma música de nome excêntrico como “My Reflections After Seeing the Schindler's List Movie”, não poderíamos ter alguém mais apropriado que Steve Vai e sua guitarra facilmente identificável. Outra sumidade (que recentemente tocou por aqui) é Graham Bonnet, que surpreende em “God Made Us Free”, som com levada acústica bem interessante. Seguindo a linha de cantores que já tocaram com Ritchie Blackmore, Glenn Hughes empresta seu gogó de ouro para “Why Don’t You?”. Consequência natural: rouba a cena.

Mas, com tantos convidados, era óbvio que o maior arroz de festa tinha que aparecer. Sorte que por onde Jeff Scott Soto passa é garantia de qualidade nos vocais. Nada diferente do que temos em “I Believe”, melodic rock de qualidade.

Glenn retorna com seu parceiro no Black Country Communion, Joe Bonamassa, em “Tonight”. E só a introdução de guitarra já é daqueles deleites blueseiros que valem a faixa. E Hughes parece ter se enturmado bacana, já que segue presente na próxima, “Private Own”.

Eric Martin é o próximo da fila, assumindo o microfone na bonita “Open Letter to God”. Sem dúvida o momento mais emocionante do play. Hora de aumentar a dose de adrenalina, com Udo Dirkschneider tomando a linha de frente na pesada “Nature’s Child”, que acaba lembrando os primórdios do Accept, antes de todo o sucesso. O clima volta a ficar mais ameno em “I Love You”, que traz Dan McCafferty, interpretando uma faixa romântica em sua maneira característica. Perfeita para puxar a pessoa amada e dançar como nos velhos tempos.

Mas estava faltando o outro encara-todas do hard/heavy. Não mais, pois Joe Lynn Turner aparece em “Head Shooter”, hardão com pegada setentista pra ninguém botar defeito. Mantendo a linha da anterior, Jorn Lande relembra os tempos de ‘cover dele’ em “Heroin”.

Na reta final, Dan McCafferty reaparece para cantar “My Simple Song”, colocando a alma na interpretação. A saideira em clima de farra vem com “Kukarracha”, onde cinco dos cantores participantes se revezam nos vocais. Apenas o início do refrão pode ficar meio estranho para nós, que temos o português como língua principal. Pule de dez para virar refrão de funk carioca sacana no futuro. Basta descobrirem a pérola.

De modo geral um bom disco, mostrando toda a qualidade do trabalho dos russos. Apenas o excesso de faixas vai o tornando cansativo, além da falta de alguns sons um pouco mais agitados em determinados momentos. Mas não tem como discutir a excelência do material presente. Fãs de hard rock em geral, não deixem de conferir.


Faixas:
1. Intro
2. Nightrider
Billy F. Gibbons (ZZ Top) - Vocal, Guitarra

3. It'll Be OK
Billy F. Gibbons (ZZ Top) - Vocal
Nuno Bettencourt (Extreme) - Guitarra

4. Troubled Love
Alice Cooper - Vocal
Keri Kelli (Alice Cooper) - Guitarra

5. Stranger's Song
John Lawton (ex-Uriah Heep) - Vocal
Steve Stevens (Billy Idol) - Guitarra

6. Cut The Wire
Paul Stanley (Kiss) - Vocal
Stevie Salas - Guitarra

7. My Reflections After Seeing the "Schindler's List" Movie
Steve Vai - Guitarra

8. God Made Us Free
Graham Bonnet (ex-Rainbow, Alcatrazz) - Vocal

9. Why Don't You?
Glenn Hughes (Black Country Communion) - Vocal

10. I Believe
Jeff Scott Soto (ex-Journey, Yngwie Malmsteen) - Vocal

11. Tonight
Glenn Hughes (Black Country Communion) - Vocal
Joe Bonamassa (Black Country Communion) - Guitarra

12. Private Own
Glenn Hughes (Black Country Communion) - Vocal
Matt Filippini (Moonstone) - Guitarra

13. Open Letter to God
Eric Martin (Mr. Big) - Vocal

14. Nature's Child
Udo Dirkschneider - Vocal

15. I Love You
Dan McCafferty (Nazareth) - Vocal

16. Head Shooter
Joe Lynn Turner (ex-Rainbow, Deep Purple) - Vocal

17. Heroin
Jorn Lande (Masterplan) - Vocal

18. My Simple Song
Dan McCafferty (Nazareth) - Vocal

19. Kukarracha
Joe Lynn Turner - Vocal
Eric Martin - Vocal
Glenn Hughes - Vocal
Paul Stanley - Vocal
Graham Bonnet - Vocal
Steve Lukather (Toto) – Guitarra

Comentários

  1. Esse álbum me surpreendeu! Me lembrou a fase Trash e Hey Stoopid do Alice Cooper, por causa da quantidade de convidados, que por sinal, não estragou a linearidade do play. Só achei realmente a quantidade de faixas desnecessárias. Também me desagradou bastante a participação do Glenn Hughes...sei que o comentário vai chocar alguns, mas acho que ele está cada vez mais chato, pecando pelo excesso de firulas e melismas. Enfim, vale dar uma sacada no disco, que é bem legal. Destaque para as faixas com o Gibbons (demais!), a primeira com o Alice Cooper e por terem lembrado de Dan McCafferty que sempre foi um puta vocalista!

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  2. Leonardo, entendo o seu comentário a respeito do Hughes. Ele está 'gritando' mais do que 'cantando', certo?

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  3. Pois é...o cara é uma lenda, seu trabalho no Purple e Trapeze taí pra comprovar isso, mas os exageros vocais dele vêm sendo cada vez mais frequentes (com excessão do BCC, mas acho que aí tem o dedo do Kevin Shirley).
    Isso geralmente é tipico de quem está começando, o que definitivamente não é o caso dele, que já é "macaco véio"...rs
    Claro que essa opinião é estritamente pessoal, mas vejo outras pessoas dizendo o mesmo.

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