Robert Plant - Band of Joy (2010)


Por Fabiano Negri

Cotação: *****

Desde o fim do Led Zeppelin, Robert Plant vem buscando em sua carreira solo diversificar sua música, explorando novos elementos e sonoridades. Isso resultou em uma trajetória que até o inicio dos anos 2000 teve mais pontos baixos do que altos. Alguns bons trabalhos e outros nem tanto – vide o terrível Now and Zen (1988).

Para nossa sorte, de uns tempos pra cá Plant não só achou seu porto seguro como lançou trabalhos indispensáveis para qualquer discografia. Após dois ótimos álbuns com a banda Strange Sensation – Dreamland (2002) e Mighty Rearranger (2005) –, gravou ao lado de Alisson Krauss o maravilhoso Raising Sand, que além de vender muito e faturar alguns prêmios Grammy, colocou o nome de Robert Plant novamente em evidência.

Sob o título de Band of Joy – nome de sua banda pré-Led –, o vocalista colocou no mercado um dos melhores trabalhos de 2010, e talvez o melhor de sua carreira. Num disco formado basicamente por versões – apenas a faixa “Central Two-O-Nine” tem a assinatura de Robert e do guitarrista Buddy Miller – a banda passeia pelo folk, blues, country e rock, dando ênfase aos timbres espetaculares e performances no mínimo brilhantes.


E mesmo no meio de tantas feras, quem acaba tendo o maior brilho é o próprio Golden God. Após algum tempo penando por não saber lidar com o que o tempo e os excessos fizeram com sua voz – com algumas sofríveis incursões pelo mundo da música oriental que, na minha opinião, tornaram suas vocalizações insuportáveis durante boa parte das décadas de 1980 e 1990 – o mestre deixou a síndrome de odalisca de lado e partiu para interpretações mais intimistas, privilegiando seu belíssimo timbre e senso de divisão único.

Não espere pelo hard áspero do Led Zeppelin. Band of Joy é um trabalho de beleza ímpar, sem pressa, que mistura leveza e densidade na medida certa. É muito bom ouvir uma banda sem ego, que toca seus instrumentos em favor da música. Some-se isso à produção impecável e temos um trabalho perfeito.

Espero que as pessoas superem o assunto Led Zeppelin e deixem o homem em paz nesse que é, sem dúvida, o segundo auge de sua carreira. E olha que são poucos os artistas que podem se dar ao luxo de ter dois auges!


1 Angel Dance 3:49
2 House of Cards 3:13
3 Central Two-O-Nine 2:49
4 Silver Rider 6:05
5 You Can't Buy My Love 3:10
6 Falling in Love Again 3:37
7 The Only Sound That Matters 3:44
8 Monkey 4:57
9 Cindy, I'll Marry You Someday 3:36
10 Harm's Swift Way 4:18
11 Satan Your Kingdom Must Come Down 4:12
12 Even This Shall Pass Away 4:02


Comentários

Postar um comentário

Você pode, e deve, manifestar a sua opinião nos comentários. O debate com os leitores, a troca de ideias entre quem escreve e lê, é que torna o nosso trabalho gratificante e recompensador. Porém, assim como respeitamos opiniões diferentes, é vital que você respeite os pensamentos diferentes dos seus.