SoulSpell - Labyrinth of Truths (2010)


Por Ricardo Seelig

Cotação: *****

Épico, grandioso e ambicioso: assim é Labyrinth of Truths, o segundo álbum do projeto SoulSpell, liderado pelo baterista Heleno Vale. Mais uma vez contando com dezenas de participações especiais – que vão de grandes nomes do metal nacional como Edu Falaschi, Carlos Zema, Leandro Caiçolo, Mário Pastore, Nando Fernandes e Iuri Sanson a ícones da música pesada em todo o mundo como Jon Oliva, Roland Grapow e Zak Stevens, além de muitos outros – o SoulSpell voa alto em Labyrinth of Truths.

Produzido por Tito Falaschi e composto totalmente por Heleno Vale – exceção feita à “Into the Arc of Time (Haamiah´s Fall)”, parceria de Heleno com Maurício Del Bianco – o álbum é de uma qualidade que impressiona. Bastante superior ao debut A Legacy of Honor (2008), Labyrinth of Truths traz em suas composições elementos do metal melódico e, em menor grau, características também do hard e do progressivo.


A qualidade das músicas faz com que a audição seja empolgante, tornando inevitável o ato de acionar o botão de repeat no CD player. Para um disco alcançar esse status, principalmente explorando uma sonoridade calcada fortemente em um estilo como o heavy metal melódico, que há tempos perdeu relevância e tornou-se pra lá de repetitivo, ele precisa ser realmente muito bom, e Labyrinth of Truths é mais do que isso. O álbum é uma prova de fé e amor em um gênero musical que prima pela paixão de seus fãs, e que caminha com pernas próprias desde sempre, sem o respaldo da grande mídia. Uma das maiores verdades do heavy metal é que ele está alicerçado no apoio dos fãs, e discos como Labyrinth of Truths tornam essas bases ainda mais fortes, já que renovam o amor dos mais antigos enquanto conquistam novos fiéis.

Talvez esse seja o maior mérito de Labyrinth of Truths: explorar com maestria quatro décadas de tradição para criar músicas que atestam toda a beleza do heavy metal. É impossível ouvir o álbum e, no meu caso – um cara criado pelo metal, com 25 anos de música nas costas e que já ouviu milhares de discos dos mais variados estilos -, não sentir um arrepio na espinha e um frio na barriga como se tivesse novamente 15 anos e ouvisse pela primeira vez, por exemplo, um álbum como Somewhere in Time, que mudou a minha vida e me acompanha até hoje. E imagino que uma sensação similar deve ocorrer com ouvintes mais novos ao terem contato com Labyrinth of Truths.

São nove faixas, todas ótimas. A riqueza dos arranjos, o intercâmbio de vozes, o instrumental primoroso, tudo conspira a favor. É difícil apontar algum destaque em um trabalho como esse, pensado para funcionar em conjunto – afinal, estamos falando de uma ópera – e que tem um impacto muito maior quando ouvido em sua totalidade. É claro que características particulares fazem com que algumas composições se destaquem em um primeiro momento – como a participação especial de Jon Oliva e Zak Stevens em “Into the Arc of Time (Haamiah´s Fall)”, o sutil clima setentista de “A Secret Compartment” e a beleza barroca da balada “Adrift” -, mas o álbum soa mais forte a cada audição, colocando em primeiro plano detalhes que não tínhamos percebido antes.

Ouvir um bom disco é uma benção, e eu, você e todos nós fomos abençoados com Labyrinth of Truths. Sem medo de errar, esse é um dos melhores discos da história do heavy metal brasileiro. Que venha o próximo – que já está gravado e tem a participação especial de caras como Blaze Bayley, Tim 'Ripper' Owens e Mike Vescera – e muitos outros!


Faixas:
1 The Entrance
2 The Labyrinth of Truths
3 Dark Prince's Dawn
4 Amon's Fountain
5 Into the Arc of Time (Haamiah's Fall)
6 Adrift
7 The Verve
8 Forest of Incantus
9 A Secret Compartment


Comentários

  1. Bem legal o review, achei a participação do Tim Ripper melhor em Scales of Justice, no Avantasia. Porém a participação do Jon Oliva é mais legal no Soulspell..

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  2. Parabéns por essa resenha Cadão! Diferentemente do que afirmam alguns críticos, como o Régis Tadeu por exemplo,o Heavy Metal melódico tem sim relevância em alguns casos. Basta que as músicas tenham qualidade e não caiam na mesmice, como costuma ocorrer no estilo. Taí uma prova de que o metal melódico ainda pode proporcionar prazer aos ouvintes que se propuserem a ouvir o estilo sem idéias negativas pré concebidas. Bandas como Edguy,Kamelot,Gamma Ray, Avantasia,Stratovarius e também o brasileiro Soulspell são exemplos de bandas de Metal melódico com qualidade, doa a quem doer. Isso é fato, mesmo que muitos insistam em não aceitar!

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  3. puta, eu adorei este cd..

    concordo com vc q ele é infinitamente superior ao primeiro, q é apenas mediano...

    achei este cd o melhor cd BR de metal de 2010 e um dos meus preferidos de todos os tempos, seja BR ou internacional..

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Já tinha achado o primeiro um bom disco, mas esse segundo me surpreendeu. Baita disco!

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  6. Com certeza um dos melhores do ANO... Excelente, Ansioso pelo terceiro !!

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  7. Bom...eu achei muito bem feito, bem gravado mas carece de identidade. Tem muita qualidade, sim, mas não vai revolucionar o mercado já saturado do Power Metal. Acho que no Brasil, o melhor representante atualmente é o Hibria, que também sofre do mesmo mal (falta de identidade) mas que, por fazer um Heavy Metal mais puro, consegue superar esse fator.

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