Brian Robertson: review do álbum Diamonds and Dirt (2011)!


Por João Renato Alves

Cotação: **1/2

A aguardada volta de Brian Robertson finalmente aconteceu. O escocês, famoso por sua gloriosa passagem pelo Thin Lizzy, além de uma conturbada - porém cultuada atualmente - aventura com o Motörhead, retorna à ativa com Diamonds and Dirt, disco que reúne composições de várias épocas diferentes. Por isso, podemos notar que as músicas possuem uma grande variedade de estilos entre si. Contando com grandes músicos, como o vocalista Leif Sundin (Michael Schenker Group), o baixista Nalley Påhlsson (Treat, Last Autumn’s Dream) e o baterista Ian Haugland (Europe), além de vários convidados, Robbo se impõe e acaba oferecendo um trabalho que tem tudo para dividir opiniões.

A faixa-título abre os trabalhos com uma levada bem AOR oitentista. “Passion” volta uma década no tempo, com pegada próxima de algo funkeado. Chega a regravação para “It’s Only Money”, do Thin Lizzy - muito comportadinha. John Norum fez uma ano passado que dá de mil a zero. Exemplo de como se tirar a alma de uma música.

A coisa parece que vai melhorar em “Mail Box”, primeiro cover de Frankie Miller aqui presente. Rockão com influência blueseira, mostrando o caminho que Brian poderia ter se aventurado mais durante o play. Mantendo o alto nível, “Running Back”, composição de Phil Lynott dos tempos de Jailbreak, vem no melhor estilo festeiro, remetendo ao que há de mais clássico no estilo. Som que os Stones adorariam tocar ao vivo nos tempos de Ian Stuart no piano.

“Texas Wind” tem uma proposta sonora bacana, mas se perde na mistura de elementos. Fica num cruzamento entre o atual e o passado que não chega a lugar nenhum. Um slide esperto pontua “Devil in My Soul”, dando um clima hard/country interessante.

O lugar comum de “Do It Till We Drop (Drop It)”, a segunda homenagem a Frankie, evidencia o grande problema do play: o excesso de faixas que não fedem nem cheiram – o que acaba pendendo para o lado negativo sempre. Na sequência, “Blues Boy”, outra composição que tem o saudoso Phil nos créditos. E, ao ouvi-la, percebemos porque ficou escondida esse tempo todo. Não que seja ruim, mas é um blues batido e sem emoção. Bom, talvez essa tenha sido arrancada à força, como na já citada versão para “It’s Only Money”.

Um violão bacana abre “That's All...!”, mais uma das faixas onde sai coisa boa e outra que se aproxima do classic rock e do blues. Ou seja, Robbo tinha o caminho pronto, mas quis diversificar demais. A última inédita do tracklist é “10 Miles to Go on a 9 Mile Road”, que mais uma vez tenta misturar um monte de elementos e fica parecendo o pênalti cobrado por Roberto Baggio na final da Copa do Mundo de 1994. Uma versão blueseira para “Running Back” encerra a versão normal com a categoria que faltou na maior parte do tempo. A faixa-bônus é o último tributo a Frankie Miller. A já gravada por mil outros “Ain’t Got No Money” conta com Rob Lamothe (Riverdogs) nos vocais e é uma boa maneira de fechar um álbum tão irregular.

A sensação de frustração é inevitável quando o disco termina. Um talento tão grande poderia ter oferecido bem mais. Diversificar sempre é saudável, mas ficar atirando para todos os lados soa como sinal de foco zero. E aparentemente é o que aconteceu com Brian Robertson aqui. Uma pena, pois os instrumentistas envolvidos são bem acima da média. Mas, quando a música não ajuda, não tem jeito.

Melhor sorte na próxima!


Faixas:
01. Diamonds And Dirt
02. Passion
03. It's Only Money
04. Mail Box
05. Running Back
06. Texas Wind
07. Devil In My Soul
08. Do It Till We Drop (Drop It)
09. Blues Boy
10. That's All...!
11. 10 Miles To Go On A 9 Mile Road
12. Running Back (Slow Version)
13. Ain't Got No Money (Bonus Track)

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