Matanza: review do álbum Odiosa Natureza Humana (2011)!


Por Adriano Mello Costa

Cotação: ****

Ande até a porta do último bar antes da fronteira com o inferno. Lá, dê um chute na porta com a força que tiver e se direcione para uma mesa qualquer. Peça uma cerveja escura e mais alguma dose de bebida destilada. Chame uma ou duas mulheres para sentar junto e comece a desfilar os papos mais macabros e sacanas possíveis, enquanto os idiotas das outras mesas olham com a ideia de começar uma briga. Envergue mais uma cerveja e mande aumentar o som.

É em algum cenário parecido com esse que Jimmy London (vocal), Donida (guitarra), China (baixo) e Jonas (bateria) teriam muito prazer em tocar o repertório do mais recente trabalho do Matanza. Odiosa Natureza Humana é o sexto álbum da banda (contando aí o To Hell With Johnny Cash de 2005 e o MTV Apresenta de 2008), e continua trazendo o punk-country-hardcore nervoso, mal humorado e muito bem servido de ironia e humor negro do grupo.

São 13 faixas que não chegam a 40 minutos no total e tratam dos assuntos que o grupo sempre mostrou afeição. Saco cheio para a humanidade em geral, bebidas em demasia, mulheres em profusão, brigas em bares e uma aproximação com qualquer história que fuja de algum sentido religioso. É porrada sonora do início ao fim para escutar em volume alto e lembrar daquela face mais podreira e enérgica do rock, sem ser encoberta por efeitos ou produções.

Em “Remédios Demais”, que abre o disco, Jimmy canta que saiu atropelando um monte de gente porque estava repleto de “remédios” no organismo (déjà vu dos fatos de Porto Alegre?). Em “Escárnio” escancara a vida boa de um cara entre amigos falsos, mas avisa que “no fim vem a conta” e “que o garçom tem um tridente e vai ter a eternidade pra cobrar”. Em “Tudo Errado”, detona um cidadão que sabe que está fazendo merda, mas tem preguiça de mudar.

E Odiosa Natureza Humana segue com suas cacetadas. Enfileira faixas como “Saco Cheio e Mau-Humor”, “Amigo Nenhum” e “Bebum Acabado” sem piedade alguma. A pegada mantém o hardcore como uma das bases e traz as velhas e boas influências de Motörhead e Slayer.

Se você de vez em quando precisa ouvir bem alto um rock sem muita frescura, esse álbum é completamente indicado. Sem hype ou surpresas, apenas um disco de rock sujo e feroz.



Faixas:
1. Remédios Demais
2. Em Respeito ao Vício
3. Ela Não Me Perdoou
4. Escárnio
5. Tudo Errado
6. Saco Cheio e Mau-Humor
7. Odiosa Natureza Humana
8. Carvão, Enxofre e Salitre
9. Amigo Nenhum
10. Conforme Disseram as Vozes
11. Melhor Sem Você
12. A Menor Paciência
13. O Bebum Acabado

Comentários

  1. e pra constar, foi gravado em formato analogico, em fita de rolo e sera lançado em ediçao limitada em vinil.

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  2. Cheguei um pouco tarde ao mundo, hoje com 22 anos conheci matanza e virei fã. Só paulera nesse álbum, a música "Saco cheio e mau-humor" é simplesmente um retrato sem frescura de uma fase fodida da minha vida, bom demais!!

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