Minha Coleção: conheça o acervo de Wagner Xavier, pesquisador e autor do livro Rock Raro!


Por Ricardo Seelig

Essa da edição da coluna Minha Coleção está mais do que especial: entrevistamos o colecionador, pesquisador e escritor Wagner Xavier, autor do excelente livro Rock Raro, dedicado às obscuras bandas dos anos 1960 e 1970 (você pode ler a minha resenha sobre o livro aqui). Wagner mostrou a sua invejável coleção, repleta de raridades e itens originais do hard, prog, folk e demais sons setentistas.

Leia, babe e, no final, envie um e-mail para o Wagner e compre já a sua cópia do Rock Raro antes que esgote!

Wagner, em primeiro lugar, apresente-se aos nossos leitores: quem você é e o que você faz?

Sou Wagner Xavier, trabalho como diretor de desenvolvimento de software e nas horas vagas gosto de ouvir música e colecionar discos.

Qual foi o seu primeiro disco? Como você o conseguiu, e que idade você tinha?

Acho que o primeiro que comprei foi do Raul Seixas. Devia ter uns 14 anos. Era o Abre-te Sésamo, e comprei logo quando saiu. Acho que agora tenho só em CD. O primeiro da coleção que ainda tenho foi o Made in Europe, do Deep Purple.

Você lembra o que sentiu ao adquirir o seu primeiro LP?

Um grande medo, pois gastei uma grana da minha mãe e ela ficou bem brava comigo. No final fiquei feliz, e acho até que mudou minha vida, pois adorei o disco.

Porque você começou a colecionar discos, e com que idade você iniciou a sua coleção? Teve algum momento, algum fato na sua vida, que marcou essa mudança de ouvinte normal de música para um colecionador?

Que pergunta difícil. Acho que não sei (risos). Na verdade, gosto de colecionar e sinto bastante prazer em buscar as raridades, manusear e tal. Também sou aficionado por música, então juntou tudo isto.

Alguém da sua família, ou um amigo, o influenciou para que você se transformasse em um colecionador?

Meu pai, que convivi muito pouco, era um amante da música e comprava muitos discos. Aos 9 anos conheci meu amigo João Carlos (que fez o livro Rock Raro comigo e devia ter uns 13 anos), e juntos estamos colecionando até hoje. Certamente ele foi uma influência e parceiro.

Inicialmente, qual era o seu interesse pela música? De que gêneros você curtia? O que o atraía na música?

Gosto de tudo. Sabe que no início curtia muito Roberto Carlos, Elvis e discos de novela. Até hoje sou bem eclético, e se a música é boa, eu gosto. Meu gênero preferido são as variações do rock.

Quantos discos você tem?

Entre 4.500 e 5 mil itens, divididos em LPs e CDs.

Qual gênero musical domina a sua coleção? E, atualmente, que estilo é o seu preferido? Essa preferência variou ao longo dos anos, ou sempre permaneceu a mesma?

Gosto muito das variações do rock, como folk, progressivo, hard rock. Também curto música brasileira. Também adoro baladas legais e blues tradicional. Ah, também gosto de coisas atuais, sons novos com qualidade, apesar de hoje conhecer muito pouco do que se produz na música.


Vinil ou CD? Quais os pontos fortes de cada formato, para você?

Tenho bastante dos dois. Gosto demais do formato do vinil, fico bem feliz quando encontro algo raro e tal. Tecnicamente, acho que o som do CD melhorou muito em relação ao primeiros anos. Poderia dizer que o som do vinil é mais bacana e tal, mas sinceramente, com uma boa aparelhagem, acho que ambos se equivalem. Se for pelo purismo e romantismo, digo que prefiro o vinil.

Existe algum instrumento musical específico que o atrai quando você ouve
música?


Gosto da combinação baixo, guitarra e bateria. Com isto já é possível fazer um som perfeito, que o digam o Cream ou o Rush!

Qual foi o lugar mais estranho onde você comprou discos?

Com certeza foi no Pelourinho, em pleno carnaval. Peguei lá um Frank Marino importado. Minha esposa não acreditava.

Qual foi a melhor loja de discos que você já conheceu?

Cara, são muitas! Acho que fico com uma em New Orleans (não me lembro o nome, mas era uma tremenda loucura), a Bleecker Records em Nova York e Los Angeles, a Rock and Roll Heaven em Orlando. Em Londres e Paris também vi lojas bem legais e comprei muita coisa bacana. No Brasil, sou fã da Benedito Calixto e algumas da Galeria do Rock.

Conte-me uma história triste na sua vida de colecionador.

Deixei o LP original do Cargo na Bleecker Records em 2001 e comprei vários vinis do Joe Cocker lá mesmo. Jamais achei o Cargo original de novo. Além disso, pisei - e quebrei - um vinil do Humble Pie, mas tudo bem, consegui outro depois.


Como você organiza a sua coleção? Dê uma dica útil de como guardar a coleção para os nossos leitores.

Os vinis ficam em ordem alfabética e por ano de lançamento. Guardo-os de pé e todos com plástico. Apenas separo os nacionais e divido os itens do Bob Dylan, Neil Young, Deep Purple e Beatles em estantes especiais – eles merecem.

Além da música, que outros fatores o atraem em um disco?

A capa, estilo, selo e ano de lançamento.

Quais são os itens mais raros da sua coleção?

Estou longe de casa, nem consigo lembrar agora. Mas tenho bastante coisa rara e original. Talvez alguns sejam o Holy Moses, Alamo, XIT, Fanny Adams, Bang, Black Widow, Grobschnitt, Buffalo, November, Bunalim, Carol of Harvest, entre outros. Tem bastante coisa relativamente rara, muito rock alemão e latino, mas nada pirata. Gosto dos oficiais, de preferência originais, mas tenho muitos relançamentos da Akarma e outras gravadoras novas.

Você tem ciúmes da sua coleção?

Digamos que só eu mexo nela (risos).

Quando você está em uma loja procurando discos, você tem algum método específico de pesquisa, alguma mania, na hora de comprar novos itens para a sua coleção?

Meu método é tentar olhar absolutamente tudo (risos).


O que significa ser um colecionador de discos?

Gastar um de monte de grana e não conseguir ouvir quase nada do que se tem (risos). Na verdade, trata-se de uma paixão e é uma das coisas que mais me deixa feliz. Às vezes até rola uma pressão para ouvir tudo, mas devagar a gente vai curtindo.

O que mudou da época em que você começou a comprar discos para os dias de hoje, onde as lojas de discos estão em extinção? Do que você sente saudade?

Fico muito triste quando alguma loja legal fecha. Não chego a ter saudades de algo específico.

Como você vê o mercado brasileiro atualmente? O que há de melhor e o que há de pior na música hoje em dia?

Na verdade nem acompanho muito. Sinto uma cena independente com muita coisa interessante e inteligente, mas na verdade não consigo acompanhar como gostaria. Tem muita coisa boa, mas também muito lixo por aí. Infelizmente não tenho tanto conhecimento desta cena.

Música boa só existe nos anos 1960 e 1970, ou têm coisas boas rolando hoje em dia?

Acho que tem música boa e ruim em qualquer época. Adoro os anos 60 e 70, mas também adoro as coisas de hoje, afinal de contas vivemos nestes tempos.

Qual é o melhor disco de 2011, até o momento?

Ainda estamos no começo do ano e nem peguei tanta coisa nova, mas me surpreendi positivamente com o novo álbum do R.E.M.. Trata-se de uma banda especial para mim desde os anos 1980.


Você acabou de lançar o excelente livro Rock Raro, dedicado às bandas obscuras dos anos sessenta e setenta. Como surgiu a ideia do livro?

Na verdade, procurei este livro em muitas lojas. Comprei vários livros, mas nenhum se dedicava a descrever discos raros desta época. Então achei que existiriam outras pessoas com a mesma necessidade. Daí, parti para o projeto, chamei meu amigo João Carlos e publicamos o trabalho. Tem nos dado muito prazer e já está quase esgotada a primeira edição. Além disso, fico feliz em saber que algumas lojas venderão muitos destes álbuns e, de alguma forma, sempre estarão lá para que eu possa visitar e comprar discos.

Todos os discos que aparecem no Rock Raro fazem parte da sua coleção, certo? Onde você comprar esses álbuns, e como pesquisa para encontrar informações sobre novas bandas desse período?

Sim, tenho todos. Para ser muito sincero, a grande maioria foi comprada na Praça Benedito Calixto, nas galerias do rock (Grandes Galerias e Nova Barão) e também comprei vários discos em viagens para fora do Brasil, principalmente nos EUA.

Como tem sido a recepção do livro aqui no Brasil? E no exterior, está rolando alguma coisa?

Muito boa. O número de e-mails que recebi daria para publicar outro livro. Muitos elogios e reconhecimento. Fora do Brasil também tivemos contatos, mas ainda muito tímidos.

Wagner, muito obrigado pelo papo. Pra fechar, o que você está ouvindo e recomenda aos nossos leitores?

Ricardo, estou curtindo os Tim Maia que foram relançados, também o grupo Hannibal (1970) - que conheci há pouco tempo -, e sempre aguardando pelos lançamentos de meus ídolos com Bob Dylan, Neil Young, Paul McCartney e muitos outros, como o R.E.M. que mencionei, além do novo Radiohead, que também gosto bastante.

Agradeço a oportunidade. Quem quiser saber mais do livro Rock Raro pode enviar e-mail diretamente para mim, será um prazer fazer novos contatos através do email rockraro@gmail.com ou wagner2505@yahoo.com.br

Comentários

  1. Babei...babei demais! ehehehehehe
    Sensacional coleção, Wagner!
    Ah, comecinho do mês agora pego minha edição do Rock Raro e quero autografado, valeu?
    Abraço!
    Ronaldo

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  2. Olá Seelig, blz?

    Puts, que foda o Wagner e a coleção dele. Curti demais o post, posso reproduzí-lo no SomVinil.

    Abraços e parabéns.

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  3. Tranquilo Davi, é só dar o crédito que não tem problema.

    Abraço, e valeu pela força.

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  4. Fala Wagnão...conheço bem esse mezanino...

    A relação é certa...Ótimos discos...Ótima pessoal...

    Meus parabéns pela entrevista...

    Marcão.

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