Minha Coleção – Maicól Stein de Souza: mais de mil itens em um acervo que vai do heavy metal ao jazz!


Por Ricardo Seelig

Esta edição da coluna Minha Coleção traz o acervo de Maicól Cristian Stein de Souza, colecionador gaúcho que há seis anos reside em Curitiba. Maicól bateu um agradável papo com a Collector´s, onde o assunto principal, como não poderia deixar de ser, foram nossos tópicos favoritos: o amor pela música e a paixão pelos discos!

Maicól, pra começar, qual foi o seu primeiro disco? Como você o conseguiu, e que idade você tinha? Você ainda tem esse álbum na sua coleção?

Meu primeiro disco foi o Fly to the Rainbow, do Scorpions. Comprei com um dinheiro que consegui fazendo trabalhos escolares para alguns colegas. Eu tinha 14 anos e mantenho até hoje este álbum na minha coleção. Aliás, está nas mesmas condições de quando o comprei.

Você lembra o que sentiu ao adquirir o seu primeiro disco?

Vontade de comprar mais!!! (risos)

Porque você começou a colecionar discos, e com que idade você iniciou a sua coleção? Teve algum momento, algum fato na sua vida, que marcou essa mudança de ouvinte normal de música para um colecionador?

Comecei a colecionar pela paixão pela música. Minha coleção começou justamente naquele vinil do Scorpions e quando comprei meu segundo disco, o No Rest For The Wicked do Ozzy, percebi que ali começava um caminho sem volta.


Inicialmente, qual era o seu interesse pela música? Quais gêneros você curtia? O que o atraía na música? Alguém da sua família, ou um amigo, o influenciou para que você se transformasse em um colecionador?


Eu já alimentava uma paixão enorme pela música há muito tempo, pois inclusive estudei piano na infância. Meu pai tinha uma coleção de uns trezentos LPs, com todos os discos do Roberto Carlos, entre outros. Então, convivi com a música desde cedo e, também lembro, de gostar muito da “Another Brick in The Wall (Part II)” quando tinha uns cinco anos.

Perdi o interesse pelo piano e parei de tocar aos 13, e logo após descobri o heavy metal. Foi numa revista Bizz especial sobre os anos 80, que findavam. Lembro que tinha uma matéria de uma página sobre o metal, descrevendo o ressurgimento do gênero no inicio daquela década. O thrash metal estava em alta e a matéria falava maravilhas de umas bandas totalmente desconhecidas para mim: Metallica e Motörhead!

Resolvi conhecer aquela música que parecia ser exatamente o que eu procurava. Comprei o disco do Scorpions, pois era uma banda que eu já conhecia através do rádio e, na sequência, descobri que um colega também curtia heavy metal. Ele tinha uns 30 LPs, com alguns do Iron Maiden, Black Sabbath, Saxon, Metallica, Sepultura, Tysondog, entre outros. Comecei a gravar fitas k7 de todos aqueles discos, descobrindo aquelas pancadas sonoras. A partir daquele momento, tudo o que eu queria era ter todos os discos da coleção do meu amigo.


Quantos discos você tem?

São 1.200 itens, sendo 767 CDs, 323 LPs e 110 DVDs.

Qual gênero musical domina a sua coleção? E, atualmente, que estilo é o seu preferido? Essa preferência variou ao longo dos anos, ou sempre permaneceu a mesma?

A minha coleção já foi completamente formada por discos de bandas de heavy metal e hard rock. Atualmente, também tenho muitos discos de classic rock, progressivo, rock alternativo, jazz e MPB. Hoje não tenho um estilo preferido. Escuto desde Slayer e Sepultura até Tangerine Dream e Kraftwerk, passando por Miles Davis e Thelonious Monk, Itamar Assumpção e Chico Buarque.

Originalmente, eu era um headbanger radical, que tinha vergonha de admitir seu gosto por Nirvana, Pearl Jam e Soungdarden, por exemplo. Como você bem sabe, morando no interior do Rio Grande do Sul havia muita dificuldade de adquirir LPs de bandas de metal e afins. Este problema somente foi parcialmente resolvido com o surgimento do CD e de lojas na internet. Digo parcialmente, pois não há nada como ir a uma loja e ficar horas escolhendo alguns discos para comprar.

O radicalismo aos poucos foi sendo deixado de lado. Essa transformação tomou impulso quando comprei a discografia remasterizada dos Beatles e a discografia dos Mutantes (parte em vinil, parte em CD). Não posso negar também a influência do livro 1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer e do blog Collector´s Room para esse ecletismo conquistado.


Vinil ou CD? Quais os pontos fortes de cada formato, para você?

Tudo começou com o vinil. Isso parece que fica entranhado na gente e há sempre uma sensação indescritível ao ter um em mãos. É o ritual de tirar o plástico externo, o plástico interno, colocar no toca-discos, baixar a agulha e ouvir aquele som cheio que invade o ambiente. O vinil é fidelidade sonora e o CD é pureza de som, limpo, mas não tão fiel, pois é uma amostra do som. No entanto, também gosto muito de CD. Lembro que quando ele se popularizou e o vinil desapareceu em meados dos anos 1990, houve uma maior facilidade de acesso a muitas bandas, especialmente pelos relançamentos. O CD é prático, tem boa qualidade sonora e até hoje perdi somente um, atacado pelo fungo que “metralha” a camada prateada.

Existe algum instrumento musical específico que o atrai quando você ouve música?

Ser headbanger é algo que não te abandona, não adianta. Por isso, acredito que a guitarra sempre salta primeiramente aos ouvidos. Ainda mais por eu estar começando a aprender este instrumento. Mas, como também já toquei piano e brinquei um pouco com o baixo, naturalmente tendo a prestar atenção em todos os instrumentos.

Qual foi o lugar mais estranho onde você comprou discos? E, também, qual foi a melhor loja de discos que você já conheceu?

Tem um sebo aqui em Curitiba que é muito desorganizado. Os discos estão todos misturados e você tem que procurar muito para achar alguma coisa, além, é claro, da poeira. Mas foi neste sebo que encontrei o vinil Far Beyond Driven do Pantera, aquele da capa censurada. Paguei apenas R$ 20,00 e o disco está completamente zerado.

A melhor loja do mundo para mim é a Amazon, pois até a previsão de entrega é exata, ao contrário da maioria das lojas brasileiras. Com o real valorizado, qualquer coisa na Amazon fica muito barata.

Como você organiza a sua coleção? Dê uma dica útil de como guardar a coleção para os nossos leitores.

Simples: as bandas em ordem alfabética e os discos destas em ordem cronológica. Os CDs são guardados em uma estante específica. Os vinis da mesma forma, com o plástico externo com a abertura virada para cima, tapando a abertura do envelope de papel , e o plástico interno com a abertura também virada para cima. Isto impede que vá poeira no LP, e já fiquei 20 anos sem precisar lavar novamente o disco.

Os CDs são manipulados com todo o cuidado para não sujar ou riscar. Os vinis, quando adquiridos em sebos, são lavados com sabão neutro, algodão hidrófilo e água corrente. Enxaguados, vão para um escorredor de louças até secar naturalmente.

Além da música, que outros fatores te atraem em um disco?

A capa - principalmente no vinil - e a história da gravação.


Quais são os discos mais raros da sua coleção?

Vou decepcionar seus leitores. A minha coleção não é caracterizada por raridades, mas acredito que sim pelo ecletismo. Entretanto, tenho alguns que são um pouco mais difíceis de encontrar, principalmente pelo perfeito estado de conservação, como o Electric Ladyland em vinil nacional com a capa censurada; o Sgt. Pepper´s original brasileiro de 1967; muitos LPs do Tangerine Dream originais importados da Alemanha e EUA; vários Steppenwolf originais americanos; reedição do Gandalf (está no livro Rock Raro); Wheels of Steel do Saxon original inglês; o já citado Far Beyond Driven do Pantera; o Led I e o Coda originais alemães. Em CD, destaco o Blizzard of Ozz do Ozzy e o Live Evil do Sabbath, lançamentos originais americanos de 1982, ou seja, uns dos primeiros comercializados no mundo.

Quando você está em uma loja procurando discos, você tem algum método específico de pesquisa, alguma mania, na hora de comprar novos itens para a sua coleção?

Sou muito criterioso quanto à compra de vinil em sebos. Os discos têm que estar em perfeitas condições, sem riscos, sem chiados.

Você reside atualmente em Curitiba, certo? Quais são os melhores lugares para comprar discos aí na capital paranaense?

Sim, resido em Curitiba há seis anos. Tem dois sebos excelentes: o Old Fashion e o Acervo Almon. O atendimento é excelente, pois é realizado pelos proprietários, pessoas que entendem do que estão vendendo. Além disso, tem sempre uma boa variedade de discos, em ótimo estado e com preços justos. O Old Fashion já foi visitado por ilustres colecionadores, como o Kid Vinil e o Ed Motta.


Qual a coleção mais impressionante que você já viu?

A do Ed Motta, pela quantidade. A coleção do Marco Antonio Gonçalves também é muito inspiradora, principalmente pelo ecletismo.

Você traça objetivos em relação ao que vai comprar, ou vai pegando o que encontra pelo caminho?

Quando compro pela internet sempre tenho previamente um objetivo quanto ao que comprar. Já quando visito um sebo nunca sei o que vou encontrar e, sem dúvida, esse é o grande barato.

O que significa ser um colecionador de discos?

É um hobby fantástico, que permite que você tenha contato com a maior criação de todos os tempos: a música. O sonho de toda a arte quando crescer é ser música. Esta, por sua vez - e em última análise -, é pura matemática.

Maicol, obrigado pela entrevista, e que você consiga todos os discos que procura.

Ricardo, eu agradeço a oportunidade de poder mostrar a minha coleção no seu blog. Certamente este é um ponto alto na minha vida de colecionador.

Comentários

  1. É isso aí, coleção simples, direta e de muito bom gosto, parabéns!!!

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  2. Legal Cadão.
    Eu iria te cobrar mesmo sobre essas entrevistas que não apareciam no blog a um tempão...

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  3. Tem algumas rolando, e devem entrar no ar nos próximos dias, Fernando.

    Gostei dessa coleção do Maicól. Não é megalomaníaco e ele me pareceu um cara bem pé no chão.

    Abraço.

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  4. Coleção invejável
    do jeito que queria ter...baseada no ecletismo

    abraços

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  5. Adoro as entrevistas com colecionadores,através delas que resolvi colecionar música. Espero que a seção Minha Coleção apareça mais vezes por aqui. Abraço!

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  6. Bem legal a coleção mesmo. Uma mistura dos grandes clássicos dos mais variados estilos com alguns itens de grande valor pessoal. Mandou bem, qq um se orgulharia de ter isso em casa!

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  7. Bela coleção, calcada nos bons sons em geral. A entrevista ficou bacana e é organização é exemplar. E sempre que posso dou um pulo na "Old fashion", loja que, como o Máicol falou, é muito bacana e com um ótimo atendimento.

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  8. Ah,e eu pensei mas esqueci de comentar: faltaram aquelas perguntas "clássicas" no mundo bolha, como quais os itens favoritos da coleção, os mais esquisitos, os 10 favoritos por década...essas coisas que a gente adora.
    Abraços.

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