Chris e Rich Robinson, um banquinho e um violão!


Por Márcio Grings

Eu sempre achei o Black Crowes uma banda deslocada no tempo. Entenda essa primeira frase como um elogio. Meu lado rock 'bicho grilista' tem total empatia com praticamente tudo o que eles fizeram.


Todos sabem que a espinha dorsal do grupo norte-americano é formada pelos irmãos Chris e Rich Robinson, e são eles que tocam o barco dos corvos há 30 anos e pico. E é justamente sobre o único trabalho da dupla fora do Crowes que pontuo por aqui a minha prosa. Se você aprecia um som desplugado naquele velho esquema voz, banquinho e violão com pegada roqueira, caro leitor, então você precisa conhecer o disco Live At Roxy, lançado pelos irmãos em 2007 sob a alcunha de Brothers of a Feather.



O projetinho aconteceu pouco antes dos Robinson colocarem na roda o álbum Warpaint (2008), quando Chris e Rich usaram esses shows como desculpa para reaqueceram as turbinas.

Chris Robinson é um dos melhores vocalistas do rock e é legal percebê-lo cantando de uma maneira contida, às vezes bem na manha. Já seu irmão, Rich, é uma espécie de filho bastardo de Keith Richards, e nunca se importou de dar uma de coadjuvante com pinta de protagonista.

Quanto ao set, eles dividem a apresentação entre temas dos Crowes revisitados, e rolam ainda releituras espertas de gente graúda do gênero, como o clássico folk de Tom Rush, "Driving Wheel" (minha preferida), e uma versão de "Roll Um Easy" do Little Feat, banda do falecido Lowell George, um dos ídolos de Chris, além de alguma coisa inédita composta especialmente para o projeto.



Uma guitarrinha aqui, uma gaitinha ali, um vocaizinhos femininos acolá, cavalos de batalha dando dando as caras entre uma e outra balada. Trilha-sonora perfeita pro seu jogo de baralho com velhos camaradas às 3 da matina. Ou, quem sabe, uma desses temas acabem emoldurando um pé na bunda da namorada enquanto alguém chora as mágoas abraçado numa garrafa de bourbon sozinho no sofá da sala.

E em outro viés, Brothers of a Feather pode ser o pano de guardar confete apropriado pra você deitar e rolar na cama alheia, ou quem sabe pegar a estrada num final de tarde igual a qualquer outro, em busca de qualquer coisa ou de algo que alguém nem desconfia. Entenderam? (…) Eu também não (risos).

Mas, pelo menos meu caros amigos, estou convencido de que o espírito do rock setentista continua vivo e pulsando com Chris e Rich Robinson.



Comentários

  1. Oi Marcio, sou a Daniela de Santa Maria, tu me conheceu através do Gui, sou casada com o Oscar, lembrou?
    Leio a collectors há um bom tempo, praticamente desde o começo, bom ver seus textos por aqui. Lembro que Black Crows eu conheci a partir de uma indicação tua no tempo da Oficina Rock, hj tenho praticamente todos os álbuns. Abração!

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