Symfonia: review do álbum In Paradisum (2011)!


Por Ricardo Seelig

Cotação: ***

Os vocais de Andre Matos (Viper, Angra, Shaman), a guitarra de Timo Tolkki (Stratovarius, Revolution Renaissance), o teclado de Mikko Härkin (Sonata Arctica, Kotipelto), o baixo de Jari Kainulainen (Stratovarius, Evergrey) e a bateria de Uli Kusch (Helloween, Masterplan): o estreante Symfonia tem um line-up respeitável e pra lá de experiente, com uma folha corrida de diversos serviços prestados à música pesada. Por isso, a expectativa em torno do debut do conjunto era imensa, com os mais apressadinhos já prevendo o surgimento de uma nova obra-prima. Não é bem assim.

A audição de In Paradisum deixa claro uma coisa: o álbum soa mais como Stratovarius com os vocais de Andre Matos do que com o Angra dos tempos de Angels Cry com a guitarra de Timo Tolkki. Uma sonoridade até previsível, visto que Tolkki sempre foi a força criativa por trás do grupo finlandês, enquanto Andre dividia as composições em seus tempos de Angra com Kiko Loureiro e Rafael Bittencourt.

É até estranho ouvir um álbum como In Paradisum em pleno 2011. O que sai das caixas de som é aquele metal melódico cristalino, acelerado e não tão pesado que fez a cabeça de uma multidão de fãs nos anos 90. Herdeiro direto de Visions, o disco chave da carreira do Stratovarius, In Paradisum irá agradar mais os fãs da carreira de Tolkki do que qualquer outra pessoa. Ainda que reserve alguns bons momentos de alegria ao ouvinte, o CD não possui a energia e a inspiração que fizeram de Visions um dos melhores trabalhos da história do metal. E, como você deve imaginar, a falta desses dois elementos faz uma falta tremenda.

A abertura com “Fields of Avalon” é mais do mesmo, e você já ouviu faixas similares dezenas de vezes. O mesmo vale para “Come by the Hills”, bem construída e redondinha, com coros interessantes no refrão, mas que não diz grande coisa a qualquer metalhead já veterano no estilo. “Santiago” tem um ótimo início, com guitarras agressivas e boas linhas vocais de Andre, mas cai em sua parte final em melodias pretensamente belas que, na verdade, soam apenas cafonas. Mesmo assim, a faixa acaba se destacando, com uma excelente performance dos músicos, principalmente Tolkki, que ratifica o seu status de guitar hero com louvor.

O início acústico de “Alayna” dá uma acalmada nos ânimos, e a faixa evolui para uma balada com bons vocais de Andre. Tolkki volta ao comando em “Forevermore”, uma das melhores músicas de In Paradisum, com tudo aquilo que irá empolgar os fãs: riffs de guitarras rápidos, excelentes linhas vocais de Andre Matos – aliás, o bom gosto do vocalista nessa faixa é digno de nota – e cozinha mandando ver na melhor tradição do metal melódico. Destaque para a passagem onde o teclado de Härkin toma à frente, que, apesar de breve, é bem interessante.

“Pilgrim Road” é uma boa faixa, grudenta e empolgante, daquelas que, ao ouvir, a gente imagina o público pulando e cantando junto nos shows. A épica faixa-título, com mais nove minutos, apresenta influências do Avantasia, notadamente de The Metal Opera II (2002), e também de Infinite, álbum lançado pelo Stratovarius em 2000.

“Rhapsody in Black” tem um bom riff de Tolkki e um andamento interessante, enquanto “I Walk in Neon” agrada na primeira audição. O play fecha com “Don´t Let Me Go”, composição contemplativa perfeita para o encerramento do trabalho.

Em suma, In Paradisum é um disco deslocado no tempo. Se fosse lançado na época em que o heavy metal melódico dava as cartas no cenário, talvez hoje ostentasse o status de clássico. Atualmente, agradará apenas aqueles saudosos fãs do estilo – e, é claro, os devotos de Andre Matos e do Stratovarius. Um bom disco, feito claramente por quem entende e domina o gênero, mas que veio ao mundo na época errada, o que o faz soar fora de contexto.

Resumindo: o metal melódico se desgastou muito com a megaexposição que sofreu nos anos noventa, fazendo com que quem curtia o gênero migrasse para outras ramificações do heavy metal. Ou seja, a parcela de público do estilo atualmente é radicalmente menor àquela de quando ele estava no auge, fazendo com que o ouvinte potencial do Symfonia seja reduzido. Mas, mesmo assim, um fato é inegável: quem ainda mantém aceso o interesse pelo estilo irá curtir In Paradisum sem muito esforço. Se você faz parte desse grupo, compre já o seu!


Faixas:
1 Fields of Avalon 5:09
2 Come by the Hills 5:01
3 Santiago 5:54
4 Alayna 6:17
5 Forevermore 5:32
6 Pilgrim Road 3:57
7 In Paradisum 9:36
8 Rhapsody in Black 4:34
9 I Walk in Neon 5:45
10 Don't Let Me Go 3:57

Comentários

  1. FALA SERIO, O ALBUM BEIRA A MONOTONIA, É HATO AS VEZES, E MUITO REPETITIVO, PARECE COM MUITAS OUTRAS COISAS JA LANÇADAS, NÃO VI NADA DE NOVO, NÃO CONSEGUI ESCUTAR MUITAS VEZES NÃO, INFELIZMENTE, TENTAREI DE NOVO PRA VER SE MEU PONTO DE VISTA MUDA.

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  2. Ralf, em nenhum momento eu disse que o álbum tem algo de novo. Se você ler novamente, perceberá que eu disse que falta inspiração e energia nos discos, e que isso faz uma baita diferença.

    Tanto que a nota que dei para ele é mediana, equivalente a, no máximo, um 7.

    Abraço.

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  3. Timo Tolkki é o rei da previsibilidade. Esse disco é a coisa mais previsivel que eu já pude escutar...dá pra "cantar" cada refrão antes mesmo de ele acontecer...rs
    Uma pena, pois o line up prometia.

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  4. Quer dizer que o Symfonia é um Stratovarious com os vocais do André? se isso for verdade eu vou ficar um pouco decepcionado.

    Esperava que André Matos ajudasse mais nas composições da banda, mas parece que ele só seguiu o que o Timo Tolkki mandava.

    De qualquer maneira eu vou curtir muito esse disco.

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  5. TIMMO TOLKKI É UM CARA INCOMPREENDIDO...
    NA MINHA OPINIÃO VCS ESTÃO KERENDO DAR UMA DE INTELECTUAIS...
    PQ NUM CURTEM O SOM E CALEM A BOCA!
    COMENTARIOS ESTUPIDOS NÃO TEM NADA DE ROCK N ROLL...
    AKELES Q NAUM CURTIRAM É SÓ NAUM OUVIR , SIMPLES...
    ULTIMAMENTE SÓ OUVIMOS POLUIÇÃO SONORA Q NEM DA PRA CHAMAR DE MUSICA , POR EXEMPLO EMOCORE, PARANGOLÉ, FUNK... ENTAO NAO VENHAM DIZER Q SYMFONIA É MONOTONO!

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  6. Gostaria de saber onde aqui está o comentário estúpido. O pessoal que frequenta esse blog costuma ser até bem ponderado pois são muito bem esclarecidos musicalmente. Todos aqui, incluindo o autor da resenha apenas expressam suas opiniões.
    Abraço

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  7. Leonardo, o comentário estúpido é o seguinte: como eu não disse que o disco é ótimo, eu não entendo nada de rock e muito menos de heavy metal. É isso que o teu xará está querendo dizer, saca?

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  8. O miguxês emístico em que o cidadão escreve é algo destacável. Ao menos agora sabemos que o Parangolê faz sucesso porque o Cadão não elogiou o Symfonia.

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  9. E olha que o Ricardo na maior parte da resenha falou bem do disco.

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  10. É incrível como a voz do Andre Matos parece a do Tobias Sammet em Fields Of Avalon! E a música ainda lembra Shelter From The Rain do Avantasia!
    O Ricardo disse tudo quando falou que você já ouviu dezenas de vezes Huahuahauhah

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