Black Country Communion: review do álbum '2' (2011)!


Por João Renato Alves

Cotação: ****1/2

A fórmula deu tão certo em sua primeira tentativa que o Black Country Communion não demorou a repetir a dose. E essa é a real sensação que temos. Sendo assim, quem gostou do debut pode conferir o segundo álbum sem hesitar. Glenn Hughes continua sendo o fio condutor de todo o processo. E o principal: segue cantando muito! Os outros três integrantes não ficam atrás, especialmente Joe Bonamassa, que parece ter encontrado uma variação maior de timbres, explorando a pegada rocker com mais segurança. Derek Sherinian aparece um pouco mais e Jason Bonham mostra mais uma vez que é de linhagem superior. A grande vantagem de 2 em relação a seu antecessor fica por conta do maior número de melodias grudentas, o que é um fator decisivo.

Para abrir com gás total, “The Outsider”, verdadeira paulada nas fuças alheias, com Glenn lembrando que não apenas é "A" voz, mas um baixista de técnica invejável, com seu instrumento pulsando nos alto-falantes. E tome hard rock mesclando peso e groove em “Man in the Middle”, para ouvir acompanhando a fenomenal pegada de Bonham, que segue ditando o ritmo em “I Can See Your Spirit”, sonzeira com a marca de quem conhece o caminho. Um clima acústico pontuado por um Hammond marca “The Battle for Hadrian's Wall”, com DNA 'zeppeliniano' (vai remeter a vários momentos da terceira obra-prima) e belo jogo de vozes.

Falando no veículo voador de chumbo, “Save Me” é uma faixa que Jason declarou ter composto na época da reunião com os ex-parceiros de seu pai. E ela traz uma interessante batida funkeada misturada com aquelas passagens orquestradas que John Paul Jones tanto gosta. Sete minutos do mais puro deleite para os saudosistas! “Smokestack Woman” é rock and roll com cara da melhor safra, em um clima garageiro anos 1960. A calmaria aparece em “Faithless”, som que começa de maneira mais branda e vai crescendo aos poucos, muito graças a sua interpretação dramática na medida certa.

A mais longa de todas é “An Ordinary Son”, faltando um segundo para cravar os oito minutos. Por conta disso, espere variações de andamento, o que dá um sabor todo especial, especialmente nas passagens mais agitadas. E a emoção pega pra valer em “Little Secret”, um fantástico blues carregado de emoção, cantado por Hughes com coração e alma. “Crossfire” deixa no ar aquela impressão de rock estradeiro, com os vocais mais orgânicos e o balanço rítmico de primeira. A já conhecida “Cold”, que Glenn Hughes executou recentemente em formato acústico, fecha o trabalho. Ouvi-la sendo executada pela banda inteira afirma ainda mais sua força, mas ao mesmo tempo soa como uma música totalmente diferente, com um toque mais progressivo em sua estrutura.

Se ainda havia alguma dúvida sobre o poder de fogo do Black Country Communion, ela está definitivamente encerrada. Adeptos de um som menos complexo podem sentir o mesmo estranhamento sentido no debut, mas não dá para negar que já se trata de um dos maiores supergrupos da história do rock. Que ainda nos ofereçam muitas e muitas obras como essa.


Faoxas:
1 The Outsider
2 Man in the Middle
3 I Can See Your Spirit
4 The Battle for Hadrian's Wall
5 Save Me
6 Cold
7 Smokestack Woman
8 Faithless
9 An Ordinary Son
10 Little Secret
11 Crossfire
12 Crawl


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