Cinco discos para conhecer Ronnie James Dio!


Por João Renato Alves

E um ano já se passou. Parece que foi ontem, mas Ronnie James Dio se foi há exato um ano. O importante é que sua obra sobrevive e perdurará por todas as gerações futuras. Por isso, ao fazer esse post, decidi pegar um álbum de cada fase de sua carreira e um especial.

Tudo que ele fez é recomendável. Mas esses são um bom início para quem ainda vai conhecer a obra inigualável do maior baixinho do mundo.

Elf – Carolina County Ball (1974)

Lançado nos Estados Unidos com o nome da segunda faixa ao invés da primeira, Carolina County Ball mostra o Elf em sua essência. E o blues / hard rock do grupo certamente justifica o motivo de ter chamado tanto a atenção de Ritchie Blackmore, a ponto de ter convidado todos os músicos – com exceção óbvia ao guitarrista Steve Edwards – para integrar o Rainbow. Dio, com toda sua jovialidade, comandava os vocais com maestria, enquanto a banda se esmera em mostrar a competência de quem já tinha a experiência necessária para mostrar seu talento.

Para quem está acostumado com o lado mais pesado da personalidade musical de Ronnie, pode soar um pouco estranho a princípio. Mas o bom gosto se impõe em canções como a faixa-título, “L.A. 59”, “Rocking Chair Rock ‘n’ Roll Blues” e a primeira de várias com “Rainbow” em seu conteúdo.

Infelizmente, para se tornar conhecido, o Elf precisou morrer. Mas seu legado é mais que digno, e merece ser conferido por todos os admiradores de um bom rock mesclado a altas doses de alma blueseira.

Rainbow – Rising (1976)

Poucas bandas realmente podem se orgulhar em ter mudado algo no mundo da música, mais especificamente do rock. E o Rainbow é, certamente, uma delas. A consumação definitiva desse caráter veio com o segundo álbum. Estabelecido com uma nova formação, o grupo deixava de ser um projeto de Ritchie Blackmore – embora ele ainda fosse a figura central – para se tornar um conjunto com vida própria. Sob a batuta do mago Martin Birch, o quinteto comete o fantástico Rising, uma das maiores obras da história do rock, considerado pela conceituada publicação Kerrang o maior disco de todos os tempos.

Muitos elementos que seriam utilizados à exaustão pelas gerações posteriores podem ser encontrados aqui. Mas nenhum tão significativo quanto a junção com a Orquestra Filarmônica de Munique em “Stargazer”, uma das maiores músicas já escritas. No mais, porradas certeiras como “Tarot Woman”, “Starstruck” e “Do You Close Your Eyes?” mostravam que Blackmore estava acompanhado de uma formação boa o suficiente para honrar seu passado.

Rising atingiu o número 48 na parada da Billboard, além da sexta posição no Reino Unido.

Black Sabbath – Heaven and Hell (1980)

Independente de preferências pessoais, uma coisa não dá para negar: Dio teve muito peito para encarar essa situação. Afinal de contas, não é para qualquer um substituir uma lenda – e a despeito de questões técnicas e comparações, Ozzy Osbourne é, SIM, uma das figuras mais importantes do rock. Mas para quem já tinha, mesmo que indiretamente, ocupado um espaço que foi de David Coverdale e Ian Gillan, poderia ser mais fácil. Tony Iommi e Geezer Butler também tinham isso em mente e acertaram em cheio ao aceitar a sugestão de Sharon Arden, futura senhora Osbourne. Ronnie tomou conta do terreno e impôs seu estilo.

Ainda com Bill Ward segurando as baquetas, Heaven and Hell mostra um Black Sabbath revigorado, com claras diferenças ao estilo que os consagrou. Mas qualquer desconfiança sucumbe diante de hinos sagrados como “Neon Knights”, a espetacular “Children of the Sea” e a mais que empolgante “Die Young”, clássicos absolutos da música pesada. Quanto à faixa-título, nenhuma palavra que usássemos para definir seria suficiente.

Com esse disco, o Black Sabbath repetiu o raro feito do Deep Purple e colocou outra formação em condições de rivalizar com aquela que é tida como clássica pela maioria dos fãs. Não à toa, o próprio Ronnie sempre fez questão de declarar que esse é seu álbum preferido entre os que gravou.

Dio – Holy Diver (1983)

Medir forças com os chefões não poderia acabar bem. E foi o que o tempo de convivência com Iommi e Butler ofereceu. Era hora de Dio sair do papel de substituto e começar seu próprio trabalho, sem dar satisfações a mais ninguém. Para isso, levou o baterista Vinnie Appice a tiracolo e chamou o velho parceiro Jimmy Bain para ocupar o posto de baixista. Para completar o line-up, após um período com Jake E. Lee, encontrou um jovem guitarrista irlandês chamado Vivian Campbell, que se revelaria uma descoberta e tanto, apesar das desavenças que viriam no pacote. Com essa formação, lançou Holy Diver.

E não poderia haver melhor maneira de começar essa fase. Clássico do início ao fim, o álbum envolve, tornando quase impossível a missão de citar destaques. Os grandes sucessos comerciais foram a faixa-título e “Rainbow in the Dark”, com seu teclado inconfundível. Mas outras pedradas, como “Stand Up and Shout”, “Don’t Talk to Strangers” e “Straight Through the Heart” nunca mais saíram dos setlists de shows do baixinho.

A capa, uma das mais bonitas já feitas no heavy metal, causou polêmica, com o mascote Murray aparentemente matando um sacerdote. Um clássico em toda sua concepção!

Hear'n Aid – Stars (1985)

A grandeza de um homem não está em sua altura (até porque se fosse assim, Ronnie estaria ferrado), mas em seus atos. Inspirados pelos projetos USA For Africa e Band-Aid, Vivian Campbell e Jimmy Bain levaram a ideia para Dio de uma empreitada nos mesmos moldes, reunindo grandes figuras do hard rock e do heavy metal da época. Toda a arrecadação seria destinada ao combate à fome dos africanos. A renda ultrapassou a casa do milhão de dólares nas vendas do álbum completo, singles, vídeos, camisetas e outros produtos relacionados.

A faixa “Stars” se tornou clássico instantâneo, trazendo várias das grandes vozes da cena se revezando nos vocais, enquanto músicos de primeira linha se alternavam no instrumental. Completando a festa, bandas como Kiss, Motörhead, Rush e Accept ofereceram seus sons gratuitamente para a compilação, que atingiu o número 26 na parada britânica.

O Hear ‘n Aid se tornou referência histórica para futuros projetos beneficentes na cena da música pesada. Tudo graças ao esforço de Ronnie James Dio e seus incansáveis asseclas.

Comentários

  1. Valeu pelas dicas, Ricardo.

    Eu já estava querendo conhecer a obra do Dio e seu post veio bem a calhar. O que achei mais legal foi o disco do Elf. Vou procurar outras coisas dessa época.

    Grande abraço.

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  2. Muitas saudades do mestre Dio!
    Quanto à lista, só achei que o Dehumanizer poderia ter entrado no lugar do Hear 'N' Aid.

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