Minha Coleção – Paulo Biggers: uma coleção com 500 discos do AC/DC!


Por Ricardo Seelig

O AC/DC é uma das bandas mais populares entre os fãs de rock no Brasil. Desde a primeira passagem do grupo dos irmãos Young por aqui, em 1985, no primeiro Rock in Rio, o AC/DC conquistou o coração de milhares de fãs em todos os cantos do nosso país. Das grandes capitais às cidades do interior, de jovens que estão descobrindo o rock a pais de família, a paixão pela banda não conhece limites nem fronteiras!

Por isso, esta edição do Minha Coleção é dedicada a todos os nossos leitores fãs do AC/DC. Batemos um papo com Paulo Biggers, colecionador da banda, que nos apresentou a sua coleção e contou o quanto é aficcionado pelo grupo.

Acomode-se na cadeira, aumente o volume e 'let there be rock'!



Paulo, em primeiro lugar, apresente-se aos nossos leitores: quem você é e o que você faz?

Meu nome é Paulo Biggers e tenho 42 anos. Nasci em Brasília, sou formado em Administração de Empresas e trabalho como consultor financeiro.

Qual foi o seu primeiro disco?

Quando tinha 13 anos estudava no colégio Mackenzie, e, junto com amigos, já escutavamos Iron Maiden, Judas Priest, AC/DC, entre outras bandas. Começamos então a frequentar a Galeria do Rock para conhecermos outras bandas e compra discos. Foi nessa época que comprei o meu primeiro disco, o Highway to Hell, na Galeria.

Você ainda tem esse álbum na sua coleção?

Infelizmente não, com o tempo fui trocando os LPs por CDs.

Você lembra o que sentiu ao adquirir o seu primeiro LP?

Naquela época era uma sensação de ser diferente de tudo que as pessoas mais velhas escutavam, era uma verdadeira rebeldia.

Porque você começou a colecionar discos, e com que idade você iniciou a sua coleção?

Bom, meu primeiro LP comprei aos 13 anos, justamente naquele impulso de ouvir rock com os amigos. Fui colecionando até o meados dos anos 80, quando começaram a surgir os CDs, então comecei a fazer esta troca, o que até hoje lamento.

Teve algum momento, algum fato na sua vida, que marcou essa mudança de ouvinte normal de música para um colecionador?

Acho que isto é muito pessoal, você começa sendo ouvinte, se interessa pelas bandas, compra mais discos, revistas, livros, vídeos, frequenta shows, vai se interessando cada vez mais e se depara com uma coleção que não tem fim. As esposas adoram! (risos)

Alguém da sua família, ou um amigo, o influenciou para que você se transformasse em um colecionador?

Meu pai é um colecionador nato, faz parte do meu DNA.

Inicialmente, qual era o seu interesse pela música?

Gostava da bateria, da força da batida.

De que gêneros você curtia?

Rock puro, depois mais agressivo, heavy metal, passando pelo progressivo e até punk.

O que o atraía na música?

Sempre gostei de música, acho que ela une as pessoas. Não há cultura, idioma, barreiras que impessam que as pessoas escutem, gostem, discutam e amem a música

Quantos discos você tem?

Aproximadamente 3 mil, sendo 2.000 CDs e 1.000 LPs.

Quantos são do AC/DC?

Quinhentos.

Além de material do AC/DC, você coleciona itens de outros artistas?

Sim, tenho algumas raridades de bandas dos anos 60 até meados de 70. Gosto muito de grupos como Jefferson Airplane, Byrds, Creedence, The Who, Hendrix, Janis Joplin, Black Sabbath, Ozzy, Iron Miaden, Motörhead.

Qual gênero musical domina a sua coleção? E, atualmente, que estilo é o seu preferido? Essa preferência variou ao longo dos anos, ou sempre permaneceu a mesma?

Continua sendo o velho e bom rock and roll. Mas variou. Passei por um momento - dos 16 aos 22 anos - onde gostava muito de Bauhaus, The Cure, Joy Division, inclusive ainda tenho algumas raridades.


Vinil ou CD? Quais os pontos fortes de cada formato, para você?

Tenho uns 2 mil CDs ainda, mas parei de comprar fazem mais de dez anos e voltei para o vinil. Se tiver um bom aparelho, prefiro o vinil. Você ainda tem o prazer e a nostalgia de segurar a capa, curtir os desenhos, as fotos. O que me atrai muito é o label do disco, da gravadora, do país em que ele foi impresso. Coleciono muito isso.

Existe algum instrumento musical específico que o atrai quando você ouve música?

Bateria, sem dúvida.

Qual foi o lugar mais estranho onde você comprou discos?

Num porão no centro de Londres. Os caras tinham uma loja de discos espetacular com raridades extremas. No pescoço, passeavam com seus ratos de estimação.

Qual foi a melhor loja de discos que você já conheceu?

A Tower Records em Nova York e a Virgin nos EUA. Em Londres há muitas feiras aos domingos, com raridades incríveis.

Conte-me uma história triste na sua vida de colecionador.

Não há nada muito triste, só ter trocado cedo demais alguns LPs por CDs.

Como você organiza a sua coleção? Dê uma dica útil de como guardar a coleção para os nossos leitores.

Tenho um quarto e comprei engradados como aqueles de açougueiro. Coloco então eles em posição vertical, bem alinhados para não empenarem. Dentro do quarto há também potes com bicarbonato de sódio, que tira toda a humidade do ar, não deixando os discos criarem mofo.

Quando compro um determinado LP, lavo bem com água e sabão neutro e depois seco com algodão, e o selo seco com secador de cabelo. Ficam novos!

Faço também uma lista usando Excel com o nome do álbum, a data em que ele foi prensado, país de origem, dados que ficam impressos depois da última música e que foram gravados pela gravadora - isto seria o RG do disco. Procuro comprar, sempre que consigo, as primeiras matrizes A1/B1.

Além da música, que outros fatores o atraem em um disco?

Como mencionei, o selo, vinis de diferentes cores e os países de impressão. A capa tambem é essencial, já que, em muitos casos, muda de país para país.


Quais são os itens mais raros da sua coleção?

Tenho alguns discos do AC/DC que tiveram tiragens muito reduzidas, entre 100 e 500 unidades – ou seja, são realmente raros! Tem também a guitarra Gibson do Angus 2001, vídeo em VHS Let There Be Rock com autógrafo assinatura do Angus e muitos recortes de jornais da época entre 1975 e 1979. Minha coleção de ACDC começa com o eterno Bon Scott e acaba com a morte dele.

Você tem ciúmes da sua coleção?

Cuido muito bem. Depois da família é o que tenho mais ciúmes.

Quando você está em uma loja procurando discos, você tem algum método específico de pesquisa, alguma mania, na hora de comprar novos itens para a sua coleção?

Tenho na minha mente o que me falta, mas aqui no Brasil dificilmente se acha algo diferente, então compro em leilões ou trago de fora.

O que significa ser um colecionador de discos?

Ser um amante da música, onde você praticamente faz parte da banda quando você ouve o disco.

O que mudou da época em que você começou a comprar discos para os dias de hoje, onde as lojas de discos estão em extinção? Do que você sente saudade?

Esta pergunta é complicada, pois agora as gravadoras estão relançando o vinil, mas para mim não é a mesma coisa, os discos estão mais pesados e gravados digitalmente. A nostalgia desapareceu! Por esta razão, há grupos que vendem ou trocam discos uns com os outros, ou você acaba comprando em sebos ou pela internet.

Paulo, porque você decidiu colecionar apenas itens do AC/DC?

Sempre gostei do balanço, do ritmo, do rock simples de se compreender da banda. Do jeito rebelde de Angus e da presença de palco de Bon.

Você não tem interesse em iniciar coleções de outros artistas?

Claro, como comentei anteriormente, coleciono muitas outras bandas, mas o ACDC conheço mais a fundo.


Porque você só coleciona itens do AC/DC com Bon Scott, visto que o auge comercial da banda se deu depois de sua morte? Acha que o AC/DC com Brian Johnson não vale a pena? Isso não é um preconceito, já que o grupo tem excelentes discos com Brian, como Back in Black, For Those About to Rock (We Salute You), Stiff Upper Lip e Black Ice? Gostaria de entender essa sua decisão.

Você tem razão, só o Back in Black vendeu aproximadamente 45 milhões de cópias, num total geral de cerca de 150 milhões de discos vendidos – praticamente 1/3 de todos os álbuns vendidos pelo AC/DC em sua carreira. Acho que o Bon era único como artista, com uma voz ímpar. Sua interação com Angus e o restante da banda eram únicos. Lendo a biografia da banda escrita pela Susan Masino, que acompanha o AC/DC desde os primórdios, você percebe claramente isso na maneira como ela descreve a banda na época em que Bon estava vivo.

Já que você coleciona apenas itens do AC/DC, imagino que, para um novo item entrar na sua coleção, ele tem que ter algum diferencial, correto? Então, o que o leva a adquirir um novo item para a sua coleção?

Corretíssimo! Uma tiragem limitada ou um autógrafo na capa, por exemplo.

Você tem muitas versões diferentes dos mesmos álbuns em sua coleção. Quais são as suas preferidas?

Tiragens de muitos países. Procuro as primeiras tiragens de cada país, como Espanha, Itália, UK, EUA, Japão.

O que o AC/DC siginifica para você?

Rock simples e gostoso de ouvir a qualquer hora!

Você só ouve AC/DC ou rolam outros sons por aí?

Muitos outros: Black Sabbath, Ozzy, Maiden, Doors, Creedende, Who, ...

Qual é o melhor álbum do AC/DC? E o pior?

Para mim, o melhor é Highway to Hell. Depois que Bon morreu não comprei nem coleciono os com o Brian nos vocais, mesmo assim tenho o For Those About to Rock em uma tiragem bem limitada espanhola e o Back in Black também espanhol. Acho que os mais recentes tem letras muito menos elaboradas.


Você tem até uma guitarra do Angus Young! Como rolou isso?

Comprei em um leilão nos EUA, e foi bem disputado. Ela vem completa, com case e capa com o desenho capetinha do Angus. A guitarra possui no braço o desenho do Angus em forma de capetinha e no corpo, no metal, o seu nome. O ano é de 2001, cor cherry Gibson Les Paul. Além desta, tenho uma do Tony Iommi.

O que você acha desse papo de que música boa só existiu nos anos 1960 e 1970, e de que hoje não se faz música de qualidade?

Acho que aquela época foi de muita criação. Um dos motivos talvez tenha sido a Guerra do Vietnã, e também a transição cultural dos nossos avós para os nosso pais - um choque cultural enorme, com os Beatles liderando essa mudança.

Qual é o melhor disco de 2011, até o momento?

Gosto do Motörhead, The World is Yours.

Paulo, muito obrigado pelo papo. Pra fechar, o que você está ouvindo e recomenda aos nossos leitores?

Continuo ouvindo os anos 70 e pouco do começo dos 80. Continuo com Black Sabbath, Led Zeppelin, The Who, Hendrix. Its only rock and roll!!!

Comentários

  1. Tamanha aficção por uma única banda é o sonho de consumidor para qualquer gravadora.

    ResponderExcluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Você pode, e deve, manifestar a sua opinião nos comentários. O debate com os leitores, a troca de ideias entre quem escreve e lê, é que torna o nosso trabalho gratificante e recompensador. Porém, assim como respeitamos opiniões diferentes, é vital que você respeite os pensamentos diferentes dos seus.