Morbid Angel: review do álbum 'Illud Divinum Insanus' (2011)!



Por Ricardo Seelig


Nota: 4


O anúncio de que o Morbid Angel estava gravando um novo álbum, o primeiro a contar com os vocais de David Vincent em mais de dez anos, naturalmente causou uma expectativa gigantesca. Afinal, estamos falando de uma das principais bandas da história do death metal, um grupo que ditou várias das regras do som extremo durante anos, influenciando enormemente o heavy metal.


Mas bastou Illud Divinum Insanus, novo disco dos caras, vazar e cair na rede para que uma avalanche de reações negativas invadisse sites, fóruns e todo e qualquer lugar frequentado por headbangers. A pergunta que se faz, logicamente, é a seguinte: o novo álbum do Morbid Angel é de fato tão ruim assim? Infelizmente, a resposta é sim.


Ao contrário da maioria dos fãs de metal, vejo com bons olhos a inserção de novos elementos na tradicional e fechadíssima estrutura do estilo. O fato é que fazer isso com qualidade é para poucos, muito poucos. A questão nesse novo álbum do Morbid Angel vai além da inserção das batidas eletrônicas e elementos industriais que desagradaram imediatamente os fãs. O fato é que, de uma maneira geral, não temos boa música em Illud Divinum Insanus, independente de qual gênero ela se enquadre.


O álbum varia entre dois lados bem contrastantes. Em um deles temos composições com as já citadas influências industriais e batidas eletrônicas, e do outro faixas mais tradicionais, dentro da estrutura do death metal. O principal problema é que, em ambos, as canções são, no geral, muito fracas. As faixas mais metal soam, em sua maioria, apenas genéricas, o que é inadmissível para uma banda com a história e importância do Morbid Angel.


Essa alternância entre sonoridades tão diferentes entre si parece refletir duas visões distintas dentro do grupo, e provavelmente elas vem do baixista e vocalista David Vincent e do guitarrista Trey Azagthoth, indiscutivelmente as mentes criativas por trás do som do Morbid Angel. O que transparece é que os caras se reuniram apenas pela grana que isso geraria, e que atualmente não possuem a afinidade artística que tiveram no passado, com cada um querendo trilhar um caminho próprio. Resta saber qual prefere o que.


Há também em Illud Divinum Insanus uma desnecessária auto-referência ao próprio passado, como se a banda quisesse reafirmar a sua importância para os fãs. Faixas como “Too Extreme”, “Profundis – Mea Culpa” e “I am Morbid” são exemplos disso, e soam meio forçadas.


Ainda que seja um disco decepcionante de maneira geral e com composições que variam entre o fraco e o mediano, Illud Divinum Insanus tem alguns bons momentos, como “Blades for BAAL”, “10 More Dead” e “Beauty Meets Beast”, todas com uma pegada bem metal, não soando estranhas aos ouvidos mais tradicionais. Mas, ironicamente, a faixa mais forte do álbum é “Radikult”, repleta de batidas eletrônicas e onde o grupo soa como um cruzamento de Rammstein com Slipknot. Bem superior às demais músicas, “Radikult” não tem nada a ver com o que o Morbid Angel fez antes em sua carreira, contrastando violentamente com o death metal que consagrou a banda.


Concluindo, as reações negativas a Illud Divinum Insanus são completamente justificáveis. O álbum é fraco, muito abaixo do que o Morbid Angel já provou ser capaz de fazer. Como já disse antes, o problema não está no fato de a banda ter inovado e experimentado novas sonoridades, mas sim em não ter acertado a mão na maioria das faixas, que, seja lá em que estilo possam ser classificadas, são no geral fracas, constrangedoras e derivativas. E isso, para uma banda com o background do Morbid Angel, é inaceitável.




Faixas:
1 Omni Potens
2 Too Extreme!
3 Existo Vulgoré
4 Blades for Baal
5 I Am Morbid
6 10 More Dead
7 Destructos vs. the Earth / Attack
8 Nevermore
9 Beauty Meets Beast
10 Radikult
11 Profundis - Mea Culpa

Comentários

  1. Estou escutando, escutando novamente, e de novo... tenho total consciência que se trata de um disco menor na carreira dessa que é uma das melhores e mais importantes bandas da história do metal extremo, mas não vejo toda essa ruindade que anda sendo expressa por aí. É complicado, pois em meio a críticas com embasamento, parece que há gente pegando carona nessa onda de bater no Morbid Angel e repetindo opiniões genéricas. Achei interessante sua citação a "Radikult" como favorita, pois ela tem sido justamente o alvo mais habitual das críticas.

    Sei lá, mas eu acho que ainda vou escrever sobre esse álbum em uma certa coluna por aí...

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  2. Diogo, obrigado pelo comentário. Escrever sobre esse disco é difícil, e elogiar algo nele é pedir para levar pedrada dos fãs mais radicais, tenho plena consciência. Realmente tem gente pegando carona na onda de falar mal do Morbid Angel, com a resenha que está no Whiplash, que só fala mal e pronto. Para mim, como disse no review, o problema principal está no fato de as músicas serem, no geral, fracas, independente do estilo que elas sigam.

    Quero ler o seu review sobre o disco pra ver o que você achou dele.

    Abraço.

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  3. Esse disco é muito estranho. E nem era dificil agradar os fãs, tudo que eles precisavam fazer para agradar os fãs e a mim era um bom disco de Death Metal.

    Igual ao que o Deicide fez. A nota nem me surpreendeu, músicas como Too Extreme, Iam Morbid, Destructos Vs. the Earth Attack
    e outras deviam ser banidas da história dessa grande banda.

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  4. Não acredito que agradar os fãs sempre foi algo levado em alta conta por Trey Azagthoth. O cara parece sempre fazer o que bem entende, por mais que sejam coisas difíceis de se digerir, vide o trabalho do Morbid Angel em meados dos anos 90. A banda nunca se repetiu, por mais que muitos quisessem um "Altars of Madness parte II". Eu admiro o Trey por isso. Gostar ou não do resultado já é outra coisa.

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  5. concordo, gostar ou não é questão pessoal, mas que é muito legal quando uma banda sai da sua zona de conforto e ousa, sem duvida, a cena fica muito mais rica quando voce não sabe exatamente o que ocorrerá num próximo lançamento.respeito muito qualquer tentativa de romper padrões, e tenho até mania de gostar de albuns malditos, os perdidos na discografia...pena esse álbum não entrar nesse meu " hall"

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