Alice Cooper: crítica do álbum 'Welcome 2 My Nightmare' (2011)



Por Fabiano Negri

Nota: 7,5

Alice Cooper é um artista que dispensa apresentações. Chocou o mundo nos anos 1970, sofreu com o declínio artístico e pessoal durante os anos oitenta, voltou a encontrar o sucesso no final da mesma década com o platinado Trash (1989) e depois disso estacionou o carro, gravando e fazendo tours para os fãs sem emplacar um trabalho que o colocasse em evidência.

Após o bom Along Came a Spider (2008), Alice, que a princípio pensava em fazer uma continuação para o disco, resolveu reviver o pesadelo que o assolou em 1975 e deu origem a uma das obras mais emblemáticas e inspiradas daquela década, Welcome to My Nightmare, seu primeiro álbum fora do Alice Cooper Group.

Pois é, Alice se cercou de vários de seus antigos comparsas. Bob Ezrin na produção, os colegas do ACG Michael Bruce (guitarra), Dennis Dunaway (baixo) e Neil Smith (bateria), mais Steve Hunter e Dick Wagner, guitarristas que estiveram no álbum original, além de uma grande lista de convidados.

A comparação entre as duas obras é inevitável, e é aí que mora o perigo. Welcome 2 My Nightmare, apesar de contar com ótimos momentos, não possui o mesmo brilho da primeira parte, incluindo ainda alguns momentos de saia justa. A abertura fica por conta da balada “I Am Made of You”, que usa citações ao piano da clássica “Steven” durante toda sua estrutura. Apesar do susto pelo pavoroso efeito do Auto-Tune – que deixa a voz robótica e é bastante utilizado por pseudo cantores de dance music -, a faixa não faz feio, com uma boa dose de dramaticidade e um ótimo refrão.

O clima esquenta na excelente “Caffeine”, um hard rock de primeira linha que faz o disco, e as expectativas, crescerem em doses cavalares! “The Nightmare Returns” é uma pequena ponte para a melhor faixa do álbum, “A Runaway Train”. Não à toa, toda a banda original – menos o falecido guitarrista Glen Buxton – participa da música, e soa exatamente como nos anos setenta. Uma contagiante base acelerada, com um trabalho impecável de todos os envolvidos, coloca o ouvinte em contato com o que de melhor foi feito na década mais frutífera para o rock em todos os tempos.

Numa clara referência à “Some Folks” do primeiro volume, “Last Man on Earth” segura a onda, mesmo não possuindo o brilhantismo de sua inspiração. Com uma melodia bem ao estilo de Ozzy Osbourne, “The Congregation” traz outro bom momento.

Todo fã deve ter ficado feliz em ouvir uma faixa tão 'roots' quanto “I'll Bite Your Face Off”. Totalmente Rolling Stones, mostra o grande cantor que o mestre Alice continua sendo, e como a simplicidade é a chave para fazer uma boa música nesse estilo. Adivinhem quem toca nela novamente?

Infelizmente, a partir desse momento o caldo dá uma entornada. Apesar de fazer parte do contexto, a dançante “Disco Bloodbath Boogie Fever” é uma audição sofrida, com uma melodia previsível e andamento cansativo. No final temos uma mudança interessante com um bom solo de John 5, mas que não salva a laboura. “Ghouls Gone Wild” traz uma melodia meio “My Generation”, mas com uma produção e um refrão irritantes, que chegam a lembrar esse rock adolescente praticado por nomes como Avril Lavigne. Daí não dá, né?

A tradicional balada está bem representada em “Something to Remember Me By”, com uma bela melodia e um ótimo solo de guitarra, com um timbre fantástico! “When Hell Comes Home” conta com a última participação do Alice Cooper Group em mais uma excelente composição. Porque Alice não gravou o álbum inteiro com seus antigos companheiros? Teria sido um clássico! Com clima tenso e a sempre certeira e caótica interpretação do mestre do horror, é um dos pontos altos do disco.

“What Baby Wants” é uma faixa comercial no pior sentido do termo. Um momento vergonhoso na carreira de Alice Cooper e que nunca poderia estar em um trabalho que carrega um título como esse. Para piorar, conta com a participação de uma das piores aberrações produzidas nos últimos tempos, a tenebrosa Ke$ha.

Depois do susto, “I Gotta Get Outta Here” fecha o ciclo com uma pegada meio The Who – ninguém melhor do que Pete Townshend para influenciar uma ópera rock. “The Underture” é uma instrumental que conta com citações de músicas dos dois pesadelos e que deixa uma grande certeza: o original foi muito mais marcante e assustador!

Welcome 2 My Nightmare não é um esforço em vão, mas a evocação dos espíritos do passado não serviu para trazer de volta a inspiração de outrora. Quer um conselho, Titia? Reúna a banda original e grave um álbum completo. As faixas com os antigos parceiros são simplesmente brilhantes.

Uma dica: a audição do disco fica muito mais interessante com o auxílio das letras. Como sempre, a história ficou bem construída e amarrada com o tema original, e ajuda também a tirar o peso dos equívocos musicais presentes no trabalho.



Faixas:
  1. I Am Made of You
  2. Caffeine
  3. The Nightmare Returns
  4. A Runaway Train
  5. Last Man on Earth
  6. The Congregation
  7. I'll Bite Your Face Off
  8. Disco Bloodbath Boogie Fever
  9. Ghouls Gone Wild
  10. Something to Remember Me By
  11. When Hell Comes Home
  12. What Baby Wants
  13. I Gotta Get Outta Here
  14. The Underture

Comentários

  1. Kkkkkkk o cara que redigiu essa matéria não conhece a discografia do Alice. Ele fale que cooper passou os anos 90 sem chamar atenção kkkkk e os fabulosos e elogiadissimos Constrictor, raised your fist e Hey stupid????? Kkkkk cara quer pagar uma de crítico descolado e nem conhece a discografia do artista.

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