Beth Hart & Joe Bonamassa: crítica do álbum 'Don't Explain' (2011)



Nota: 9

Despretencioso e carregado de sentimento, Don't Explain, álbum da parceria entre a cantora Beth Hart e o guitarrista Joe Bonamassa, é um disco especial. Dono de uma beleza inebriante, é daqueles discos que, mesmo não ostentando o status de clássico, irão acompanhar o ouvinte por toda a vida.

Produzido por Kevin Shirley (Iron Maiden, Dream Theater, Black Country Communion) e contando com feras como o baixista Carmine Rojas e o baterista Anton Fig, Don't Explain traz dez canções que passeiam entre o soul, o blues e o jazz. Bonamassa assume um papel secundário, deixando todo o brilho para Beth Hart. Dona de uma voz poderosa e encorpada, ela é o grande destaque do álbum. A maneira como Beth canta honra as composições, todas pinçadas a dedo no vasto catálogo dos gêneros citados acima.

A abertura arrepiante com “Sinner's Prayer”, de Ray Charles, já deixa claro que estamos ouvindo um disco diferenciado, focado totalmente no prazer dos músicos e sem nenhuma aspiração comercial. A releitura cheia de malícia de “Chocolate Jesus”, de Tom Waits, é perfeita. O arranjo de “Your Heart is as Black as Night” faz com que Beth pareça uma femme fatale cantando em um cabaré esfumaçado. As cordas e a instrumentação exparsa da faixa-título fazem com que essa canção soe muito próxima do universo de Amy Winehouse, principalmente devido ao timbre e à maneira com que Hart a canta. Carregadas de bom gosto e feeling, as músicas aconchegam o ouvinte, acariciam o seu cotidiano e acalmam o coração.

Contido e econômico, Joe Bonamassa soa distante do guitar hero que marca ponto no Black Country Communion e do bluesman prodígio de sua carreira solo. Aqui, suas intervenções são discretas, cirúrgicas. As excessões, quando ocorrem, são sublimes, como nos solos de “I'd Rather Go Blind” e “I'll Take Care of You”. Outro ponto que deve ser mencionado é que Joe não canta no álbum, com exceção do dueto com Beth em “Well, Well”.

Don't Explain é um disco especial e belíssimo. Produzido com a alma, esse ingrediente cada vez mais em falta na música atual, agradará de imediato qualquer pessoa que possua um coração.

Faixas:

1. Sinner's Prayer, de Ray Charles
2. Chocolate Jesus, de Tom Waits
3. Your Hart is as Black as Night, de Melody Garbot
4. For My Friends, de Bill Withers
5. Don't Explain, de Aretha Franklin
6. I'd Rather Go Blind, de Etta James e Fleetwood Mac
7. Something's Got a Hold on Me, de Etta James
8. I'll Take Care of You, de Gil Scott-Heron
9. Well, Well, de Delaney & Bonnie
10. Ain't No Way, de Aretha Franklin

Comentários

  1. Muito bom, pela nota 9, irei comprar o disco

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  2. Muito bom. Uma pena que ele não se junte mais nos vocais, mas ok. A 3a ali é a Melody Gardot, ótima cantora, vale ir atrás e ver também a história que ela tem. Abração,

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