Iced Earth: crítica do álbum 'Dystopia' (2011)


Nota: 9

Considero Jon Schaffer um dos grandes compositores do heavy metal. O seu talento para conceber músicas memoráveis é inegável. Porém, os últimos discos do Iced Earth – Framing Armageddon (2007) e The Crucible of Man (2008), onde a banda retomou a aclamada saga iniciada no ótimo Something Wicked This Way Comes (1998) – são trabalhos apenas regulares. O motivo disso está na instabilidade interna que o grupo passou no período, trocando Tim 'Ripper' Owens pelo filho pródigo Matt Barlow. Porém, o celebrado retorno de Barlow acabou sendo mais breve que o esperado, frustrando os fãs.

Jon, um eterno guerreiro, não se abateu e saiu em busca de um novo cantor, encontrando a nova voz do Iced earth em Stu Block, da banda canadense Into Eternity. A audição de Dystopia, novo álbum do grupo, mostra que a escolha foi acertada. Block tem um timbre muito próximo ao de Barlow, e isso faz com que a transição entre um vocalista e outro seja quase imperceptível. Além disso, quando canta de forma mais aguda, a lembrança de Ripper é instantânea, agradando gregos e troianos

Mas o principal fator que chama a atenção em Dystopia é outro: a qualidade das composições. O som do Iced Earth foi construído através da união primorosa das duas principais influências de Jon Schaffer – Iron Maiden e Metallica. Foi o power metal com características thrash que fez a banda crescer assustadoramente ao longo de sua carreira, transformando-se em referência de heavy metal nos Estados Unidos e sendo amada em toda a Europa. Isso está de volta em Dystopia. O grupo soa revigorado no novo álbum, voltando a transmitir aquela paixão, aquela energia, tão característica do metal.

Um disco totalmente Iced Earth, Dystopia se equilibra entre composições mais rápidas e agressivas – como a excelente faixa-título, “Equilibrium” e a grandiosa “Tragedy and Triumph” - e outras mais calmas - “Anguish of Youth”, espécie de prima de “Melancholy (Holy Martyr)”, é um destaque imediato. O resultado final é um álbum consistente, onde nenhuma música soa desnecessária.

Se você, como eu, havia se decepcionado com os discos recentes do grupo, Dystopia soará como uma surpresa pra lá de agradável. O álbum é heavy metal até a medula, com o melhor que há no gênero: composições épicas na medida certa, refrões empolgantes, guitarras repletas de peso e melodia, ótimos vocais. Tudo está no lugar certo, em um disco que não só recoloca a carreira do Iced Earth nos trilhos como aponta para um futuro promissor.

Espero que essa formação continua junta por vários anos, porque o que se ouve em Dystopia parece ser apenas o primeiro passo de um novo capítulo na carreira do Iced Earth.


Faixas:
  1. Dystopia
  2. Anthem
  3. Boiling Pont
  4. Anguish of Youth
  5. V
  6. Dark City
  7. Equilibrium
  8. Days of Rage
  9. End of Innocence
  10. Tragedy and Triumph

Comentários

  1. Realmente esse novo trabalho da banda, ficou excelente, a banda nos provou que com todos os contratempos se mostrou capaz, e isso está presente nesse trabalho, muito legal o disco.

    Parabéns pela resenha Ricardo ficou ótima!

    ResponderExcluir
  2. Ótimo álbum e ótima resenha! Como é bom ouvir um álbum descente da banda que me apresentou a música de verdade! Sabia que o Stu ia botar pra quebrar, mas nem tanto!

    ResponderExcluir
  3. Eu considero o Framing Armaggedon um bom álbum, as composições são diversificadas e tudo o mais, soa no mesmo nível do Horror Show e Dark Saga para mim. A sensação que eu tenho quando escuto o Crucible of Man é que o álbum foi terminado às pressas. As composições possuem muitos daqueles riffs clichês, que nós compomos quando não temos uma ideia melhor, e talvez isso tenha contribuído para a qualidade inferior desse álbum em relação aos outros.

    Mas, escutando os primeiros acordes de Dystopia, eu puder constatar que tudo isso falado na resenha é realmente verdade, o Iced Earth dos velhos tempos está de volta. E para mim, Stu Block tem tudo para ser um "vocalista clássico" da banda assim como Barlow foi. Vou ficar agora no aguardo pelo lançamento do álbum no Brasil para adquiri-lo.

    ResponderExcluir
  4. Tive a mesma sensação quando ouvi esse novo album, também não gostei muitos dos dois ultimos, apesar de achar que existem algumas ótimas músicas neles como The Clouding, mas esse novo disco trouxe o Iced que todos amamos, direto, pesado, com riffs e mais riffs com a cara de Schaffer.
    Stu Block foi uma surpresa muito grande, acredito que todos estavam curiosos por que a maneira que ele canta no Into Eternity é diferente do estilo Iced Earth. John Schaffer acertou mais um vez. Futuro muito promissor pela frente!

    ResponderExcluir
  5. Estou curtindo bastante o disco e inclusive revisitando os álbuns anteriores, empolgado com o que ouvi. Parece que Jon Schaffer quis seguir passos próximos aos de Neal Schon (Journey), que escolheu um vocalista com certa semelhança com o cantor mais clássico do grupo, algo que ajuda a não descaracterizar as composições antigas executadas ao vivo. "Dark City" é minha provável favorita.

    ResponderExcluir
  6. Penso exatamente como o Digo acima. Quando comecei a escutar "Anthem" nem percebi que era outro vocalista, parecia o Barlow. O cara novo é uma mistura de Barlow com Owens!
    Por uma lado é bom, pois fica a cara do Iced Earth, mas por outro, dá a impressão que o novo vocalista não tem personalidade e está apenas tentando imitar os vocalistas anteriores, principalmente o Barlow, já que no Into Eternity ele canta bem diferente.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Você pode, e deve, manifestar a sua opinião nos comentários. O debate com os leitores, a troca de ideias entre quem escreve e lê, é que torna o nosso trabalho gratificante e recompensador. Porém, assim como respeitamos opiniões diferentes, é vital que você respeite os pensamentos diferentes dos seus.